sábado, 30 de abril de 2011

Você é gente boa?

Jesus usava parábolas e certamente como eu, você não deve ter entendido uma porção delas. Os discípulos ficaram boiando diversas vezes, até que Jesus explicasse o sentido de suas palavras. Duas parábolas me despertaram para uma nova vida de oração na noite passada. O amigo importuno (Lucas 11;5) e do juiz iníquo (Lucas 18;1)
Da mesma forma que a fome que sinto me impulsiona a abrir a geladeira, desconfio que existe algo dentro de mim que precisa tomar a mesma decisão.

Em minha infância tive um amigo e o seu nome era Rafael, mas minha família o apelidou de “chato”. Tudo que ele ia fazer me convidava para fazer junto. Quando a campainha tocava nos momentos mais importunos todos se olhavam e diziam: só pode ser o chato!
Eu fazia parte da vida daquele garoto de uma forma muito forte, e ele não pensava seu mundo sozinho, porque eu fazia parte da sua história de vida. Às vezes ele tocava uma vez a campainha, e pelas frestas da cortina me escondia, esperando que ele fosse embora, mas era pura ilusão. Ele permanecia ali, até o momento em que eu fosse ao seu encontro. Ele tinha somente a mim. Não tinha muitos amigos, não lembro do seu pai, e sua vô havia morrido recentemente. Acordei essa manhã me descobrindo um tanto gente boa com Deus, e isso me incomodou.
Os cegos tocavam a campainha sem medo, dizendo: Jesus! Tem misericórdia de nós! E Jesus saia das frestas do lugar que estava para mudar a história de vida daquelas pessoas. De outra sorte uma mulher grega conseguiu descobrir o paradeiro de Jesus e apertou a campainha, até que pudesse comer as migalhas do pão vivo chamado Jesus. As crianças queriam se aproximar de Jesus, e os apóstolos “gente muito boa” queriam deixar Jesus em paz, mas o mestre abriu a porta para aquelas crianças, dizendo que o reino dos céus era semelhante a eles.

Existe algo de humilhante em tocar a campainha mais de uma vez, e confesso que sempre tive medo de incomodar as pessoas. Talvez por isso não sou um incômodo nas portas do céu. Não existem palmas, nem campainhas, nem gritos que ressoem do meu ser às portas de Deus, porque não quero incomodá-lo, e isso me leva a entender que sou mais apóstolo do que criança.
Na hora de falar sobre oração, Jesus falou sobre ser chato. O chato seria a minha parábola sobre um relacionamento sincero e verdadeiro com Deus, porque o “chato” fazia parte da minha vida em todos os momentos. O meu amigo era importuno porque estava tão envolvido comigo que deixou os protocolos e os medos, que nos fazem ser gente boa, para ser parte da minha vida, para ser meu irmão.

Eu vejo homens importunos ao encalço de Jesus. Homens chatos impedindo Jesus de descansar um pouco. Homens que não perderam a oportunidade de apertar a campainha e ficar esperando até que Jesus abrisse a porta da vida.
Acho que minha relação com Deus foi mais profissional e humana do que de uma amizade verdadeira. Aquela coisa de não ficar enchendo o saco, nem incomodando toda hora.
Compreendi nessa manhã que essa relação diplomática contemporânea nos leva a morrer nas tempestades da vida, porque não queremos incomodar Jesus que dorme no porão.
Somente quem rompe com as diplomacias rituais, tem coragem para ter uma relação de dependência e de amor com o divino. Ser chato quer dizer ser íntimo. Ser importuno é deixar de ser uma visita, para ser um integrante da família.
O meu amigo Rafael se mudou de cidade e em um determinado dia há mais de quinze anos atrás. Demos um abraço apertando e ele virou às costas e nunca mais nos vimos. Eu senti falta da importunação do meu amigo. As campainhas não tocavam mais pelas manhãs de domingo. Na hora do almoço não havia ninguém batendo palma à frente do portão de casa.  
Acho que Deus sente falta também quando crescemos e partimos. Quando deixamos de ser crianças cheias de fé, para sermos teólogos discutindo pontos de vista religiosos.
Quando nossa inocência ainda permitia ficar batendo a campainha nos horários mais imprevisíveis e desapropriados em frente às portas do céu. Quando o homem ainda tinha a infantilidade de acreditar no impossível. Essa humilhação de aceitar até mesmo as migalhas que caem da mesa, de trombar com uma multidão para tocar nas vestes do Cristo, e de escalar uma árvore para ver o Filho de Deus passar somente quem é chato e importuno é capaz de fazer.
Quando Deus for o motivo da minha alegria e o depósito da minha tristeza. Quando ele for o motivo do meu amar, e o desejo da minha imaginação. Quando nada mais fizer sentido na minha vida se ele não estiver participando. Quando nem sequer minhas refeições conseguir fazer sem agradecer a Ele. Quando o sono não chegar sem antes me ajoelhar diante Dele. Quando jamais conseguir entrar em campo sem que ele me acompanhe, e minha vida perder o sentido se não for para Ele, então estarei sendo chato o suficiente para ser intimo.
O desafio do homem é deixar de ser um apóstolo para voltar a ser uma criança, pelo simples fato que o reino se parece com elas e não com eles.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O dia da Verdade

