quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Deus criou os pássaros e a religião as gaiolas

O universo das religiões foi sempre complexo contraditório e de muitos conflitos.

As religiões se tornaram parte de nós, como se não pudéssemos viver sem ela. Todos nós crescemos com a forte perspectiva religiosa proveniente dos nossos pais. Quando nos deparamos com um homem não religioso, logo ficamos com a certeza que estamos diante de um alguém sem princípios, sem moral e bons costumes.
O homem não religioso ganha estes contornos sombrios, porque todas as religiões sempre estiveram aliançadas com valores humanos como a fraternidade e a compaixão, a sinceridade, a caridade e a piedade. Elas oferecem valores incontestáveis que nenhum ser humano quer ver extinto.
Entretanto, ao mesmo tempo, debruçado na história do mundo, veremos os católicos contra os protestantes na Irlanda do Norte, os cristão em conflito com os muçulmanos nos Bálcãs, muçulmanos contra hindus na Índia, hindus contra budistas no Sri Lanka. Suicídios religiosos na África e na América do Norte. Terrorismo de seitas religiosas do Japão e de homens carregando bombas em seus corpos em inúmeros lugares deste planeta. Mais recentemente um cristão evangélico foi esfaqueado por adeptos de religiões africanas, à alguns quilômetros da minha casa por causa de uma disputa por um lugar de adoração.

Se a religião é um bem, porque nos faz tanto mal?

Será que o homem não entendeu a mensagem religiosa, ou a religião que não compreendeu o homem?

Mas eis que lá temos o piloto automático dos ritos. Não precisa perder tempo pensando e refletindo, basta ir no templo uma vez na semana, se batizar e dar esmola. Drive Trhu espiritual! Já existe uma estrutura que pensou tudo por nós! Para que repensar?
Sabe o que faz o homem repensar? A morte. No piloto automático da vida, e do espírito somos levados pelas modas, pelas propagandas, pelas amizades, pelos momentos, pelos impulsos.

Henrik Tikkanen:
A vida começa quando descobrimos que estamos vivos!

A religião nos coloca no piloto automático do entendimento, da busca e do conhecimento. As religiões reverenciam os ritos e os sacrifícios, mas fogem dos porquês com um gato na mira de um cão.

Sou ateu?

Empresto uma frase do Augusto Cury:

Acredito no Deus que fez os homens, e não no deus que os homens fizeram.

Religião? Não é por falta delas que o mundo não está melhor. Elas tem verdades maravilhosas. Muitas sustentam projetos sociais esplendidos e fenomenais que governo nenhum teria a capacidade de realizar. Religiões? Elas têm ajudado os alcoólatras, os drogados, os esfomeados. Elas têm feito muitos benefícios ao mundo em um geral!
Mas ao mesmo tempo em que são tão boas para o homem, são tão idiotizantes!
O catolicismo com as indulgências plenárias, o protestantismo com esse evangelho da prosperidade. O islamismo com a autoridade masculina de agredir as esposas, e o ciclo de renascimento budista e hindu, que o espiritismo tomou emprestado. Aliás, quem é religioso adora misturar um pouquinho de cada religião, formando a sua própria crença particular, porque afinal de contas todas os caminhos nos levam a Deus não é mesmo?
O que poderemos chamar um cristão que acredita veemente que sua vô está encarnada na ultima neném que nasceu na família?
Quando estudamos as religiões vemos apenas uma ação. A humana.
Quando olhamos para todas as religiões e todas as crenças, com seus credos e dogmas enxergamos o homem criando seu deus, seu céu, seu inferno, seu purgatório, suas purificações, seus perdões, seus, seus...

Que grande contradição vivemos.

Homens com facas em riste gritando: Em nome de Deus!
Alguma coisa está errada com a religião ou com Deus?
Mas e a paz que está sempre nos credos religiosos? E a compaixão? E o perdão?

A religião sempre nos culpou pela nossa miséria. Se o mundo está pior do que quando Deus o fez à milênios, a religião não tem nada ver com isso, não é mesmo? Mas se ela existe para nos fazer pessoas melhores, porque ainda não o somos?
Porque você religião nunca será capaz de transformar o homem em alguém melhor. Porque a religião emburrece o homem, não o permitindo andar com as suas próprias pernas.
Você religião é a nossa placenta, nosso cordão umbilical, nosso conforto uterino. Oferece-nos proteção, dando-nos valores, mas não nos deixando crescer. Viver no útero religioso se tornou bom e seguro.
Quando então me coloquei a desalienar os grandes líderes às suas religiões, então comecei a compreender uma coisa interessante. Todos os grandes líderes e mestres importantes em nosso mundo, quando desvinculados do seu credo e da sua religião, suas vidas perderam o sentido, e seus ensinamentos não conseguiam se manter de pé como contextos práticos, mas somente como contextos religiosos.
Mas minha procura cessou em Jesus de Nazaré. As suas parábolas se mantinham de pé, através do ensinamento prático de vida. Se afastarmos de Jesus toda de todo o misticismo e toda espiritualidade e divindade, teremos alguém que ensinou o homem a viver melhor, ensinou este mundo a trilhar um caminho mais digno e menos cansativo. Ajudou a humanidade a repensar suas atitudes, através da reflexão.
Contou parábolas com enigmas para que o homem trabalhasse a sua mente e pudesse chegar através do entendimento às suas conclusões.

