domingo, 27 de novembro de 2011

religião

Não é fácil falar sobre política, futebol e religião porque são opiniões muito individuais e isso deve ser respeitado acima de tudo. Em nenhum momento meu desejo foi desvincular a fé dos seus credos, mas submeter as atividades humanas espirituais, ao pensamento reflexivo que pergunta e questiona, afinal de contas a fé que move montanhas é gerada em um coração puro e em uma mente sã.
Entrando no vestiário após uma vitória maiúscula, e em meio a gritos de alegria, um jogador prostrava-se ao chão. Num tapete estendido, naquele lugar inóspito e barulhento ele virou-se para Meca iniciando seu ritual religioso. Eu fiquei olhando aquela cena tentando compreender se ele estava realmente conseguindo se concentrar em meio aquele punhado de jogadores nus. Será que aquela era uma manifestação obrigatória ou uma declaração do seu amor?
Em qualquer encontro mais casual podemos confundir religiosidade com caráter e seriedade, mas como todas as coisas humanas, a espiritualidade pífia e medíocre desaba diante da força da rotina. A maioria dos religiosos acaba revelando suas superficialidades diante da angustia e da dor, e isso acontece por causa da relação de interesses e troca de favores que os homens estabeleceram com seus deuses. Esta perspectiva humana naufraga diante das impossibilidades, e isso é o que acontece com aqueles que fazem uma aliança financeira espiritual com seus credos.
Olhando este cenário religioso contemporâneo, a maioria das religiões que existem no mundo, entre elas as seitas, as crenças populares, as reuniões informais, tem algo em comum. Todas, teoricamente têm adereços morais e éticos e não estar aliado a alguma instituição religiosa traz duvidas a respeito da moral e conduta de qualquer ser humano.
Isso porque as religiões defendem algumas coisas pelas quais nenhum ser humano quer ver extinto, como a solidariedade, a caridade e a fraternidade.

Entretanto, ao longo destes anos, nas minhas experiências cristãs e em outras nem tanto, consegui compreender algumas coisas pelas quais são muito individuais, alcançadas diante do entendimento e da busca sincera da verdade divina.
Em primeiro lugar, as religiões tem um poder dominador sobre qualquer ser humano, até porque a maioria de nós foi introduzido numa crença quando ainda nossos sentidos e razões nem mesmo estavam maduros sensivelmente para nos lembrarmos do primeiro dia que entramos no circulo religioso pelo qual fazemos parte. Logo, a maioria dos homens da sociedade, professa a religião como herança, não como uma escolha, e isso nos faz acreditar que temos uma multidão de homens e mulheres que freqüentam sua religião, sem nem ao menos conhecer a história, os credos, os fundamentos, e as verdades da sua crença.

Crer sem conhecer não é uma manifestação de fé, mas um sintoma que falta sobriedade ao homem quando o assunto é Deus. Muito das coisas que herdamos dos nossos pais não passam pelo crivo da razão humana, porque automatizamos que o legado paterno é bom e perfeito o bastante para não ser analisado, afinal de contas qual pai dará pedras ao filho que pede pão? Mas é através desta herança irrefletida que os brancos nascem odiando os negros, que os xiitas nascem bombardeando os sunitas, que os protestantes e católicos são opostos que não se atraem, que os muçulmanos e os hindus duelam na índia, que os palestinos nascem odiando os israelitas, e que o Oriente Médio geneticamente passa de pai para filho o ódio pelo Ocidente.
O homem se encontra frágil a qualquer doutrina e filosofia porque na verdade sempre se encontrou num estado inerte de conhecimento e entendimento espiritual, e isto é a conseqüência de viver uma fé hereditária, mas sem entendimento e sabedoria. Quando o homem se encontra diante de alguma filosofia inteligente, ou então de algumas promessas vantajosas , ele debruça seu corpo e alma acreditando na benignidade das suas próprias intenções. É nesta fragilidade do pensamento que as religiões abocanham o homem, aprisionando-o para o resto da vida em uma vida de obrigações e troca de favores.
Em segundo lugar, todas as religiões vagamente buscaram trazer algumas respostas para alguns dilemas humanos como a morte, a tristeza, a dor e a tragédia. Elas se contorceram em cima dessas questões em busca de oferecer um conforto pelo qual os homens pudessem se render. Estudar todas as religiões e observar suas manifestações nos seres humanos é ao mesmo tempo pedagógico e emburrecedor. Pedagógico porque aprendemos culturas e verdades milenares. Emburrecedor porque vemos os homens realizando as coisas mais pitorescas e incríveis que jamais fariam por qualquer causa racional. É impressionante como o homem por mais profundo e intelectualmente maduro que seja é frágil e suscetível quando o assunto é o espírito.