O dia da mentira logicamente é muito mais conhecido do que o dia da verdade, até porque existe algo de verdadeiro em descobrir que somos mentirosos.
A vida é um conjunto de momentos decisivos e o dia da verdade tem data e hora marcada na vida de todo homem. A data do vestibular é para o estudante, assim como a crise é o momento da verdade de um relacionamento. A falência é o período da verdade do caráter de um homem, e a prática é a mais pura demonstração das verdades teóricas.
O mundo parece girar desconfiado e curioso, querendo descobrir o que existe de verdade em nossos discursos e em nossos sorrisos.
Parece-me que não tem como fugir do dia da verdade, por isso viver honestamente seja a mais sábia das escolhas.
Por mais que o nosso Brasil seja um tanto quanto conivente com a trapaça e o engano, e muita gente esteja rica com as ferramentas da mentira, ainda acredito nas riquezas da verdade.
Até porque não há como fugir do cantar do galo. Não há como negar que todo homem tem um encontro olho a olho com Deus, e ser vilão neste encontro leva o homem a um choro amargo e decepcionante.
Todas as verdades de Pedro foram desnudadas naquele momento gélido em que seus olhos encontraram com os olhos de seu mestre. Ao som do cacarejar de um galo a amizade daqueles dois homens tinha sido provada.
Todo homem se esquiva deste encontro, deste olhar, deste canto, mas não há como fugir desta realidade. A verdade é algo que tem muito a ver com o divino, por isso não acredito que a mentira que existe dentro de nós possa estar aliada a verdade que existe em Deus.
A verdade tem um encontro inadiável com cada um de nós, e esta música não há como não dançar.
Eu sei que este olhar para dentro de nós é um pouco confrontante, mas não há como fugir deste cacarejar divino que pergunta: o seu casamento suportaria este dia? E o seu chefe aplaudiria você nesta data? Seus filhos ficariam orgulhosos?
A troca de olhares destes dias revelará verdadeiramente quem somos.

Pense nisso.


A minha morte foi planejada.

Certamente enquanto eu escrevo esta página alguém está tendo a sua morte planejada. As armas foram compradas, e o dinheiro do crime já foi depositado. O endereço também já está todo estudado. Tudo está pronto.
Amanhã nesta mesma hora tudo será matéria do jornal.
Desconfio que a morte seja um grande inimigo do homem, até porque ela ofereceu 30 moedas para Judas na ânsia de engolir um nazareno há dois mil e poucos anos atrás que falava sobre um tal de vida eterna.
A morte está planejando o seu fim. A morte está colocando sua vida à venda. Ela insistentemente está criando motivos para dar de cara com você.
Ela pode usar algumas moedas, pode dar um beijo na sua face, pode oferecer tudo o que você mais deseja!
A morte está tão perto de nós, até porque uma centena de pessoas estão acreditando nas soluções que ela oferece. Quantos acreditaram que dariam fim aos seus problemas se jogando do décimo sétimo andar? E outros que ainda acreditam que bebendo um engradado de cerveja conseguem a solução para as dívidas sem fim? Quantos então decidiram dar fim ao casamento, em troca de liberdade? Alguns abandonaram sonhos por causa da dificuldade? Não há como negar que começamos a acreditar que o fim tem um poder terapêutico de nos dar paz, mas isto e apenas ilusão de ótica.
Talvez por isso o fim de ano é tão esperado e o fim de semana é tão comemorado. Sem perceber a morte está tragando o tempo, os momentos, levando o homem a acreditar que a segunda-feira é angustiante e que abril é depressivo.
A morte não é uma solução para as dívidas nem para as angústias, ela é a representação máxima de que o ser humano foi beijado, foi negociado, foi escolhido.
A pior morte é quando o homem ainda vivo está apodrecido dentro dos sepulcros da ignorância, da individualidade, da soberba, e sem perceber que foi seduzido pela acomodação do pensamento.
Eu entendi nesta noite que todo ser humano recebeu o sopro de vida de Deus e o beijo da morte de Judas. Não há como fugir destas duas situações. Entretanto, quando um sepulcro ficou vazio, e um suposto homem que havia morrido há três dias começou a comer peixe, pão e mel junto com seus amigos, a morte não entendeu nada.
Os músculos daquele homem não estavam se degenerando. Depois de três dias lidando com aquele corpo embalsamado pela vida eterna, a morte arrastou a pedra do sepulcro e saiu desiludida. Toda a trama, as moedas, o beijo, a cruz, não tiveram o poder sobre aquele homem.
A morte pela primeira vez se deparava com a vida na mais alta expressão do significado.
Minha morte tinha sido planejada. Já estava tudo acertado os valores, a data, o momento e quem iria me beijar.
Ela já havia convocado seus discípulos e usado todos os seus instrumentos. A morte estava me rodeando e marcando um encontro comigo. Mas num momento, num abrir e fechar de olhos, meu coração deu batidas descompassadas, porque a vida começou a ser bombada dentro de mim de uma forma como nunca antes.
Quando já estava enredado pelos pães que haviam se transformado em pedras. Quando já estava apaixonado pelo beijo que havia me chegado a face, a Luz de Deus surgiu em minha vida tragando toda a morte pela vitória.

