segunda-feira, 20 de junho de 2011

Esperando pelos dezembros...

Quando eu era criança esperava ansiosamente por três datas, o meu aniversário, a Páscoa e o natal. Jesus era naturalmente um cara legal para mim, suficientemente por causa que os dois maiores feriados culminavam em datas referentes a Ele.
Eu me lembro de contar os dias para estes eventos em minha vida. Mas mesmo vivendo a expectativa destas coisas as crianças vivem seus hojes com uma maestria pedagógica para nós adultos.
Falar do passado é difícil, mas mais amedrontador para mim é olhar para o futuro.
Quem vive a espera do amanhã, está enferrujando sem perceber. Quem está diante desta realidade de esperar ansiosamente pelo sábado, esqueceu-se que existe a segunda. Quem está vivendo sob a constante angustia de alcançar dezembro ainda não compreendeu que janeiro é o recomeço de mais um ano cheio de desafios, mas de oportunidades.
O homem não deveria viver olhando para o amanhã, creditando nele a plenitude e a alegria, porque no amanha existe um depois, e esta dizima periódica só terá fim,  quando morte nos separar desta condição.

Desconfio que a incógnita do futuro gere no homem uma expectativa que o enche de adrenalina. Essa condição esvazia o presente de qualquer alegria e importância e deposita no amanhã toda a esperança da nossa felicidade.
Por isso estamos indispostos a sentirmos a felicidade que vivemos hoje, a saúde que desfrutamos agora, o trabalho que realizamos neste momento, porque esta afirmação de felicidade seria uma sentença de plenitude, e “Deus nos livre disso...ufa”, sempre existe uma iminente necessidade humana de melhorar, crescer, subir, ganhar mais dinheiro, ter mais um apartamento, mais, mais, mais, mais...não é mesmo?
Não quero de forma alguma fazer apologia a acomodação, mas a minha pergunta é: Quem está satisfeito? Quem está saciado?
Nem os ricos e nem os pobres. Todos os homens estão com os mesmos anseios e angustias apenas com cifras diferentes.
Essa lufa lufa frenética em produzir em escala nos tornou vitima da doença do “era feliz e  não sabia” e essa matemática causa dor, porque descobrimos que poderíamos ter vivido com mais alegria e profundidade as nossa felicidades. A morte nos revela que  poderíamos ter amado e perdoado mais, isso é apenas uma pobre reflexão de velório, mas deveria ser a realidade do nosso pensamento.
Esta condição humana que não se satisfaz é um perigoso agente de infelicidade humana e divina. Ao passo que o homem não se contenta com nada, Deus jamais recebe louvor e a gratidão merecida. Tanto o homem quanto Deus sofrem nesta perspectiva insaciável da nossa existência.
As férias podem ser dias maravilhosos, mas são apenas sombra do que uma vida toda pode proporcionar. A alegria não reside em finais de semana, mas na convivência harmoniosa com as pessoas que amamos, e principalmente na tranqüilidade de uma consciência pura, grata e honesta diante de Deus!

“Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter a fartura. Aprendi viver feliz e contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4;13)

Uma viagem de avião...

Eram por volta das 3 horas da manhã e o avião estava balançando como um carro num asfalto brasileiro. Em baixo havia um oceano e em cima o infinito, e a Márcia sabia muito bem disso. Passou a viagem inteira acordada esperando que saíssemos de cima do oceano, como se isso fizesse alguma diferença...
Eu disse: “Existe algo de muito divino no homem conseguir alcançar lugares tão altos”. Esta viagem teve uma dose pedagógica porque descobri que o homem não pode por si só ir nas profundezas da terra, nem nas alturas dos céus, sem estar envolvido por algo maior e mais forte do que ele.
Nas profundezas ou nas alturas o homem que não está envolto pela graça de Deus está correndo um serio risco de vida porque não há como suportar as condições normais de temperatura e pressão nos extremos deste Planeta.
A vida também possui esta realidade, embora poucas pessoas saibam disso. Quanto mais alto a vida nos leva mais o homem precisa estar pressurizado pela presença de Deus sob pena de não resistir as fortes pressões que as alturas oferecem.
Volte e meia alguma grande celebridade é encontrada morta nas alturas dos seus céus cheio de vôos solitários.
Então não consigo entender aonde estas pessoas se encontravam. Elas estavam no céu da fama, do dinheiro, do reconhecimento, ou nas profundezas da solidão, do desamor, dos interesses? Ao mesmo tempo em que o homem pode alcançar os céus, pode estar com os pés grudados nos vales mais baixos deste mundo.
Esta realidade entretanto é vivida por todos os homens. Não existe aquele que não tenha ou enfrentado o calor do fundo dos poços, ou o frio dos altos céus.
É curioso pensar que o sucesso pode trazer morte, mas isto é a mais pura verdade. Quando o homem alcança o céu desalienado das asas do Pai, ele ganha o sexo mas perde o sentimento, ganha o dinheiro mas perde a provisão, ganha colegas, mas perde os amigos, ganha casas, mas perde seu lar.
Deus é a única forma do homem enfrentar estas duas realidades. A morte espera o homem tanto nas alturas quanto nas profundezas. Somente estando dentro da vontade divina existe vida nas tristezas do fundo do mar, assim como o homem consegue continuar sendo humilde nas alegres alturas do céu.
Alguns julgam não precisar de Deus. Para outros, Deus é uma invenção humana que deu certo. Esta realidade pode ser verdade para todo homem que está pisando a terra com seus próprios pés.
O homem descobrirá Deus quando perceber-se pequeno o suficiente para ser engolido pelas forças deste mundo, e por isso Jesus é o maior.
Ele enfrentou as profundezas da morte e saiu ileso. Está nos mais altos céus e ainda permanece vivo.
Deus provou ser o esconderijo ideal que todo homem precisa encontrar. Uma espécie de submarino nos momentos de angustia, e um avião nos dias de felicidade e com as mesmas asas largas que Deus nos faz voar para os mais altos céus, traz sombra e conforto nos vales mais inóspitos e desérticos dessa terra.
Enfim se vou até o céu lá tu estás, se desço nas profundezas da terra também lá te encontro, para onde irei eu me verei perante a face do Senhor...