Estudar as crenças imparcialmente é muito difícil até porque muitos dos homens que escrevem sobre estes temas o fazem com alguma parcialidade cultural e religiosa, por isso as pessoas são os melhores livros a serem estudados, pois são as mais concretas e verdadeiras manifestações religiosas do mundo.

Há uma relação difícil entre as religiões e o desdobramento final no ser humano gerou caridades e grandes projetos sociais , mas desencadeou milhares de mortes, guerras, e o derramamento de sangue religioso transborda o seu objetivo fraterno, benigno e divino.

Durante os últimos anos da minha vida destruiu-se o que existia de sinônimo entre Deus e religião, e por mais que eu não quisesse, eles se tornaram opostos. Entre perguntas e respostas descobri um pouco do divino na religião e isso não posso negar, entretanto não encontrei nada destas religiões em Deus. Depois de tantos anos, desalienar Deus da palavra religião, e tentar buscar neste olhar uma visão focalizada do seu Reino foi um grande desafio para mim.
Durante toda minha história de buscas, jamais pude ter a parcialidade familiar religiosa, porque comprometeria toda a verdade existente em Jesus, o único personagem dentre todos os outros, que não se vinculou ao credo religioso de sua época, tampouco se aliou em alguma estrutura espiritual para fundamentar suas verdades. Ele estabeleceu um refrão em seus discursos dizendo: Ouviste o que foi dito? Eu porem vos digo! Enquanto a religião escravizava o homem em suas doutrinas, este Homem entregou as chaves do céu para cada ser humano, tornando o homem o escritor de sua própria história. Não houve outro homem que falou tanto a respeito de Deus quanto este Homem. Por isso, é de suma importância abolir tudo que é cultural na hora de olhar para Deus, porque essas influências religiosas familiares podem gerar uma reflexão pueril influenciada.

Colocar pregos nos asfalto é uma bela forma de prosperar uma borracharia, não é mesmo? O que pude enxergar nas religiões ao longo destes anos é um sistema que ao passo que gera um problema, simultaneamente oferece uma solução.
Ela inventa uma impureza para apresentar a purificação. Cria um pecado para oferecer o sacrifício. Encontra o demônio para poder expulsa-lo depois. Gera uma falta de energia para oferecer um banho de sal grosso. Inventa uma campanha para obter a oferta. Cria uma angustia e apresenta uma regressão. Ela usa as fragilidades humanas oferecendo mapas astrais como se o homem fosse robotizado e seus sentimentos puramente fabricados em fantoches sem vida.
Minha pergunta durante todos estes anos foi: será que todas as religiões levam para o mesmo lugar?