Onde está morte a tua vitória? Onde estão os teus beijos? Eles se perderam em meio ao caminho, a verdade e a vida presentes em Jesus Cristo!
A partir daquele dia a morte deixou de ser o fim, para na verdade ser o começo.

Graças a Jesus por isso!

Você quer ser o maior?

A Páscoa passou, milhares de pessoas se emocionaram, cumpriram suas obrigações religiosas e fizeram seus sacrifícios, mas estou desconfiado que este momento moderno não traduz a profundidade da verdadeira mensagem pascal, tampouco traz ao homem uma reflexão capaz de transformá-lo em alguém melhor.
Vejamos que coincidência, foi exatamente isso que aconteceu na última ceia de Jesus com seus amigos. Eles ainda estavam com os bigodes molhados pelo vinho da nova aliança e em suas bocas ainda restavam migalhas daquele pão que Jesus havia partido, quando começaram a discutir sobre quem deles seria o maior.
Aquela discussão deve ter sido boa: “eu andei por sobre as águas... Eu curei um leproso... Eu sou o discípulo amado, e você?!... Tá bom, mas quem foi escolhido primeiro?!... Mas as pessoas me amam mais do que vocês!”
Uma nova aliança havia sido proclamada, arrastando com ela uma nova história para toda a humanidade, contudo, enquanto um iria buscar suas moedas e denunciar Jesus para os judeus, os outros onze estavam negociando suas vidas para descobrir quem tinha mais “valor”.
Talvez você tenha começado a sua semana pensando em ser o maior entre os seus amigos, e essa realidade não é exceção, é uma regra. Não se sinta mal por isso, até porque Jesus não condenou seus amigos, pelo contrário, mostrou o caminho para tal empreitada.
Talvez esse desejo de ser melhor, maior, mais elogiado, mais amado, seja algo que esteja dentro de todo homem, e por isso Jesus viveu, ensinou e praticou a grandeza de ser menor. Quando o homem é verdadeiramente grande, está livre para ser pequeno e desconhecido. Pode ter sido por isso que Jesus tenha louvado a Deus por ter escondido determinadas coisas dos “grandes” e revelado aos pequeninos. Essas grandezas que estão no silêncio da nossa alma são virtudes que precisam ser colocadas em prática.
Neste momento o mundo não sente falta de homens grandes, até porque todos os palcos precisam de um personagem principal. O que nos falta, na verdade, é a “grandeza da pequenez”, a pequenez da sinceridade, da verdade, do amor e da justiça. São esses valores que não pisam nos palcos deste mundo, que farão nosso futuro melhor.
Não se engane, o palco não é necessariamente lugar para homens grandes, pode ser apenas o lugar em que os pequenos usam para usurpar a fama, por isso estamos caminhando para o inferno existencial na velocidade cinco.
Jesus negou os palcos, não porque não fosse grande o suficiente para isso, mas porque de lá Ele não poderia ser tocado pelas gentes ou pelas crianças, não escutaria os cegos, nem toparia com os leprosos. Lá de cima, o homem perde a capacidade de estar misturado com o outro, e dessa realidade o maior homem do mundo jamais quis abrir mão.
O único momento em que Jesus esteve acima dos homens, foi na cruz do calvário, para que naquele maldito palco pudesse escrever a maior e mais bela história de amor de todos os tempos.
O homem que compreendeu a morte de Jesus certamente conseguiu entender o que Ele disse em vida. Não há como compreender a profundidade e a verdade da cruz sem jamais ter se sentado a beira do sermão da montanha. Não há sentido em estar saciado da doçura dos chocolates, mas cheio de amargura das coisas desta vida.
A vida de Jesus foi tão impactante e confrontadora quanto a Sua morte, e conhecer as Suas palavras não leva o homem apenas a um momento de comoção, mas resgata o entendimento de que as coisas e pessoas mais simples podem ser as mais importantes da nossa vida. Sábio e grande é aquele que serve e que se entrega a humilde condição de amar independente das circunstâncias ou da reciprocidade. 
Enfim, quem quiser ser o maior, seja aquele que serve. Pratique esta contradição, pode ser que algo mude em sua vida!

