quarta-feira, 8 de junho de 2011

Caricaturas

Acho que todos nós exageramos um pouco nas nossas histórias. Desconfio do tamanho das ondas nas histórias dos surfistas, do tamanho dos peixes nos contos de pescador, e do número de gols dos craques de fim de semana. Temos esta característica de aumentar aquilo que queremos que seja grande assim como diminuímos o resto das coisas que não nos interessam. Os interesses são a tangente dos nossos discursos e essa forma de falar nada mais é do que a maneira como olhamos as pessoas que estão a nossa volta.

Talvez passamos uma vida fazendo caricaturas. Usando o defeito dos outros para deforma-los numa resposta ao nosso desamor. Assim como nossas lentes de aumento se concentram no belo trazendo os motivos para as nossas paixões. O amor é uma escolha e não um conto de fadas. O amor não pode ser cego porque é com a sobriedade que decidimos por alguém, não pelos impulsos hormonais.
Dentro dessa realidade que não nos cega, é errado caricaturar as qualidades do outro sob pena de anular os defeitos e isso é muito perigoso, assim como jamais poderemos nos concentrar somente nas rugas de ninguém, sob efeito de estragar todas as qualidades restantes.
Alcançar um desenho humano e racional da vida é muito mais seguro do que caricaturar o mundo num lúgubre desejo de encontrar causas e efeitos. Enfim, nunca se esqueça, na realidade os narizes não são tão grandes assim...(nem as orelhas)

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