quarta-feira, 1 de junho de 2011

O casamento é o fim dos esconderijos da nossa vaidade e a perda da privacidade da nossa ignorância.

A vida tem me ensinado que o casamento é a representação máxima de coragem. Este evento, acredito ser muito mais do que uma união de duas pessoas dispostas a serem felizes, mas um conjunto de verdades ainda a serem desvendadas pelo tempo, pelos velórios, pelas falências, e principalmente pela rotina.O casamento é a atitude corajosa de revelar uma nudez que vai alem da noite de núpcias, e isso precisa ser compreendido por todo ser humano.

Tenho uma leve impressão que a mulher está em busca de alguém que possa conhecer suas celulites, sua tensão pré-menstrual e suas fragilidades. Ela não está procurando alguém para compartilhar suas grandes e insondáveis qualidades, mas alguém que a aceite e a ame conhecendo verdadeiramente quem ela é. Esta é a realidade de que buscamos em um parceiro, e por isso o casamento vai além do que qualquer relação humana.


O homem até consegue boas amizades entretanto, acredito que a maioria delas sucumbiria a verdadeira essência que se revela na rotina intima que uma união conjugal promove. Por isso temos mais facilidade de sermos amigos dos estranhos e inimigos dos íntimos. Qualquer relação superficial é mais cômoda e confortável para o ego e a vaidade do que a as relações profundas que envolvem a rotina num âmbito geral. Ter muitos amigos não significa nada, até porque, quem anseia ter muitos colegas, o segredo é não revelar a verdade sobre eles.

As relações superficiais ficam com o melhor que existe do ser humano simplesmente porque elas não requerem o que há no cerne da alma humana.
O casamento é tão temido pelos homens porque a camada superficial do bolo de suas bondades serão cortadas, e alguém irá provar o recheio dos seus esconderijos. No entanto, muitos homens querem realizar esta viagem mas não querem ser cortados ao meio. Querem abrir a vida da amada, mas não permitem serem conhecidos por dentro. Esses desenganos geram crises, e essas crises produzem separações. Esta realidade precisa ser desvendada para que o casamento seja o começo e não o fim de uma antiga relação superficial, bacana e divertida.

O casamento é um milagre que possibilita duas pessoas estranhas tornarem íntimos seus defeitos e mesmo assim continuarem se amando. Trocar alianças é como trocar as manchas e máculas que existem em cada um de nós. É demonstrar nossas imperfeições que a paixão e o namoro não foram capazes de desnudar. O casamento é a maturidade de compartilhar nossas rugas, nossas cegueiras, nossas debilidades.
Casar para mim, é encontrar em alguém as qualidades necessárias para que o amor perdure diante das verdades amargas que serão descobertas de nós mesmos. Das imperfeições que o corpo revelará ao passar dos dias. Aos enterros e velórios que teremos que enfrentar. As bancarrotas e falências que surgirão.

Quando soa a trombeta do tam tam tam tam, o homem e a mulher não estão fazendo uma aliança puramente de felicidade, estão unindo e desnudando seus defeitos ainda ocultos aos olhos dos mais distantes.
Ninguém jamais pode dizer que ama com a verdadeira profundidade destas palavras sem estar aliançado com alguém, porque o casamento é a representação máxima dos verbos conhecer e entregar.
Enfim, estou casado e não há outra pessoa nesse mundo que me conheça mais do que minha mulher. Ela sabe minhas vaidades e ignorâncias que nenhuma outra pessoa sequer imagina. Eu escolhi uma pessoa neste mundo para revelar aquilo que eu não gostaria que ninguém soubesse. Escolhi uma pessoa para enfrentar este desafio de me descobrir e me amar mesmo assim.

Os casamentos que estão ruindo diante das problemáticas e crises são simplesmente o exemplo de pessoas que casaram com a melhor parte do outro. Elas desprezam o recheio, como se conseguissem passar uma vida comendo somente a cobertura do bolo.
Essa é a realidade sobre nós mesmos.
Quando duas pessoas se unem e decidem caminharem juntas, elas começam o processo destrutivo de conhecer suas mais esdrúxulas ignorâncias. Entretanto, eu acredito no amor como matéria prima do entendimento, porque ele tem a forca capaz de fermentar pessoas melhores.
Quanto mais conheço a parte menos nobre da minha esposa, mais compreendo que ela precisa da minha compania e da minha misericórdia. Quanto mais eu me revelo injusto e pobre em meus pensamentos e ações, mais ela debruça sua graça sobre mim.
Assim me sinto amado por ela, mais do que em qualquer declaração emotiva que ela possa realizar.

Essas descobertas não tão excitantes podem destruir qualquer casamento que tem como fundamento propriamente a felicidade. Entretanto, para aqueles que se reuniram numa união que vai além das risadas e do beneficio próprio, e que entenderam que o casamento é uma amizade, uma parceria, um caso de amor de ajuda mutua, compreendem que a missão de suas alianças é mais do que satisfazer o outro. A missão desta parceria é derramar graça sobre os defeitos e perdão sobre as misérias, porque sinceramente acredito que a relação conjugal sobrevive não por causa das declarações apaixonadas, ou pelos presentes caros, mas pela quantidade de vezes que estamos dispostos a perdoar.

A verdadeira felicidade surge da misericórdia e do perdão que são atributos do amor genuíno e esta descoberta que necessita mais perdoar do que sorrir é que estabelece alianças eternas e felizes. 

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