Pense nisso.

Desemprego

Nos últimos três anos tenho tido “férias” muito mais do que gostaria. Quando menos imagino, troco o agitado e competitivo dia a dia dos gramados, pela insossa e pacata vida caseira. Alguns dias meu sono se perde entre pensamentos, em outros, pareço dormir mais do que o planejado.
A minha profissão perde o sentido pois sinto que meus serviços são descartáveis, e isso traz ao meu coração um emaranhado de dúvidas e questionamentos.

Acredito no poder das minhas insônias porque elas produzem um momento de silêncio que em nenhuma outra parte do dia eu conseguiria. Nestas noites “claras” descobri a verdade daquela palavra que diz: “Aqueles que de madrugada me buscam, me encontram”.
Não que Deus esteja somente nas madrugadas, mas porque nosso coração parece estar acalentado o bastante para ouvir a voz do Pai.
Numa dessas noites sem fim lembrei-me de uma coisa interessante. Certo dia eu estava indo treinar, na cidade de Pelotas, quando passei por um condomínio de prédios em reforma. Os pintores estavam lixando uma cerca podre e mal cuidada.
Durante aquela semana observei aqueles pintores. Eles demoraram mais tempo lixando a cerca do que a pintando. Perderam mais tempo com aquele que iria ficar oculto, do que a tinta que estaria à vista de todas as pessoas.

Esta é a realidade divina para nossa existência porque Jesus falou muito mais das hipocrisias escondidas do interior do prato, do que nos pecados do exterior do copo. Desconfio que estas circunstancias da vida lixem meu interior de tudo aquilo que é humano, para pintar tudo aquilo que é divino.
Estes momentos produzem um misto de reflexões que nenhum outro momento da vida poderia proporcionar, e quem passou por esta realidade sabe a força desta lixa. Ao passo que o mundo parece não precisar mais de mim, encontro um sentido mais acurado para a vida na realidade divina.
Deus está intimamente preocupado com o interior humano, enquanto nós estamos com pressa para pintar logo aquilo que está podre fora de nós. Quanto mais queremos esconder aquilo que oxida em nosso corpo, mais enferrujado fica nossa alma e nosso coração. O homem que deseja uma nova história, precisa encarar a nudez da sua cerca e as podridões escondidas debaixo das inúmeras camadas da tinta que usamos ao passar dos anos.

Estar desempregado é um momento doloroso, mas revela as minhas mais escondidas realidades. Desnuda minhas vaidades e me faz enxergar a vida de um ângulo menos humano e mais divino. Neste momento não sinto mais a necessidade de parecer alguma coisa, porque na verdade não sou mais nada. Minhas ferrugens foram expostas ao passo que minha nudez está a vista de todos. Entretanto esta é a condição ideal para uma pintura perfeita e duradoura. Deus tem gasto mais tempo com aquilo que não posso ver na minha vida, e talvez essa seja a sua realidade.

Tudo isso na verdade é para produzir a mais bela e duradoura pintura que o homem precisa. Então, quando estivermos revestidos desta camada de graça, não haverá ferrugens, nem dores, nem angustias, que poderão impedir uma vida de alegria e felicidade.
Enfim, estar na nudez do desemprego não é sinônimo de vergonha, mas um estágio propício para ser vestido com roupas melhores.