Religião: muita espiritualidade mas pouco entendimento.

“Que farei? Orarei de com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com espírito, mas também cantarei com a mente.” (1 Coríntios 14;15)

O homem cada dia mais está buscando as coisas espirituais, mesmo que não tenha de forma alguma o desejo de abdicar daquilo que é material. Por isso o ser humano está criando e recriando religiões e crenças desde os primórdios. Desesperadamente queremos encontrar uma espiritualidade que não nos confronte, muito menos coloque em xeque nossa forma de viver.
Este anseio não é moderno, mas é humano. Minha humanidade quer fazer uma parceria com uma divindade porque no fundo da minha alma existe a certeza de que posso ser ajudado, contemplado, abençoado, ou coisa parecida.
Esta mistura de credos que existe dentro de cada ser humano é na verdade uma forma desesperada de conseguir encontrar conforto, por isso discernir quem é Deus de fato tem sido um dos maiores desafios da humanidade.
Embora estejamos no século XXI existe algo primitivo em nosso pensamento em relação a espiritualidade e isso torna o homem vulnerável às manifestações místicas.
As religiões possuem um iminente fardo de precisar comprovar suas forças e suas verdades. Criam santos, deuses e profetas. Tentam desesperadamente difundir segredos e milagres com a ânsia de preencher este misticismo que todo ser humano gosta de vivenciar. Está na hora do homem orar com a mente. Chegou o momento do ser humano cantar com entendimento, porque essas duas verdades são muito mais profundas do que qualquer milagre em 1389, ou qualquer segredo de 1943.
Desconfio que esta crise de pensamento e reflexão que o homem vive quando o assunto é a espiritualidade, esteja intimamente relacionado com o desejo de estar embriagado do espírito.
Por isso o homem reza, reproduz e passa uma vida repetindo as mesmas falas, e que me desculpem os embriagados pelo espírito, mas se relacionar com Jesus requer mais entendimento, pensamento e reflexão profunda do que qualquer outra coisa.
Estes foram os milagres que Jesus mais repetiu em toda a sua história. Poderia ter vomitado suas verdades, mas preferiu usar as parábolas no intuito de estimular o homem a pensar e chegar às suas próprias conclusões espirituais através da mente e não somente do seu coração. Jesus não quis escravizar o homem na emoção, mas o levou a pensar e a refletir, para que dessa metamorfose surgissem homens melhores. Não era a simples presença mística de Jesus que transformava as pessoas, mas a inteligência dos seus discursos.
Toda falsa espiritualidade desmorona diante da falta de entendimento e da superficialidade de conhecimento. Eu posso parecer espiritual até que minha mente seja colocada a prova, e talvez por isso a religião proibiu o pensamento e a reflexão.
A religião tornou o homem cativo do sacerdote, do guru, do mestre, do pai de santo, para que o homem tivesse alguém que pensasse por ele. É muito perigoso para a vida das religiões que os homens busquem o conhecimento e a sabedoria diretamente de Deus. Aliás,  isso é “impossível” de ser realizado, porque os deuses não falam com os homens normais como eu e você.
Ainda bem que o Deus da Sabedoria decretou através de Jesus que o homem teria este poder se relacionar com Deus de uma forma especial e intima.
É necessário cantar com a mente e orar com inteligência, porque somente assim descobriremos que o mundo não é quadrado, e isso reverencia a grandeza e a sabedoria de Deus.
Existe um Deus verdadeiro e Ele anseia muito mais sua sobriedade do que sua embriaguez espiritual. Ainda acredito que é melhor falar cinco palavras com entendimento do que mil repetições ao vento.
Enfim, a modernidade presenteou o homem com uma espiritualidade sem Deus, algo como um esporte, que possa preencher esta lacuna no coração humano. Entretanto, é importante descobrir que Deus é inteligente e não está disposto a ceder a este “porre” místico e ritualístico que o homem vem realizando desde muito tempo atrás.
Por isso me embriagarei com o entendimento e com sabedoria para que minha mente sadia possa orar em espírito com verdade e profundidade.