O intuito de Jesus não foi trazer comodidade ao homem. Jesus quis levar o homem a sair das margens da ignorância e assim conhecer seu próprio interior.

Por isso, quando analisamos o Cristo, compreendemos que sua missão e seu desejo em nenhum momento foi juntar doze homens para iniciar um credo cheio de dogmas e doutrinas humanas. Ele não queria fundar um país, um estado ou uma moeda!

O entendimento de Jesus sem a religião é mais ou menos como de um bebe quando se vê fora da barriga.
É difícil desalienar Jesus da religião, assim como é difícil para o bebe sair da comodidade do ventre. Entretanto, um neném só tem vida própria quando rompe a escuridão do útero e passa a enfrentar a claridade do dia, as bactérias do ar, a fome, o frio, a sede e a dor.

O homem precisa se desprender do útero da superficialidade sintomática que vivemos, para se aventurar a vulnerabilidade do conhecimento do Cristo ressuscitado.
Enquanto o homem permanecer na comodidade das respostas prontas, e não realizar perguntas novas, dentro de si ficará ele inerte a vida.
Por isso existem tantas pessoas vivas mas que estão mortas. Não são capazes de amar, nem muito menos transformar este mundo em um lugar melhor.

Se o homem não renascer e não descobrir a claridade, irá falecer sem nem mesmo ter nascido.

O Jesus da religião é tão diferente do Jesus Cristo!

Se o fardo de Jesus é leve e suave, porque é tão difícil carregar o fardo do cristianismo?

O Jesus da religião certamente teria enfrentado os soldados de Roma naquela gélida noite do Getsêmani, mas o Jesus Cristo se entregou como um cordeiro e ainda devolveu a orelha a Malco numa tentativa religiosa de Pedro de combater o mal com o mal.

Sua história não poderia ter sido inventada pela mente humana, porque a mente humana é repetitiva, e Jesus é extremamente inovador.

Mas porque Jesus? Porque ele combateu a religião. Confrontou o ritual de purificação humano de lavar o exterior do homem, e deixar o interior sujo. Combateu os religiosos orando alto nas praças, e os chamou de hipócritas. Combateu o comércio do divino, dizendo que a casa de seu Pai não era um covil. Combateu os religiosos que andavam com cara de monges e piedosos os chamando de guias cegos!

Entretanto Jesus Cristo foi o maior personagem que o homem poderia usar para agregar seus dogmas, suas leis, suas crenças, suas tradições.

Somente em 1827 quando foi descoberto o óvulo é que o homem começou a entender que a mulher era parte “criadora” na maternidade, Jesus muito antes disso, as tratava com dignidade, com amor e com humanidade.
Porque Jesus ceou com Zaqueu, almoçou com Simão, era amigo de prostitutas e batia papo com os leprosos.

Mas como posso me relacionar com Jesus sem a religião?

Como posso abandonar séculos de crenças e tradições familiares?

Como sair deste piloto automático dos ritos?

Jesus era assim. Fazia uma pergunta que geralmente os homens ficavam sem respostas.

Olha que coisa mais absurda! O céu que nós criamos é mais difícil de entrar do que o céu criado por Deus.

Basta apenas decidir qual céu queremos realmente viver!
=

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Para pensar

A igreja romana por exemplo inventou regras como as indulgências porque se autodenominou o receptáculo da revelação de Deus. Segundo ela a instrução de Deus estava somente sobre Roma.

Mas o que aconteceu quando a religião encontrou um mundo redondo depois de ter tido uma “revelação de Deus” que o mundo era quadrado?

Mas se ela tinha a revelação de Deus, da onde veio este este mundo quadrado?

Desculpas.

Todo mundo erra não é mesmo? Mas se a igreja romana é a detentora da revelação especial de Deus, como pode ela errar tantas coisas básicas que a ciência iria descobrir alguns anos mais tarde?