A boca fala do que está cheio o coração

Quando moramos na Grécia, eu e minha esposa vivemos dias incríveis. Descobrimos o poder da comunicação na mais alta expressão do seu significado. As coisas mais simples como ir ao cabeleireiro se tornavam difíceis como cancelar uma conta telefônica aqui no Brasil. Uma das coisas mais constrangedoras na vida é interagir com as pessoas, mas não entende-las. No clube que estava jogando haviam os mais variados idiomas, e por “sorte” não havia nenhum brasileiro. Eu ficava junto com os argentinos mas na verdade não conseguia entender muita coisa daquele castelhano todo enrolado, então permanecia quieto a maior parte do dia.
Descobri que esta realidade tão longínqua ao nosso cotidiano é uma constante na vida de todo homem. Nós temos uma grande dificuldade de comunicarmos nossas verdades e por isso muitas famílias estão sofrendo. Enquanto o filho fala o grego da rebeldia, os pais falam o castelhano da omissão e destes desencontros surgem as drogas, os divórcios, as adolescentes grávidas, e os jovens com HIV.
Desconfio que cada ser humano possui um dialeto, um idioma próprio. Por isso temos melhores amigos, pode ser simplesmente que não sejam as melhores pessoas do mundo, mas porque falam a mesma língua.
Os homens e as mulheres possuem idiomas diferentes na hora de conversar, e talvez por isso a modernidade vive a realidade de ou ir para a cama, ou assinar os papéis do divorcio.
O grande desafio do homem e da mulher dentro do contexto familiar é entender a fala do outro da forma mais clara, mesmo que seja no dialeto mais raro.
Naquele país distante eu comprava jornais e na companhia de um dicionário aprendi muitas palavras a ponto de conseguir me comunicar aos trancos e barrancos. Para viajar na vida de outra pessoa é preciso conhecer seu dialeto, e decifrar seus idiomas, porque é inviável constranger a Grécia a falar português, melhor seria doutrinar meu coração, minha mente, e minha vida em descobrir aquelas falas emblemáticas.
Nesta mesma realidade, recordo que há alguns anos atrás, meu avô sofreu um derrame e passou oito anos na cama. Sua fala ficou comprometida a ponto de não entendermos quase nada que dizia. Entretanto, minha avó e meus tios que estavam mais próximos, aprenderam o dialeto do meu avô, e eles traduziam aquela fala debilitada e frágil para nós, viajantes.
Eu tenho a convicta certeza que o maior problema humano, familiar e social esteja na debilidade da nossa fala. Esteja em não sabermos revelar nossas dores, nem nossos amores.
Por isso nossas palavras devem ser temperadas com o sal do entendimento e da sabedoria, porque dessas realidades surgem um relacionamento saudável e prazeroso. Não é a retórica uma forma clara de se comunicar, mas a singeleza da verdade que existem nas palavras. Não existe “pobremas” na hora de falar a verdade, até porque ela não é cativa de discursos bonitos.  A felicidade e a plenitude estão muito ligadas a esta realidade até porque o homem consegue domar todos os animais terrestres, mas a língua o homem ainda não conseguiu doutrinar.
Quando este pequeno órgão humano estiver sob as rédeas do seu dono, então este homem está apto para ser compreendido pelos outros. Ele possuirá uma linguagem universal que pode ser compreendida pelo mundo, não somente através das palavras, mas de um conjunto de atitudes, de gestos e verdades.  

Porque uma coisa é verdade, a boca fala do que está cheio o coração!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Escrevendo um livro

Com aqueles que até hoje me ajudaram a construir minha história confesso que jamais havia passado por um momento como o que chamo de hoje. Diante de todas as impossibilidades que surgem num emaranhado muitas vezes infértil de idéias e pensamentos aonde o sono parece me abandonar, fico olhando para o teto do quarto tentando de alguma forma olhar para as estrelas. Esses dias me fazem levantar da cama e pensar na vida, em Deus, no hoje e no amanhã. Escrever me faz bem, além de devolver a graça e o sono ao meu viver.
Diante de muitas noites em claro surgiram páginas que foram rascunhadas e ganharam vida neste blog, e não se engane, os pouco mais de 700 acessos deste site, acho que por volta de uns 400 foram meus. Não sou bom com as palavras como gostaria, nem possuo talento para descobrir novos conceitos e idéias, mas acho que possuo páginas suficientes para publicar meu primeiro livro.

Será que isso pode dar certo?

Caricaturas

Acho que todos nós exageramos um pouco nas nossas histórias. Desconfio do tamanho das ondas nas histórias dos surfistas, do tamanho dos peixes nos contos de pescador, e do número de gols dos craques de fim de semana. Temos esta característica de aumentar aquilo que queremos que seja grande assim como diminuímos o resto das coisas que não nos interessam. Os interesses são a tangente dos nossos discursos e essa forma de falar nada mais é do que a maneira como olhamos as pessoas que estão a nossa volta.