A religião não confronta o homem, e isso é o que mais me chama atenção do cristianismo moderno. A cada novo discurso do Cristo milhares de pessoas seguiam para suas casas com interrogações acompanhadas de reticências. Eram palavras que destruíam toda e qualquer estrutura arenosa e hipócrita. A religião no entanto sempre fez do homem um expectador passivo, e entre o desespero de se proibir as leituras bíblicas na idade média e a interesseira forma de falar da palavra de Deus de hoje, o homem continua sem entender nada quando o assunto é o reino de Deus. Esta religião não confronta o ser humano a ser alguém melhor, mas o convida a fazer parte de suas práticas que tornam o iniciado automaticamente santo devido a sua nomenclatura religiosa espiritual. Quando o homem faz parte de algo religioso ele sente-se envolto desta esfera místico-divina, entretanto, quanto mais religioso o homem se torna menos flexível ele fica.
As religiões sofreram ao longo dos anos, e entre lutas e batalhas, os católicos não conseguiram sucumbir as perguntas de Lutero gerando a reforma protestante. O budismo teve suas reformas, assim como o islamismo que acabou se difundindo entre sunitas e xiitas. Hoje existem doutrinas que modernizaram os credos milenares e reformaram algumas idéias para serem mais confortáveis ao ser humano. São aquelas doutrinas que os artistas e os famosos adoram porque são místicas o bastante para não penetrarem na realidade de suas vidas “estreladas”.

Acredito que as reformas são muito boas e nos levam a melhores entendimentos. Elas consertam as rachaduras, pintam as paredes, trocam os azulejos, mas a reforma por si só não tem o poder de trazer ao homem a plenitude da Verdade, porque algo está acontecendo sob a mesma estrutura.
Por ter nascido em um ambiente cristão eu jamais havia me interessado pelas outras religiões, mas quanto mais eu me aprofundei nelas, mais enxerguei o amor e a inteligência de Cristo. Este homem em nenhum momento arregimenta pessoas para uma religião, mas chama o homem a uma nova caminhada. Ele estimula o homem a pensar através das parábolas e de forma alguma constrange os homens a segui-lo sem conhece-lo. Ele escolhe apenas doze discípulos e se quisesse realmente fundar uma religião escolheria logo 200, e tenho certeza absoluta que não iriam faltar pretendentes. Se quisesse realmente fundar um país, jamais teria tido uma vida vulnerável dormindo no monte das Oliveiras, mas fugiria para alguma cidade a transformando em lugar sagrado. Se estivesse preocupado em ser o artista principal de uma religião o Cristo teria ficado rico e certamente em um futuro próximo iria dar um jeito de disputar uma vaga no senado do império romano. Ele fala de um paraíso que sempre foi seu jardim e convida o homem a estar com ele nesta cidade de Deus.
Ele ofereceu ao homem um estilo de vida prático, realizando um confronto com a religião, com a hipocrisia humana, e com as demandas da sociedade que perduram até hoje.
Crer em Jesus é um desafio neste dias até porque o cristianismo não é sinônimo de Cristo como já foi um dia, há quase dois mil anos atrás.
Ver estas manifestações protestantes e católicas que lutam para mostrar quem é mais santo e verdadeiro enquanto as crianças morrem de fome nas esquinas de suas casas é o cúmulo da hipocrisia religiosa.
Jesus não anunciou uma reforma do ser humano pintando algumas paredes mofadas e trocando alguns azulejos quebrados como a religião se propôs a fazer. Ele anunciou a destruição e a reconstrução de um novo homem, imagem e semelhança de Cristo, para realizar uma transformação inacreditável nesta Terra.
Nesta reconstrução os ladrilhos da hereditariedade do ódio são quebrados. Nesta nova perspectiva de vida caem as paredes do preconceito e da separação que existem em todo homem, para construir um templo novo, com as pedras da alegria e da misericórdia.
Este Nazareno estava pregando quadros novos decorando a alma humana com graça, bondade e bom humor, embora não estivesse preocupado em codificar regras para o homem se enquadrar num sistema social político e religioso.
Ele fez mais do que destruir o homem, anunciou uma nova história através de um novo nascimento fruto do arrependimento e este novo território terreno-celestial seria a representação genuína de algo essencialmente verdadeiro.

Estar com Cristo deveria ser mais pedagógico do que místico, entretanto, hoje estar em uma igreja precisa ser mais místico do que pedagógico sob pena de não sobrar sequer uma pessoa na platéia.

