terça-feira, 7 de junho de 2011

Se o mal prospera, vale a pena fazer o bem?

Essa matemática de dar e ficar sem o troco é dolorosa, mas é fundamentalmente pedagógica na verdade cristã. Quem não aprendeu fazer esta transação sofre não porque ficou sem a reciprocidade, mas porque acredita que suou sem necessidade.
Tudo na vida é uma questão de principio ou interesse. Quem não possui princípios é uma presa fácil para viver uma vida direcionada e gerida pelos interesses e benefícios próprios, e desconfio que essa forma pobre de viver tem causado danos irreversíveis em nossa sociedade.

Ao contrário do que muita gente pensa, a luz não é ausência de escuridão, mas a escuridão sim é a ausência de luz. Ser bom não é apenas o resultado de não ser mau, mas um conjunto de práticas e pensamentos que estão em conformidade com a Luz, com a ética e a moral. A eletricidade é fruto do esforço e acender uma lâmpada nessa terra é resultado da atitude da força das águas do entendimento ou dos ventos divinos da sabedoria. Alguns escolhem a escuridão da perversidade é verdade, mas o que mais me machuca é ver o bem desacreditando na bondade, na verdade e na integridade.
Existem momentos na vida de todo homem que a lei da semeadura parece falhar e esta percepção gera em todo homem um questionamento.

Se o mal prospera, vale a pena fazer o bem?

Eu acho esta constatação humana e verdadeira até porque essa pergunta é como que uma nuvem que paira sobre o ser humano desde os primórdios. Até mesmo o salmista invejou os arrogantes ao ver a prosperidade dos perversos. (Salmos 73;3) 

O que me parece mais triste não é a ação desenfreada do mal, mas quando o bem se entrega a inércia do cansaço. Eu acredito que o mal está triunfando, não porque sou espiritual ou ideologista, mas porque as capas de jornal, os noticiários e a lotação dos presídios comunicam esta verdade.
Por diversos meses estive entretido em buscar os porquês deste momento tão complicado que a humanidade está vivendo e entre inúmeras reflexões descobri que o mal não é a maioria, entretanto, os poucos desonestos são mais ativos e criativos que os honestos. Os mentirosos são mais lépidos que os sinceros. Os humildes estão calados enquanto os soberbos estão falando. Os íntegros são tímidos contudo os corruptos são extrovertidos. O mal é uma quadrilha enquanto o bem se desintegra na sua individualidade.
Jesus diria que os filhos das trevas são mais ágeis do que os filhos da luz, porque enquanto o mal realiza, o bem está descansando.

A juventude está comendo a fruta verde e os adultos estão mastigando o fruto podre.
Se por um lado existe uma ansiedade generalizada em experimentar e em conhecer, por outro existe uma multidão de pessoas cansadas, porque realizaram o bem projetando o troco em cifras e moedas.


Enquanto a humanidade continuar compreendendo que o bem é apenas ausência do mal seremos cativos das nossas próprias ignorâncias.
Os casamentos estão naufragando na perspectiva de que, para ser bom basta não ser mal, e isso não é a realidade que faz uma união feliz.
A inércia do bem por si só é uma tragédia.


Vale a pena fazer o bem não somente pela colheita que ele pode proporcionar, mas pela alegria instantânea que ele gera na alma do benigno. Quem gera o bem é um criador de beleza e de felicidade e isso é a extensão da mão de Deus sobre este mundo tão sombrio.


Ainda acredito na simplicidade dos pequeninos, na singeleza da mansidão, na sutileza do perdão, da alegria do amor, na graça da sabedoria, na força do pensamento e na grandeza da integridade. Para mim a prosperidade financeira não é o termômetro divino, até porque realizar o bem não pode ser fruto de um interesse espiritual, nem muito menos material, mas uma simples ação de amor motivada pela parte divina que existe dentro de cada um de nós.
O mundo está ansioso pela manifestação dos bons, porque uma pequena e simples palavra de amor é capaz de derrubar muitos gritos de ódio.

Reflexão retirada do verso bíblico “não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos”. (Gálatas 6;9)

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