Talvez passamos uma vida fazendo caricaturas. Usando o defeito dos outros para deforma-los numa resposta ao nosso desamor. Assim como nossas lentes de aumento se concentram no belo trazendo os motivos para as nossas paixões. O amor é uma escolha e não um conto de fadas. O amor não pode ser cego porque é com a sobriedade que decidimos por alguém, não pelos impulsos hormonais.
Dentro dessa realidade que não nos cega, é errado caricaturar as qualidades do outro sob pena de anular os defeitos e isso é muito perigoso, assim como jamais poderemos nos concentrar somente nas rugas de ninguém, sob efeito de estragar todas as qualidades restantes.
Alcançar um desenho humano e racional da vida é muito mais seguro do que caricaturar o mundo num lúgubre desejo de encontrar causas e efeitos. Enfim, nunca se esqueça, na realidade os narizes não são tão grandes assim...(nem as orelhas)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Os amores impossíveis

Desconfio que este mundo tenta de alguma forma provar que sou infeliz. Parece-me que o carro que tenho não é bom o bastante nem o meu casamento é bem sucedido como imagino.
Estava pensando neste últimos dias a respeito dessas coisas, porque existe alguma relação entre a infelicidade humana e esta contemporaneidade poluída pela idéias modernas.
Não me lembro a ultima novela que não tenha sido escrita em cima de um amor impossível. São raros os filmes em que a trama não se desenrola em cima deste contexto de impossibilidades.
Eu acredito que os impossíveis despertam no homem o desejo de encontrar uma possibilidade e isso arranca até mesmo dos mais letrados qualquer resquício de sobriedade. Talvez por isso Jesus é o nome pelo qual o homem realiza um comércio vitalício.
Por não haver impossíveis para Cristo, os lobos enjaulam os interesses de uma multidão que quer muitas coisas pelas quais a maioria não pode, o que é uma realidade brasileira.
A audiência e o comércio flutuam em cima desta condição porque nem todos possuem uma história tão emocionante de vida. A grande maioria das pessoas deste mundo enfrentaram as agruras de uma sogra ou os desatinos de um cunhado, o que não é novidade, e só.
Os amores possíveis se reduziram a uma história sem conteúdo, totalmente sem graça. Não sei, mas desconfio que milhares de pessoas estão deixando a possibilidade do seu amor para embarcar em alguma aventura que alimente esse desejo cinematográfico de que o amor verdadeiro surge das adrenalinas de algo proibido.

O que um dia eu achava ser falta de amor e integridade, hoje deram o nome de tabu, e por incrível que pareça, todas as coisas que até ontem acabariam com qualquer casamento, hoje são a pitada apimentada para “aquecer” a relação.
Talvez por isso tantas pessoas precisam superar limites, fazer travessias oceânicas perigosas, escalar altas montanhas, dar piruetas mortais com motos, fazer swing de casais, e etc...
O impossível, desconfio, é uma mistura mística e orgânica de hormônios e sentimentos que dopam a sobriedade e o entendimento desta geração. Se pudéssemos dar um nome para a alegria do homem contemporâneo chamaríamos de esporte, e certamente seu sobrenome seria aventura.

Constatei essa realidade porque as preliminares de uma paixão são cheias da adrenalina de um salto de paraquedas, mas a constância do amor é firmada no concreto do solo pelo qual pisamos. O amor não é surpreendente nem tão pouco inflamado, é no entanto, benigno, verdadeiro, justo e fiel. Por mais que este discurso integro seja bacana e legal, ele não consegue mais ser a base de um relacionamento moderno. O mundo está a procura de risadas, de saltos, de vôos, de velocidades altas.

O que está sendo quebrado em nossa geração não são tabus, mas sim, o respeito e a união que estão sendo destruídos a golpes de machado.

O sonho dos impossíveis é se tornarem possíveis, mas o que percebo olhando para nossos dias é que  e o desejo dos possíveis é um dia experimentarem os impossíveis. Engraçado mas continuo acreditando que nós criamos as maiores impossibilidades para a nossa felicidade. Nós que criamos monstros e depois marcamos consulta no psicólogo para nos livrar do medo deles. Nós edificamos muros e nos vemos pedindo a Deus que derrube as muralhas.
Parece-me que Deus criou um mundo cheio de possibilidades para nós vivermos felizes. Criou o homem e a mulher perfeitamente modelados para estarem encaixados na realidade humana e divina dos possíveis.
O que Jesus realizou com abundância neste mundo foi gerar possibilidades para que os cegos parassem de ficar as margens da vida vivendo de esmolas e buscassem seu próprio pão com o suor do seu trabalho. Jesus deu chances e oportunidades para os homens viverem um amor verdadeiro.