Não houve outra instituição humana que fundou tantos segredos e mistérios como a religião. Nestes labirintos espirituais a religião trancou as portas da inteligência e da liberdade, espiritualizando as algemas, divinizando as forcas e fogueiras, Cristificando seus interesses comerciais, usando os céus e o inferno como pano de fundo. A religião fechou as portas do céu e guardou as chaves em seus ritos e credos numa incrível maneira de enclausurar o homem em suas dependências.
Eu não estou estacionado nos primórdios tempos medievais, mas se a religião deveria ligar o homem a Deus, acredito que sua essência negue sua própria convicção.

Não faltam homens religiosos no mundo, faltam homens divinos nesta Terra.

Vou encerrando minhas palavras com mais certezas do que duvidas. Enfim, todos querem saber o motivo do sofrimento e as causas da dor. Mas ninguém se pergunta pelos motivos da alegria e as causas da felicidade, não é verdade?
Talvez porque Deus seja o culpado quando as coisas não dão muito certo, e nós somos os responsáveis quando as coisas acontecem! Esta visão desfocalizada de Deus é apenas um exemplo de como somos individualistas e ignorantes na hora de julgar a nossa existência.
Acredito que os problemas que existem na vida foram ocasionados alguns pelas nossas escolhas e outros pelas circunstâncias da vida, assim como as coisas boas também. As outras vidas como algumas doutrinas oriundas do Oriente e do gnosticismo do século I dizem, podem trazer conforto para nossos problemas, tristezas, pobrezas e tragédias, mas não produzem em nós a mudança de atitudes práticas que precisamos realizar dentro de nós. Ter explicações místicas sobre o místico não é seguro e por isso Jesus ofereceu verdades reais e práticas, para que o homem fundamentasse sua vida, não apenas nas névoas do místico, mas na rocha das certezas.
Oferecer uma resposta mais duvidosa do que a pergunta é apenas uma dizima periódica do saber, embora isso alimente o coração dos incaustos e desesperados, não passa de uma forma criativa de trazer uma resposta confortável.
Para mim a pobreza tem uma causa relacionada com a corrupção, com a falta de oportunidades, com a desigualdade social. A morte tem muita a ver com a vida, pois elas são paralelos muitos fortes. Isto é uma resposta pouco mística, mas real daquilo que vivemos. Poderia oferecer algo mais espiritual como resposta, dizendo que você foi um grande Rei no século XI para trazer um conforto do tipo “já fui rico um dia, ufa!”, mas acho isso uma tremenda safadeza com o ser humano!
Acredito na comunhão dos irmãos que vivos buscam responder as expectativas que Deus tem sobre nós. Acredito mais na praticidade de fazer para o meu próximo aquilo que eu gostaria que ele fizesse para mim, do que subir quinhentos degraus de uma igreja qualquer. Ainda acredito que o pior mau olhado é aquele que sai dos nossos olhos, porque este sim tem o poder de destruir os nossos sonhos. Tenho a convicção que as relações desinteressadas com valores e números são as mais reais e verdadeiras e estabelecer uma relação de amor com Deus é a mais nobre das descobertas. Convido você a terminar esta leitura e iniciar uma busca pela praticidade, e não apenas nos sermões proféticos e doutrinas espiritualistas que enchem a barriga dos interesseiros, mas não tem serventia nenhuma quando o assunto é eternidade.

Enfim, acredito em Jesus e nas suas palavras. Se ele não tivesse chamado a religião de hipócrita e o homem de mau, talvez eu olhasse para a religião com um olhar infantil e superficial. Se a religião realmente fosse algo bom, Jesus teria se aliado a ela, e teria aproveitado toda a sua glória para se tornar o homem mais amado e famoso do império, sendo aclamado pelos grandes líderes, tendo seu nome gritado pelas multidões.
Seria certamente o maior homem daqueles dias, mas seria apenas mais um homem na história
Depois de alguns anos olhando para dentro de mim e os desdobramentos religiosos causados no meu próximo, posso dizer que todas as religiões levam o homem para o mesmo lugar, mas duvido pelas razões históricas, evidentes, e principalmente práticas que este lugar não é o divino.