Deus andou se confundindo?

Estou criticando?

De maneira nenhuma, estou somente pensando.
O que infelizmente nos séculos anteriores não seria oportunizado, porque o raciocínio, o pensamento e a busca dos porquês foram freadas pelas inquisições, pelas torturas e pelas fogueiras.

Mas porque que a igreja perdeu poder quando a Bíblia, seu manual de fé, foi impresso e traduzido às linguas européias?

Não deveria ela crescer e se fortalecer?

Hum... Nos evangelhos Jesus respondia com perguntas, porque eu não posso usar a interrogação?

O que tem de Cristo no cristianismo? O que tem de Cristianismo em Jesus?

Eles sempre me pareceram sinônimos mas quando pintamos o Jesus da religião, e o Cristo das escrituras o que vemos são opostos!

Enquanto Jesus perdoava e libertava as pessoas para seguirem suas vidas, a religião as aprisionava oferecendo uma dezena de penitências para purificação. Enquanto Jesus oferecia a liberdade, a religião oferece rituais, purgatórios, indulgências!
O que seria do endemonhinhado Gadareno se o cristianismo existisse naqueles dias?
O que seria da filha de Jairo?
E da mulher com fluxo de sangue?
E os cegos?

Eles eram impuros! Eram pecadores!

O que existe de parecido com Jesus e com a burocracia da religião cristã?

Vejamos:

O que é mais fácil?

Obedecer ou sacrificar?

Á vista, nos parece que obedecer é mais fácil do que sacrificar não é mesmo?

Mas vamos colocar na prática!

É mais fácil rezar cem ave-marias, mil pai-nossos, ou perdoar uma traição?
É mais fácil subir mil degraus da igreja da penha ou refrear a língua?
O que é mais tranquilo, amar o próximo, ou andar 40 quilômetros até Aparecida?

Se não me engano, Deus disse:

É melhor obedecer do que sacrificar!

Mas porque tantos sacrificios?
Logo acredito que seja porque não existe obediência.

Então a religião fundou uma nova frase:

É melhor sacrificar do que obedecer. Então perguntemos, porquê?

O sacrifício é revigorante. Ele nos enche de piedade de nós mesmos. Ele faz para a nossa carne o que a obediência certamente faria para o nosso espírito.

Parece-me que o Jesus do cristianismo nasceu em Brasília e não na Galiléia e dentro de um cartório, e não em um manjedoura.

Zaqueu?

Maria Madalena?

Pedro?

O que seriam deles se o cristianismo emburrecedor já existisse?

Zaqueu teria que pagar indulgências plenárias. Depois teria que visitar os órfãos, e depois ir até uma basílica, e sim, depois disso, Jesus entraria em sua casa, porque somente assim ele estaria purificado para receber Jesus em seu lar.
Mas o que aconteceu? Jesus em algum momento fez algum ritual de purificação? Não, Jesus entrou na casa daquele homem, e ceiou com ele, e os religiosos lá fora, cheios de inveja, blasfemaram dizendo: este homem come com pecadores!

Maria Madalena então nem se fala! Coitada. Estaria apedrejada e morta a muito tempo!
Estava condenada ao purgatório antes mesmo de morrer. Os resquícios dos seus pecados jamais poderiam ser perdoados aqui na terra.

Pedro? Homem sem coragem. Negou Jesus!

Este cristianismo de hoje crucificaria Jesus com muito mais rápidez do que o Judaísmo do século I. Jesus estaria com as prostitutas! Pasmem, a religião colocaria a mão na boca e diria: Impuro, mil ave marias e cem pai nossos para ele.

Eu tenho uma coisa para dizer para você Jesus!

Você não se encaixa no nosso cristianismo.

Nós nos acostumamos a sacrificar!

Esse negócio de amar ao próximo. De perdoar. De falar a verdade. De ser honesto e fiel. De ser bondoso e manso. De dar sem querer receber. De ofercer a outra face, é coisa para trouxa. Esse mundo é uma loucura... quem é muito bonzinho só se ferra!
Esse negócio tá desatualizado...

Mas então porque Jesus morreu na cr...

Bobagem. Deixa pra lá. Nós gostamos mesmo de ficar horas no cartório, pegando ficha, esperando a senha fazer o barulhinho, depois reconhecermos a firma, pegarmos a procuração, e pagar algumas taxinhas...

Nós gostamos de sacrifício... Isso é bom para a nossa alma, nós nos sentimos muito melhores, mais dignos, mais confiantes de que você nos ama mais, depois dos sessenta quilômetros a pé! Ufa... agora sim...Estou perdoado...sou amado!

Eu mereço... Eu sou muito bom!