Acho que um amor possível é real. Talvez a paixão seja um misto de sentimentos carnais, mas o amor me cheira a uma forte convicção de cuidado, de amizade e de expectativas. O amor é um milagre porque ele por si só é a materialização de algo impossível. Qual força mundana e carnal poderia realizar a impossibilidade de juntar um negro com uma branca, um pobre menino com um rica empresária, um feio com uma bonita, uma gordinha com um magrelo, um cristão com uma budista, um xiita com uma sunita, uma argentina com um inglês. Sei lá, o amor é a representação de algo que era extremamente impossível e que Deus tornou possível através desse sentimento que muitos jogam no lixo para darem um salto de encontro ao nada.

Os filmes acabam e as novelas terminam. Os personagens tiram suas fantasias e retornam para seus anonimatos, o amor no entanto, continua sobrevivendo mesmo diante das impossibilidades que tanto criamos para ele.

Sobre o amor?
Torne a sua vida uma possibilidade para vive-lo.

Cristianismo Hippie

Estamos vivendo um momento pela busca da paz e do amor no cristianismo. Este momento escancara a necessidade mais básica que todo ser humano tem o desejo de vivenciar. A maioria das religiões tenta de alguma forma oferecer estas duas realidades na ânsia de preencher esta verdade a tempo roubada deste mundo.
Nos dois mandamentos que Jesus deixou para nós estão a palavra amor, e qualquer leigo sabe compreender que a consequência do amor é a paz.
Entretanto, por mais que o amor e a paz seja uma mensagem muito bonita, a mensagem do Cristo foi do arrependimento. Com seu corpo ainda molhado pelas águas do rio Jordão após ser batizado por João Batista, Jesus levantou a voz e disse: Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus.
A mensagem do amor é muito eficaz para alienar e agregar pessoas, entretanto o amor é um sentimento que não deve ser pregado, mas vivido. A maior mensagem de amor de Cristo foi na cruz do calvário, foi nos abraços aos leprosos, no perdão para as prostitutas, nos almoços com os Zaqueus, nas conversas com os rejeitados. A mensagem de amor de Jesus foi através de sua vida, de suas práticas, e não de discursos retóricos.
Jesus amava as pessoas porque se despedia delas após seus discursos e as tocava com um olhar de misericórdia. Jesus amava o ser humano porque chorava mediante a morte de seus amigos. O amor verdadeiro não precisa de palavras, a prática faz o papel principal.
Desconfio que hoje o mandamento é o arrependimento, e a mensagem é o amor. A grosso modo pode parecer inofensivo esta inversão, entretanto, o amor verdadeiro depende da conversão genuína. O inicio da vida cristã depende do arrependimento e não é isso que está acontecendo em nossos dias. As pessoas querem ser amadas, querem estar inclusas em um âmbito social saudável, querem compreender as palavras, mas não são chamadas a conversão pelo simples fato de que o chamado para a conversão não é convidativo. Quem faz este chamado que Jesus fez ao ser humano não agrega muitas pessoas, simplesmente porque nenhum homem quer ser confrontado. O que as pessoas querem é uma pitada de paz e amor, para se sentirem mais leves e tranquilas.
Jesus ensinou o homem que não pode haver alegria sem antes passar pela tristeza. Não há como nascer algo novo, sem o velho estar sepultado.
Por isso estamos vivendo dias de vergonha para a cristandade. Doze homens incendiaram o século I porque entenderam a mensagem do arrependimento. Hoje somos mais de 1 bilhão escutando sobre o amor, e sequer conseguimos influenciar a vida dos nossos filhos.
O cristianismo contemporâneo é uma instituição falida, porque quer gerar novos homens através do batismo, mas de forma alguma os chama para a morte pelo arrependimento.
O cristianismo contemporâneo tem medo de perder fiéis, de perder renda, de perder a supremacia dos números. Este cristianismo não está preocupado com a conversão e com o chamado ao arrependimento, e digo isso com conhecimento de causa. Já estive nos mais diversos movimentos cristãos, tanto católicos quanto protestantes, e se tem uma coisa que não se fala nas igrejas deste século é a mensagem do arrependimento.
Este movimento hippie não confronta o caráter. Este movimento trocou a cruz por almofadas, trocou o perder pelo ganhar, trocou o dar pelo receber, trocou o choro pelo sorriso. Os homens que se encontraram com Jesus tiveram suas rotas completamente convertidas. Aqueles que estavam indo para o sul partiram para o norte, outros que tinham o desejo de ir para o leste passaram a ir para o oeste.
Por isso ainda acredito na mensagem do arrependimento e na prática do amor, porque a vida em abundância que Jesus ofereceu para a humanidade é o resultado da morte.
Durante três anos e meio Jesus chamou os homens para convergirem suas vidas e pensamentos, e reservou uma sexta feira de muita paixão para enviar a sua mensagem de amor. Esvaziando-se de toda a sua divindade e grandeza, foi levantado num madeiro e de lá de cima posso ouvir até hoje a maior declaração de amor pela minha e pela sua vida. Estas palavras ainda sussurram em meu coração, ainda me emocionam, porque ninguém me amou como ele!
Se a cruz é a mensagem mais excelente de amor que alguém possa ter realizado, o arrependimento é a mais verdadeira forma de compreender a excelência desse amor.