Não que as religiões sejam em tudo maléficas ao homem, pelo contrário, oferecem um ambiente saudável e harmonioso para a família e para este mundo. Entretanto, diante da realidade humano espiritual, as religiões se perderam no comércio de seus interesses causando a maior manifestação de revolta e indignação do Cristo de Deus.

Nem os pecadores, nem os hipócritas, nem os soldados, nem mesmo a cruz causou em Cristo tamanha tristeza. Que Deus nos ajude a descomercializar o nome de Jesus dos nossos projetos financeiros, recolocando Ele no devido lugar, dentro do nosso coração!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A morte não é o fim...


Texto escrito em homenagem as lembranças que meu amigo Evandro Soares, nosso carinhoso "vandico" deixou em meu coração. A certeza da tua ressurreição no último dia acalenta meu coração, porque então nos abraçaremos novamente, e no lugar das angústias e das lágrimas que um dia compartilhamos, estará a glória, o amor, e a alegria eterna.

Diante da morte que chega como uma noticia inesperada, os pensamentos mais sóbrios desaparecem. Qualquer lucidez desfarela mediante interrogações que são respondidas por reticencias.  Não existe homem que não seja confrontado com este sentimento triste e subterrâneo de dar adeus.
Alguns tentam explicar que essa vida é uma passagem, mas isso não nos conforta. Elas sempre apontaram para porquês que possam acalmar a alma dos que ficam, mas jamais conseguiram refletir a alma de quem foi. Na verdade, a dor que nos engole é envolvida não pela perda por si só, mas pela dúvida do destino daquele que nos deixou.

No além não existe modernidade. As regiões do silêncio não são influenciadas pelos tempos, pelos dias ou pela evolução da humanidade. A morte continua pré-histórica nos engolindo das formas mais medievais e antigas. Por mais que a medicina tente impedir ou postergar esta realidade, todos nós teremos que velar um amor, enterrando histórias.
Não sei, mas desconfio que a busca humana por Deus se dê mais pelo medo da morte do que com amor à vida. Então, por causa dessa realidade fúnebre que nos amedronta, cedemos ao entendimento que nos conforte da melhor maneira.
Diante de todas as ideias de “fim”, em minha opinião, não existe outra que supere aquela que está na palavra de Deus. Se este Deus descrito nesta palavra existe e for realmente inteligente como eu imagino que seja, partirei desta terra para nunca mais voltar. Não renascerei novamente para enfrentar as perdas das pessoas que amo. Para mim, basta uma vida para ser feliz, e para esgotar todas as formas de confrontar as mais profundas dores. Esta terra não se parece com um joguinho de vídeo game em que se passa de fase e se conquista vidas através da nossa própria destreza. Se Deus é infinito e nos chamou de filhos, ele não faria esta brincadeira de mau gosto. Se ele realmente é eterno, e nós somos sua imagem e semelhança, então dentro do nosso ser habita a essência divina que nos eterniza através da sua própria eternidade.
Existindo esse Deus que creio, romperei com este mundo para nunca mais voltar. A esperança que me impulsiona a viver é a convicção do eterno. A certeza de outro terreno onde não existem lágrimas, nem medos, nem cifras, nem teres.
A dor da morte não pode ser acalentada por nada que flui da mente humana. Por isso, não existe nada melhor que Cristo para esta realidade. Ouso acreditar nele, porque  Ele não pegou "emprestado" o corpo de ninguém, muito menos foi cativo de algum ritual feito por homens. Ele teve poder por si só em romper com a morte e voltou a este lugar de mentiras e invejas, para que nós pudéssemos morrer sem a triste e pesarosa realidade de retornarmos outra vez a este mundo sem valores, mas cheio de preços.
Jesus enfrentou o silêncio misterioso e amargo da morte. Durante três dias o mundo acreditou que havia chegado o fim de todas aquelas palavras e ideias. Mas num domingo pela manhã, ainda quando os pássaros estavam sonolentos, uma pedra foi removida. O corpo daquele homem resistiu a decomposição, ressurgindo com glória. Ele então ceou com seus amigos para mostrar ao homem que a morte perderia o sinônimo de fim. Diante da tumba vazia e de ossos que nunca serão encontrados, o mais famoso personagem da história comprovou sua vida através da morte, nos dando certezas da eternidade, do poder da obediência e da profundidade do amor.
Muitos homens venceram grandes desafios, mas qual outro homem teve a coragem de enfrentar tamanho obstáculo? ...
Termino com a frase típica do meu grande amigo, que juntos pelas madrugadas na concentração ou nos momentos que antecediam jogos importantes me abraçava e dizia: "Tico, Jesus é fera demais!", e eu respondia: "é verdade Vandico...é verdade!"