Estou criticando? Não estou apenas pensando...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Brasil nas eleições

A cada dia que passa estamos mais adaptados na realidade que vivemos. Uma realidade onde o sistema tem o poder, e nós somos meros participantes de um circulo padronizado de vida.
Como se estivéssemos dentro de um labirinto, sem saída. A realidade de vida no Brasil é como de uma boiada em direção ao matadouro.
Quem não se encaixa nesta realidade ta fora da brincadeira.
Lidar contra o sistema é idiotizante. Porque é idiotizante negar benefícios próprios!

Quem pode negar o gato das TVs por assinatura? E as apreensões da receita federal, revendidas pela metade da metade do preço?
Certa vez, um certo homem, me ofereceu um celular com nota fiscal. O celular custava em torno de 1.400 reais, e ele estava me oferecendo por 600. Perguntei a ele, qual era o lucro que ele estava tendo, para me vender um produto daquela forma.
Ele esbravejou, dizendo que as formas que ele usava para lucrar não eram do meu interesse. Logo percebi que havia algo de muito errado e o questionei. Ele nunca mais apareceu. Certamente comprou aqueles celulares prejudicando outras pessoas, para que eu pudesse ser o beneficiado.
O sistema se alimenta dos seus estatutos. Ele rouba, ele escraviza. Ele mata, mas ele “beneficia”.
Ele rouba o seu carro, e revende as peças pela metade do preço, lá no mercado negro onde você sempre compra seus acessórios.
Nós estamos todos corrompidos pelo sistema, que ora nos “beneficia”, ora nos estupra, nos assassina, nos seqüestra.
Os maiores patrocinadores do tráfico, diferente do que alguns acham, não são os pobres, e os miseráveis favelados do rio. Quem alimenta o trafico, meus amigos, são os filhos dos governadores, dos oficiais de justiça, e dos empresários. São os playboys de Copacabana e não os miseráveis de Vidigal que pintam um futuro mais desumano e trágico para o nosso amanha.
Eles que pedem paz, com camisas brancas pelas manhas, mas à noite estão fumando maconha e fazendo bacanais de prostituição.
Tudo uma grande hipocrisia é esta sociedade que se escandaliza com os políticos. Quem é capaz de comprar um computador contrabandeado em beneficio próprio é capaz de qualquer coisa.
Mesmo diante da exorbitante e corrupta carga tributária, mesmo diante todos os escândalos e roubos, mesmo diante todas estas coisas, nada é desculpa para sermos iguais a eles.
Entre esta “moralidade” de que tanto vemos em dias de eleições está uma tonelada de interesses, de contrabandos, de vagabundagens, porque nós brasileiros somos “malandros” e esse jeitnho que nós temos, é nada mais nada menos do que uma forma de adequarmos ao sistema que todos nós estamos inclusos.
Entre todos os “pecadinhos” obscuros que cometemos está a mesma essência dos escândalos que tanto nos escandalizam nos tele jornais.
Arnaldo Jabor escreveu com maestria uma crônica sobre o brasileiro. Confesso que muitas vezes abordei estas questões, mas fui reprovado, “Ideologista demais”.
Mas, a cada dia que passo, em todos os clubes que eu vou, sempre tem alguém oferecendo um celular pela metade do preço, uma roda roubada, um notebook sonegado, um tênis contrabandeado. Todos saem ganhando, mas na verdade, todos estão perdendo. Na verdade, alguém está ganhando muito mais por trás de tudo isso, e existe outro alguém, que está perdendo muito mais, e essas pessoas, nós nunca vamos as conhecer.
O que importa?
Importa que eu ganhe, independente de quem esteja perdendo!
Para alguém estar cheirando cocaína no Leblon, alguém teve que morrer na rocinha.
Para alguém morrer de overdose em Boa Viagem, alguém ficou rico no morro do Alemão.
Sempre vai existir alguém ganhando, e o outro perdendo. A grande verdade, é que a vitória é ilusória, mas a morte é certa.
Ninguém sai vivo e ileso.
Quem está na favela se adaptou a favela para viver. Quem está em Copacabana copacabaneado está. O homem tornou-se refém do meio, e o homem que não pode influenciar o seu meio, está fadado a ser um produto do mesmo.
Vivemos uma forma padronizada de viver, sistematizados, e isto tudo em prol da sobrevivência.
Se sairmos dessas condições, estamos correndo perigo.
Quem poderá encontrar a saída deste labirinto?

Você Dilma? Ou você Serra?

Vocês são apenas frutos dos meios que vivem, e jamais poderão influenciar, porque influenciados estão.
Existe resposta para esta pergunta?