Reflexão extraída da primeira palavra de Jesus Cristo após seu batismo:
Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus. (Mateus 4;17)

Se o mal prospera, vale a pena fazer o bem?

Essa matemática de dar e ficar sem o troco é dolorosa, mas é fundamentalmente pedagógica na verdade cristã. Quem não aprendeu fazer esta transação sofre não porque ficou sem a reciprocidade, mas porque acredita que suou sem necessidade.
Tudo na vida é uma questão de principio ou interesse. Quem não possui princípios é uma presa fácil para viver uma vida direcionada e gerida pelos interesses e benefícios próprios, e desconfio que essa forma pobre de viver tem causado danos irreversíveis em nossa sociedade.

Ao contrário do que muita gente pensa, a luz não é ausência de escuridão, mas a escuridão sim é a ausência de luz. Ser bom não é apenas o resultado de não ser mau, mas um conjunto de práticas e pensamentos que estão em conformidade com a Luz, com a ética e a moral. A eletricidade é fruto do esforço e acender uma lâmpada nessa terra é resultado da atitude da força das águas do entendimento ou dos ventos divinos da sabedoria. Alguns escolhem a escuridão da perversidade é verdade, mas o que mais me machuca é ver o bem desacreditando na bondade, na verdade e na integridade.
Existem momentos na vida de todo homem que a lei da semeadura parece falhar e esta percepção gera em todo homem um questionamento.

Se o mal prospera, vale a pena fazer o bem?

Eu acho esta constatação humana e verdadeira até porque essa pergunta é como que uma nuvem que paira sobre o ser humano desde os primórdios. Até mesmo o salmista invejou os arrogantes ao ver a prosperidade dos perversos. (Salmos 73;3) 

O que me parece mais triste não é a ação desenfreada do mal, mas quando o bem se entrega a inércia do cansaço. Eu acredito que o mal está triunfando, não porque sou espiritual ou ideologista, mas porque as capas de jornal, os noticiários e a lotação dos presídios comunicam esta verdade.
Por diversos meses estive entretido em buscar os porquês deste momento tão complicado que a humanidade está vivendo e entre inúmeras reflexões descobri que o mal não é a maioria, entretanto, os poucos desonestos são mais ativos e criativos que os honestos. Os mentirosos são mais lépidos que os sinceros. Os humildes estão calados enquanto os soberbos estão falando. Os íntegros são tímidos contudo os corruptos são extrovertidos. O mal é uma quadrilha enquanto o bem se desintegra na sua individualidade.
Jesus diria que os filhos das trevas são mais ágeis do que os filhos da luz, porque enquanto o mal realiza, o bem está descansando.

A juventude está comendo a fruta verde e os adultos estão mastigando o fruto podre.
Se por um lado existe uma ansiedade generalizada em experimentar e em conhecer, por outro existe uma multidão de pessoas cansadas, porque realizaram o bem projetando o troco em cifras e moedas.


Enquanto a humanidade continuar compreendendo que o bem é apenas ausência do mal seremos cativos das nossas próprias ignorâncias.
Os casamentos estão naufragando na perspectiva de que, para ser bom basta não ser mal, e isso não é a realidade que faz uma união feliz.
A inércia do bem por si só é uma tragédia.


Vale a pena fazer o bem não somente pela colheita que ele pode proporcionar, mas pela alegria instantânea que ele gera na alma do benigno. Quem gera o bem é um criador de beleza e de felicidade e isso é a extensão da mão de Deus sobre este mundo tão sombrio.


Ainda acredito na simplicidade dos pequeninos, na singeleza da mansidão, na sutileza do perdão, da alegria do amor, na graça da sabedoria, na força do pensamento e na grandeza da integridade. Para mim a prosperidade financeira não é o termômetro divino, até porque realizar o bem não pode ser fruto de um interesse espiritual, nem muito menos material, mas uma simples ação de amor motivada pela parte divina que existe dentro de cada um de nós.
O mundo está ansioso pela manifestação dos bons, porque uma pequena e simples palavra de amor é capaz de derrubar muitos gritos de ódio.