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Deus existe!

A espiritualidade é o terreno mais fértil de todo ser humano para gerar misticismos irracionais. É, no entanto, incrivelmente árido na hora de fazer as mais simples constatações racionais. Não que existam problemas com esta fertilidade que brota ideias, mas  existe  uma grande diferença entre essa realidade moderna que cria suas próprias convicções espirituais, para outra que vive a realidade de um Deus imútavel, Criador, Poderoso e Eterno. Deus sendo um ser vivo pensante e inteligente desconstrói qualquer realização humana. Não que esses magnetos não ajam sobre a mente humana, realizando uma espécie de placebo espiritual, mas acredito firmemente que a irracionalidade destas “energias” nos levam ao emburrecimento mental, ao passo, que nos ingressam numa esfera fértil do desconhecido místico.
 
Se Deus for inteligente e único essa geração está totalmente desnorteada. Não porque seja explicitamente má, mas porque acredita em algo que não existe. Se todas as religiões possuem caminhos diferentes, ou Deus é irracional e contraditório em suas demandas, ou então ele não passa de uma invenção humana. Raciocinando esta espiritualidade humana com lógica, como Deus sendo o Criador e Pai, qual seria a intenção de Deus em complicar a vida de seus filhos com tantos caminhos e verdades? Qual Pai iria gerar conflitos entre os filhos por causa de suas convicções? Se existem vários caminhos para se chegar até Deus, e estas vias foram realmente reveladas por Ele, logo, todas as guerras, mortes, ódios e ciladas geradas pela rivalidade religiosa foram fruto da falta de organização deste deus confuso.
Olhando na perspectiva que interroga com lucidez este mundo místico moderno, Deus ganha contornos grandiosos e insondáveis, ao passo que diminuo na medida insignificante de uma simples gota em meio a um oceano. Esta simples gota anonima neste infinito de águas é incapaz de qualquer coisa a não ser fazer parte daquilo que é maior do que  ela. Talvez essa realidade seja a mais apropriada ao homem enquanto ser humano. 

Esse deus que se adequa ao pensamento humano e as demandas da modernidade ganhou por sobrenome, a palavra “espiritualidade”. Nela os jovens se deleitam porque podem ser espirituais e depravados ao mesmo tempo. Nela a humanidade se entrega porque trocam de parceiros e convicções sem desagradar seu senso místico. Esta espiritualidade que cria caminhos e verdades gera seus próprios deuses e por isso temos a geração mais espiritual de todos os tempos, no entanto, a mais depravada e sem princípios de toda a humanidade.

