Desconfio que este mundo tenta de alguma forma provar que sou infeliz. Parece-me que o carro que tenho não é bom o bastante nem o meu casamento é bem sucedido como imagino.
Estava pensando neste últimos dias a respeito dessas coisas, porque existe alguma relação entre a infelicidade humana e esta contemporaneidade poluída pela idéias modernas.
Não me lembro a ultima novela que não tenha sido escrita em cima de um amor impossível. São raros os filmes em que a trama não se desenrola em cima deste contexto de impossibilidades.
Eu acredito que os impossíveis despertam no homem o desejo de encontrar uma possibilidade e isso arranca até mesmo dos mais letrados qualquer resquício de sobriedade. Talvez por isso Jesus é o nome pelo qual o homem realiza um comércio vitalício.
Por não haver impossíveis para Cristo, os lobos enjaulam os interesses de uma multidão que quer muitas coisas pelas quais a maioria não pode, o que é uma realidade brasileira.
A audiência e o comércio flutuam em cima desta condição porque nem todos possuem uma história tão emocionante de vida. A grande maioria das pessoas deste mundo enfrentaram as agruras de uma sogra ou os desatinos de um cunhado, o que não é novidade, e só.
Os amores possíveis se reduziram a uma história sem conteúdo, totalmente sem graça. Não sei, mas desconfio que milhares de pessoas estão deixando a possibilidade do seu amor para embarcar em alguma aventura que alimente esse desejo cinematográfico de que o amor verdadeiro surge das adrenalinas de algo proibido.
O que um dia eu achava ser falta de amor e integridade, hoje deram o nome de tabu, e por incrível que pareça, todas as coisas que até ontem acabariam com qualquer casamento, hoje são a pitada apimentada para “aquecer” a relação.
Talvez por isso tantas pessoas precisam superar limites, fazer travessias oceânicas perigosas, escalar altas montanhas, dar piruetas mortais com motos, fazer swing de casais, e etc...
O impossível, desconfio, é uma mistura mística e orgânica de hormônios e sentimentos que dopam a sobriedade e o entendimento desta geração. Se pudéssemos dar um nome para a alegria do homem contemporâneo chamaríamos de esporte, e certamente seu sobrenome seria aventura.
Constatei essa realidade porque as preliminares de uma paixão são cheias da adrenalina de um salto de paraquedas, mas a constância do amor é firmada no concreto do solo pelo qual pisamos. O amor não é surpreendente nem tão pouco inflamado, é no entanto, benigno, verdadeiro, justo e fiel. Por mais que este discurso integro seja bacana e legal, ele não consegue mais ser a base de um relacionamento moderno. O mundo está a procura de risadas, de saltos, de vôos, de velocidades altas.
O que está sendo quebrado em nossa geração não são tabus, mas sim, o respeito e a união que estão sendo destruídos a golpes de machado.
O sonho dos impossíveis é se tornarem possíveis, mas o que percebo olhando para nossos dias é que e o desejo dos possíveis é um dia experimentarem os impossíveis. Engraçado mas continuo acreditando que nós criamos as maiores impossibilidades para a nossa felicidade. Nós que criamos monstros e depois marcamos consulta no psicólogo para nos livrar do medo deles. Nós edificamos muros e nos vemos pedindo a Deus que derrube as muralhas.
Parece-me que Deus criou um mundo cheio de possibilidades para nós vivermos felizes. Criou o homem e a mulher perfeitamente modelados para estarem encaixados na realidade humana e divina dos possíveis.
O que Jesus realizou com abundância neste mundo foi gerar possibilidades para que os cegos parassem de ficar as margens da vida vivendo de esmolas e buscassem seu próprio pão com o suor do seu trabalho. Jesus deu chances e oportunidades para os homens viverem um amor verdadeiro.
Acho que um amor possível é real. Talvez a paixão seja um misto de sentimentos carnais, mas o amor me cheira a uma forte convicção de cuidado, de amizade e de expectativas. O amor é um milagre porque ele por si só é a materialização de algo impossível. Qual força mundana e carnal poderia realizar a impossibilidade de juntar um negro com uma branca, um pobre menino com um rica empresária, um feio com uma bonita, uma gordinha com um magrelo, um cristão com uma budista, um xiita com uma sunita, uma argentina com um inglês. Sei lá, o amor é a representação de algo que era extremamente impossível e que Deus tornou possível através desse sentimento que muitos jogam no lixo para darem um salto de encontro ao nada.
Os filmes acabam e as novelas terminam. Os personagens tiram suas fantasias e retornam para seus anonimatos, o amor no entanto, continua sobrevivendo mesmo diante das impossibilidades que tanto criamos para ele.
Sobre o amor?
Torne a sua vida uma possibilidade para vive-lo.
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