Reflexão retirada do verso bíblico “não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos”. (Gálatas 6;9)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O casamento é o fim dos esconderijos da nossa vaidade e a perda da privacidade da nossa ignorância.

A vida tem me ensinado que o casamento é a representação máxima de coragem. Este evento, acredito ser muito mais do que uma união de duas pessoas dispostas a serem felizes, mas um conjunto de verdades ainda a serem desvendadas pelo tempo, pelos velórios, pelas falências, e principalmente pela rotina.O casamento é a atitude corajosa de revelar uma nudez que vai alem da noite de núpcias, e isso precisa ser compreendido por todo ser humano.

Tenho uma leve impressão que a mulher está em busca de alguém que possa conhecer suas celulites, sua tensão pré-menstrual e suas fragilidades. Ela não está procurando alguém para compartilhar suas grandes e insondáveis qualidades, mas alguém que a aceite e a ame conhecendo verdadeiramente quem ela é. Esta é a realidade de que buscamos em um parceiro, e por isso o casamento vai além do que qualquer relação humana.


O homem até consegue boas amizades entretanto, acredito que a maioria delas sucumbiria a verdadeira essência que se revela na rotina intima que uma união conjugal promove. Por isso temos mais facilidade de sermos amigos dos estranhos e inimigos dos íntimos. Qualquer relação superficial é mais cômoda e confortável para o ego e a vaidade do que a as relações profundas que envolvem a rotina num âmbito geral. Ter muitos amigos não significa nada, até porque, quem anseia ter muitos colegas, o segredo é não revelar a verdade sobre eles.

As relações superficiais ficam com o melhor que existe do ser humano simplesmente porque elas não requerem o que há no cerne da alma humana.
O casamento é tão temido pelos homens porque a camada superficial do bolo de suas bondades serão cortadas, e alguém irá provar o recheio dos seus esconderijos. No entanto, muitos homens querem realizar esta viagem mas não querem ser cortados ao meio. Querem abrir a vida da amada, mas não permitem serem conhecidos por dentro. Esses desenganos geram crises, e essas crises produzem separações. Esta realidade precisa ser desvendada para que o casamento seja o começo e não o fim de uma antiga relação superficial, bacana e divertida.

O casamento é um milagre que possibilita duas pessoas estranhas tornarem íntimos seus defeitos e mesmo assim continuarem se amando. Trocar alianças é como trocar as manchas e máculas que existem em cada um de nós. É demonstrar nossas imperfeições que a paixão e o namoro não foram capazes de desnudar. O casamento é a maturidade de compartilhar nossas rugas, nossas cegueiras, nossas debilidades.
Casar para mim, é encontrar em alguém as qualidades necessárias para que o amor perdure diante das verdades amargas que serão descobertas de nós mesmos. Das imperfeições que o corpo revelará ao passar dos dias. Aos enterros e velórios que teremos que enfrentar. As bancarrotas e falências que surgirão.

Quando soa a trombeta do tam tam tam tam, o homem e a mulher não estão fazendo uma aliança puramente de felicidade, estão unindo e desnudando seus defeitos ainda ocultos aos olhos dos mais distantes.
Ninguém jamais pode dizer que ama com a verdadeira profundidade destas palavras sem estar aliançado com alguém, porque o casamento é a representação máxima dos verbos conhecer e entregar.
Enfim, estou casado e não há outra pessoa nesse mundo que me conheça mais do que minha mulher. Ela sabe minhas vaidades e ignorâncias que nenhuma outra pessoa sequer imagina. Eu escolhi uma pessoa neste mundo para revelar aquilo que eu não gostaria que ninguém soubesse. Escolhi uma pessoa para enfrentar este desafio de me descobrir e me amar mesmo assim.

Os casamentos que estão ruindo diante das problemáticas e crises são simplesmente o exemplo de pessoas que casaram com a melhor parte do outro. Elas desprezam o recheio, como se conseguissem passar uma vida comendo somente a cobertura do bolo.
Essa é a realidade sobre nós mesmos.
Quando duas pessoas se unem e decidem caminharem juntas, elas começam o processo destrutivo de conhecer suas mais esdrúxulas ignorâncias. Entretanto, eu acredito no amor como matéria prima do entendimento, porque ele tem a forca capaz de fermentar pessoas melhores.
Quanto mais conheço a parte menos nobre da minha esposa, mais compreendo que ela precisa da minha compania e da minha misericórdia. Quanto mais eu me revelo injusto e pobre em meus pensamentos e ações, mais ela debruça sua graça sobre mim.
Assim me sinto amado por ela, mais do que em qualquer declaração emotiva que ela possa realizar.