O homem jamais poderá criar caminhos a Deus porque sempre será escravo do momento e da época em que vive. As minhas próprias ideias se modificaram ao passar dos anos e das experiências que vivi. Possuo inúmeras dificuldades ainda neófitas e profundamente influenciadas por minha carne, e por isso, não me sinto credenciado a fundar minha religião e dar nome a esta minha “espiritualidade”.  É tentador ser o criador desta minha própria ideia de deus, mas no fundo, eu estaria apenas tomando emprestado alguns conceitos de homens que viveram antes de mim. Eu jamais seria a cobaia das minhas próprias ideias. São destes achismos pessoais que surgem ideias deturpadas e frágeis. Se Deus emprestou poder para as pedrinhas e sorte para as fitinhas vermelhas, então o oceano cabe em um copo de água, e não há sentido nenhum em crer em um Ser Vivo como Deus. 
Ainda prefiro crer a criar. Ainda tenho fé no Deus que criou os homens, não nesses deuses que os homens tem criado. Ainda acredito em algo maior do que eu, não porque eu não tenha criatividade, mas porque consegui enxergar que existe um oceano cheio de vida na minha volta. Acredito que esse mundo não gira em meu redor e se amanhã de manhã, esgotar meus dias nesse aquário terrestre, partirei feliz sabendo que conheci o Deus da eternidade.
Este antropocentrismo moderno é apenas mais um momento humano que passará, assim como as nossas religiões, corpos, ideias e convicções. Os homens e suas obras. Os céus e a terra. Somente aquilo que realmente saiu da boca de Deus irá permanecer. Ao homem verdadeiramente espiritual, basta se desvencilhar do seu estado inato de criador e voltar a simples e infantil condição de criatura.

Pense nisso...

(Mateus 24;35)


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Você é feliz, sabia?

Entre ruas e vielas de uma cidade do interior do estado do Rio Grande do Sul avistei um hippie, com uma vassoura. Do seu lado uma caixa de som. Depois de atravessar a rua, percebi que entre as palhas daquela vassoura existiam cordas, e aquela aparente bugiganga, tornou-se um instrumento musical. Com os acordes formados, com alguns cachorros como companhia, o som começou a acontecer. A simplicidade das palhas tomou a grandeza dos acordes através da criatividade da mente humana.
Nada me tira da cabeça que o pensamento e a criatividade são as nossas maiores armas. Os ricos que abriram mão do pensamento de criar um ambiente, de transformar sua vida através das coisas simples da natureza que vivem, estão sofrendo e se tratando com psicólogos. Os pobres que não criam a partir de suas “vassouras”, irão passar a vida toda sofrendo do descaso politico deste Brasil corrupto. Os formandos e abastados ainda não descobriram que a alegria até pode ser financiada por um carro novo, mas a felicidade é fruto da criatividade humana que gera satisfação a partir das coisas pequenas e de um estado interior de graça, que se desenvolve de dentro para fora através do pensamento. Na antiguidade, o grande desafio do homem não era acender o fogo, embora esta manobra fosse um tanto quanto difícil, mas manter as chamas acesas.

A alegria ou um estado momentâneo de felicidade não são difíceis de serem alcançados até mesmo pelos mais pobres e miseráveis. Na verdade é assim que estamos vivendo. Somos escravos das coisas para estarmos felizes, e quando isto acontece cedemos a perigosa dependência do dinheiro para dar um sorriso. Mas o que fazer se nós gostamos dessa realidade? Eu estou falando sobre um estado diário e permanente de felicidade, o que o homem ainda não descobriu. Estamos desacorçoados porque estamos apaixonados pela paixão. Aceitamos esta proposta de viver com toda intensidade uma alegria e descarta-la na medida em que o tempo passa. Então, começamos outra. E depois outra. Assim estamos fazendo com as coisas, com os carros, com celulares, com pessoas... Enfim, a felicidade não é um produto que se alcança de fora para dentro, mas que acontece de dentro para fora. Ela não está em algum lugar, com alguém ou possui alguma cifra. Ela está escondida dentro do oco dos nossos pensamentos. Está no recôndito ainda não explorado da nossa alma. Está inquieta querendo se revelar, querendo ser descoberta.  
Sem a reflexão e o pensamento que cria, que modifica, que transforma, o homem tornou-se cativo do fúnebre discurso do “era feliz e não sabia”. Pense nisso, talvez você seja feliz, basta apenas descobrir essa realidade!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Você só pensa coisa ruim?


