sábado, 2 de julho de 2011

A paz que vem de Deus


Convivemos com o certo e o errado e suas consequências desde criança. Essa dualidade entre o bem e o mal sempre permeou a nossa existência. Recordo-me das minhas peripécias infantis com muita clareza. Em meus vespertinos quatro anos de idade decidi trocar o vaso sanitário pelo lixo ao lado na hora de fazer xixi. Eu sabia que era errado, mas parecia divertido. Num súbito minha mãe abriu a porta e depois daquele dia nunca mais fiz xixi no lugar errado. Outra vez, ainda com a mesma idade, esperei meu pai fechar a porta do seu quarto para tentar abrir uma garrafinha de wisky. No mesmo instante, meu pai abriu a porta do quarto e me pegou no flagra. Dá para imaginar o que aconteceu nas duas situações, né?  Minha mãe apertou a descarga me mostrando bem de pertinho aonde era o lugar certo do meu xixi, enquanto que meu pai me ensinou com quantas palmadas se ensina algumas coisas.
Hoje tudo virou história que ainda relembramos em alguns encontros e diferente do que alguns educadores contemporâneos acreditam, não estou com problemas existenciais nem psicológicos por causa daquelas experiências.
Contei estas duas historinhas para evidenciar como existe um paralelo em nossa existência. Ao passo que algo nos diz que estamos errados, surge outra voz com variados álibis trazendo paz para nossos delitos.
Quando as preferências e as escolhas humanas se desalinham com os desejos e anseios divinos, acontece um fenômeno no qual a madrugada ganha um pensador e o homem dá adeus para as noites tranquilas de sono.
Adão fez xixi no lixo e apontou para Eva e ela prontamente apontou para a serpente. Essa é a verdade dos nossos erros.

Sempre possuímos um álibi, uma intenção nobre e um culpado para nossas mais esdrúxulas atitudes.

O ser humano está frágil a tudo aquilo que o retira da sobriedade porque são as únicas maneiras que aplacam a verdade que existe em seu mais profundo interior. Ele está em busca cada dia mais de atividades que o dopem diante da incômoda e incessante voz que diz: você está errado!
Enquanto esta voz divina clama de forma audível o homem parece aumentar o volume das suas músicas e acelerar o ritmo das suas tarefas a ponto de não ter tempo para este diálogo franco.
Os errantes sempre estarão ouvindo esta voz divina que os chama para o centro da vontade de Deus. Este chamado que confronta o homem nas madrugadas nada mais é do que uma interrogativa de que se o homem não é capaz de suportar as fiscalizações humanas, como será diante dos olhares de Deus?
O homem caiu na tentação de apontar o dedo para o lado, criando seus álibis humanos para isentar seus desalinhos com a parte divina que lhe cabe. Enquanto a porta do banheiro não se abrir, o homem continuará a fazer xixi fora do vaso mesmo sabendo que está errado. Enquanto o homem continuar lucrando em suas peripécias de Adão, não mudará a rota de sua vida tampouco dormirá uma boa noite de sono.

Até quando o homem será escravo das surpresas desagradáveis e das palmadas do Papai para conseguir aprender?

Neste momento consegue-se entender com mais profundidade as famosas perdas vitoriosas que Jesus tanto falou. É a difícil descoberta que para ganhar algumas coisas excelentes e nobres como uma consciência pura e uma noite tranquila de sono, é necessário perder o que supostamente parece fazer muito bem.
Desconfio que o homem quer provar para Deus que o errado não é tão errado quando possui algumas causas mais nobres como alimentar a família ou dar um futuro melhor para os filhos.
Depois daquele diálogo com a serpente, Adão e Eva foram correndo para a floresta tentando se esconder de Deus. Passaram a noite em claro formulando motivos importantes para aquele erro. De algum jeito eles já estavam se sentindo mal por causa dos desalinhos entre suas atitudes humanas e suas essências divinas. Não precisaram nem mesmo ter um encontro com Deus para perderem seu sono paradisíaco.
O homem está sob esta sombra. Hoje, ganhar dinheiro pode ter deixado de ser a solução para se transformar numa grande e incômoda maneira de perder o sono, a paz e principalmente a liberdade.
Se a semente divina que Deus presenteou o homem para fazer seus canteiros precisa ser modificada em laboratório ou então é escrava de adubos químicos para crescer, o problema não é a semente, mas a terra e o clima escolhido para semear. Tudo que vem da parte de Deus na vida do homem o leva para boas noites de sono, para vidas de plenitude e alegria e mesmo que as dificuldades existam, a paz é a maior aliada daqueles que escutam mais a voz de Deus do que os conselhos da serpente. A semente divina germina sem “jeitinhos”, sem subornos, muito menos arranjos, porque a semente de Deus é proveniente do maior e mais fértil Agricultor.
Talvez a serpente possa oferecer lucros rápidos, entretanto ela procura desesperadamente pessoas que possam fazer companhia para ela em suas noites intranquilas e mal dormidas. Eu posso ouvir este convite, mas prefiro enfrentar as madrugadas dormindo um sono tranqüilo, ou então, pensado e escrevendo sobre as grandezas do Deus da eternidade. Quando o homem coloca em negociação a sua paz é porque ouviu algum conselho desalinhado com a Verdade divina do seu coração.
O fruto da prosperidade e da riqueza é a alegria e a plenitude. Quando isto não acontece, o terreno era ruim ou infértil o suficiente para nada germinar sem alguns subornos peçonhentos.

O Deus da Paz jamais daria outra coisa para seus filhos a não ser os frutos do que uma vida livre e suficientemente tranquila para ser vivida sem temores, nem medos. Viver com Deus é estar na iminente certeza que as portas estão abertas e nada precisa ser descoberto de nós mesmos, porque na verdade fomos descobertos por Ele dos nossos mais profundos esconderijos.  Por isso Jesus disse:

“Deixo-vos a minha paz,a minha paz vos dou, não vo-la dou como dá o mundo...”