Essas descobertas não tão excitantes podem destruir qualquer casamento que tem como fundamento propriamente a felicidade. Entretanto, para aqueles que se reuniram numa união que vai além das risadas e do beneficio próprio, e que entenderam que o casamento é uma amizade, uma parceria, um caso de amor de ajuda mutua, compreendem que a missão de suas alianças é mais do que satisfazer o outro. A missão desta parceria é derramar graça sobre os defeitos e perdão sobre as misérias, porque sinceramente acredito que a relação conjugal sobrevive não por causa das declarações apaixonadas, ou pelos presentes caros, mas pela quantidade de vezes que estamos dispostos a perdoar.

A verdadeira felicidade surge da misericórdia e do perdão que são atributos do amor genuíno e esta descoberta que necessita mais perdoar do que sorrir é que estabelece alianças eternas e felizes. 

Descobrindo o solo do meu coração


Quando volto das empreitadas da minha vida sinto a necessidade um pouco mística e talvez até mais carnal de me envolver com a terra. Sinto-me feliz quando desenvolvo essa relação com a natureza. Na ultima semana tirei três dias para esquecer do mundo entrando na caverna do silêncio rural. Trocando as buzinas pelos cantos dos pássaros, o conforto pela simplicidade, o industrial pelo orgânico, o artificial pelo natural. Como é bom retornar a essa condição de vida que permitimos a natureza nos tocar. Lá o tempo passa mais devagar, o café é mais saboroso, o sol é mais aconchegante e a sombra é mais fresca.
Neste retiro humano espiritual Deus está presente como em nenhum outro lugar deste mundo. Em meio a criação o cheiro de Deus não se mistura a ignorância que polui nosso coração. Dentro deste contexto cheio de palmeiras e tucanos, sabiás e saíras, consigo escutar a voz de Deus de uma forma toda especial. Desculpe-me os religiosos que acham que isso somente poderia acontecer dentro de um templo, mas quanto mais próximo estou da maior obra do Autor, mas perto chego dele, porque na verdade todo criador deixa um pouco de si em tudo que cria.
Calejando minha mão desacostumada ao cabo da enxada pude perceber como Jesus era profundamente inteligente. Ele tirava as histórias do seu dia a dia, e eu tenho me esforçado a fazer o mesmo.
Meu objetivo era fazer uma horta. Depois de algum tempo mexendo a terra, existia emaranhado de raízes na superfície daquele solo. Comecei uma limpeza minuciosa, tentando deixar aquela terra virgem para que pudesse ali germinar minhas alfaces e rúculas, pepinos e tomates.
Uma terra cheia de raízes não é boa para o cultivo, assim como um coração enraizado em velhas verdades não é fértil para germinar coisas novas. É difícil remexer a terra de alguém que está enraizado em muitas verdades paralelas. Todas as nossas experiências ao longo da vida formam nosso caráter num emaranhado um pouco emocional e afetivo, um pouco profissional e familiar, que acabam tornando nossa vida infértil e incapaz de germinar novas perspectivas.
Jesus ofereceu uma raiz única e profunda a respeito do reino dos céus e da verdadeira espiritualidade. Este emaranhado de duvidas existenciais e de doutrinas humanas povoam a superficialidade do nosso coração e apenas infertilizam o caráter e o coração humano, tornando-o um lugar impróprio para plantio.
Acredito que deixar-se cavoucar por Deus é permitir revirar nossas certezas, e esse processo penoso de virar a terra é que nos permite conhecer a essência do nosso solo. Uma coisa é verdade e aprendi com um amigo de longa data. Os terrenos baldios não são cultivados nem tampouco possuem um semeador, mas estão repletos de árvores e plantas. Independente do que aconteça na caminhada de cada ser humano, algo vai brotar dentro do seu coração. O reino dos céus é um caminho estreito porque ele não é resultado da inércia ou do descaso do tempo. O reino dos céus não é um terreno baldio e descuidado. Ele é o fruto do cuidado. De uma terra remexida e preparada. De uma semente escolhida e regada. Este é o reino dos céus, que é conquistado pelo esforço das enxadadas que damos em nosso interior, pela profundidade da raiz que possuímos e pela quantidade de fruto que possuímos. Por isso que Jesus insistia em dizer que o homem que ansiava herdar o reino dos céus deveria nascer de novo. Somente uma terra liberta das raízes e do emaranhado de verdades é fértil para o germinar do Cristo ressuscitado.
Por fim, a horta foi edificada. Estou ansiosamente esperando colher aquilo que plantei. Talvez essa horta gerou uma expectativa em meu coração. Pode ser que a mesma expectativa exista no coração de Deus por cada um de nós.
Enfim, desconfio que algo precisa ser remexido dentro de nós, para que algo novo possa germinar através de nós.