O foco da modernidade está vinculado ao EU. Em nenhum outro momento, o homem esteve tão ligado a si mesmo como neste dias. Desde os relacionamentos íntimos humanos até a relação com o divino, estamos desenvolvendo uma simples e categórica forma egocêntrica de viver. Estamos cada dia mais, tomando atitudes, dizendo coisas, amando pessoas, que em um fim próximo poderão nos dar um retorno. Mesmo que neguemos esta esdrúxula verdade, essa é a nossa mais pura realidade. O que antigamente chamávamos de caridade, hoje é a mais pura demonstração de egoísmo. No fundo, quantos de nós doamos aquilo que temos por amor ao próximo? Quantos de nós estamos realmente preocupados com a fome do outro? Nossas atitudes possuem um olhar no retrovisor.

Os problemas e as tragédias tornaram-se o foco da nossa vida. Por acaso não são essas as noticias de maior destaque dos telejornais? Sorrateiramente isso acontece em nosso coração. A tragédia, as perdas, as dificuldades ganham espaço em nossa alma e permeiam grande parte do nosso pensamento, influenciando cada célula e cada minúsculo neurônio viver em função das nossas próprias dores. Esta metástase moderna está nos matando. De alguma forma estamos morrendo “felizes” com a ignorância do EU não diagnosticada pela nossa mente. Esta autopiedade instalada em nosso cotidiano, em que EU possuo mais problemas e cansaços que o outro, é uma síndrome contemporânea que levam as pessoas ao sofrimento de sentirem-se menos felizes, menos importantes e mais desfavorecidas. Embora sejamos errantes, temos bons motivos para viver. Embora existam problemas, há uma infinidade de acertos e belezas espalhadas dentro do nosso coração. Um homem há um determinado tempo atrás, falou ao mundo uma centena de palavras que ele afirmou serem “boas novas”. Nós temos boas novas que mesmo misturadas com as péssimas velhas pareçam pequenas, são importantes o bastante para nos manterem vivos e felizes.
Se você anda pensando coisas ruins, pode ser que você esteja pensando demais em você mesmo!
Pense nisso!

sábado, 5 de novembro de 2011

A grande corrida da nossa existência

O casamento é uma maratona. Ele não sobrevive se for vivido intensamente demais, assim como não se completa nas passadas lentas da rotina indiferente. Num relacionamento como esse, em que não existem muitos pontos em comum, é raro existir perfeição. Sem demagogias e delongas, não existe relacionamento em que o respeito por pelo menos uma vez seja quebrado, quer por palavras ou atitudes. O grande desafio na vida de um homem e de uma mulher que desejam estar juntos para o resto da vida é sem dúvida nenhuma, saber lidar com o desrespeito, até porque, o respeito, é fruto da convivência, das atitudes, das discussões, e desconfio que desta forma que se constroem histórias.
Por mais que as paixões inflamadas de Hollywood ou os amores impossíveis das telenovelas tentem me desanimar, a minha história de amor não dura 2 horas e meia como em um filme, muito menos, os oito meses de uma novela. A minha história é uma maratona, que requer resistência nas subidas íngremes dos momentos difíceis, e sobriedade cheia de alegria nas descidas dos momentos felizes. Algo me diz que entre subidas e descidas existe o refrigério dos caminhos planos e das paisagens belas.
Esta maratona humana que todos nós desejamos realizar desde criança, nos leva a desidratação do nosso próprio EU. A sede de alimentarmos nossas próprias convicções e ideias parece paralisar nosso corpo, alma e mente. Não existe outro relacionamento humano que nos leve a tão doloroso combate. Teremos, nós, os maratonistas, que lidar acima de tudo, com a nossa própria mente que insiste em abandonar tudo, procurando alguma sombra com água fresca. A vida, diria o sábio, é como andar de bicicleta, o equilíbrio existe enquanto você pedala. Talvez, o relacionamento seja uma verdade paralela. O segredo do casamento perfeito? Não sei, mas decidi continuar correndo...