A chacina que acontece nas entrelinhas do nosso saber.

O jovem nunca foi tão livre e tão escravo ao mesmo tempo. Nunca se sentiu tão solto e liberto, mas jamais foi tão servo das coisas e das pessoas.
A nossa juventude é escrava simplesmente porque ela não somente pode tomar cerveja, mas porque deve, sob pena de ser uma criança. Nossas meninas e meninos não têm somente o sentimento que podem transar com qualquer um, mas que devem, sob pena de serem cafonas. O jovem perdeu direito de escolha e de reflexão, quando aceitou o desafio de ser livre da moral para se tornar escravo da corrupção.
A única matemática e transformação que essa geração tem realizado é transformar dinheiro em urina, em pó ou em fumaça, e essa química é realizada com orgulho de levantar o copo e fazer pose para a foto.
“Eu já tive três comas alcoólicos e você? Ta, mas você cheirou cocaína até perder a noção do mundo alguma vez? Mas duvido que você tenha passado uma noite na cadeia? Ah, mas eu já fugi de casa e dormi na rua por três dias!”
Essa é a experiência do jovem do século XXI. Por estarem dispostos a descobrirem os perigos e riscos em busca de adrenalina, 48 mil jovens são assassinados por ano no Brasil. A maioria das crianças que estão tomando cerveja neste momento, em vez de estarem dentro da sala de aula, estão correndo um sério risco. A maioria dos jovens que estão se vendendo em troca de popularidade o fazem não porque gostam de fumar ou se drogar, mas porque tem a necessidade de estar incluso em um grupo e ser aceito por ele.
Desconfio que o amanhã dessa geração terá o gosto amargo do vômito da irresponsabilidade que enxergamos hoje.
Valendo-me da máxima que o amanhã é uma colheita do hoje, e que a natureza dessa realidade é tão real quanto este texto que está a sua frente, dá para sentir a dor de cabeça que esse porre irá proporcionar.
Quantos meninos e meninas terão contraído HIV? Quantas marchas fúnebres serão tocadas? Quantos meninos se tornarão assassinos em uma esquina qualquer por causa da liberdade das drogas e do álcool? Quantas meninas vão ser mães solteiras?  Quantos irão se tornar escravo das drogas e dos vícios para o resto da vida? Quantos irão padecer profissionalmente por causa do fraco desempenho acadêmico?
Quando alguém passa mais horas dentro do estabelecimento que está na frente da faculdade, do que na própria faculdade, é porque uma ressaca está se formando num amanha próximo de dor e angústia.
Cuidado que ao “aproveitar” sua vida, você pode estar acabando com ela.
190 Km por hora, ou num beco qualquer fumando uma baseado. Numa clínica de recuperação ou se tornando escravo da glicose nos sábados a noite.
Quando o homem perde as rédias do entendimento ele deixa de aproveitar a vida, e a vida começa se aproveitar dele.
Se pela manhã você resolve álgebras e fórmulas incríveis, mas a noite sequer consegue discernir entre direita e esquerda, é porque sua idiotice e ignorância abocanharam a parte que lhe cabia da inteligência na hora de refletir no que é melhor para você mesmo.
Os psicólogos vão ficar ricos juntando os cacos de uma geração que confundiu liberdade com alcoolismo e depravação.
Fica uma frase careta e bíblica para meus colegas jovens.
“Bem aventurado é o homem que não se condena naquilo que aprova”.


A parábola do semeador na prática

Eu ainda acho que a vida possui os maiores ensinamentos que o homem pode desfrutar, embora a literatura e as faculdades possam acrescentar muito em nossa caminhada.
Acredito nesta condição porque em cada cenário que se cria e se desfaz, existe algo divino e pedagógico. Se isto não fosse verdade Jesus não usaria experiências de sua infância e do seu dia a dia para falar a respeito do reino dos céus.
Desde a sementinha de mostarda, ou da uma mulher que faz um bolo e
coloca fermento, até os lobos, dos pardais, as moedas, as ovelhas perdidas, o sal, a pérola, a vinha, o joio e do trigo, e a candeia, Jesus usava as coisas mais simples do dia a dia para explicar as coisas mais excelentes para a humanidade.
Não tenho a pretensão de comparar algo com o reino dos céus porque não o conheço, mas não perco a oportunidade de aprender com as coisas mais simples desta vida.
Ontem, quem me ensinou foi um terreno rochoso e uma árvore caída. Ao olhar para aquele cenário logo me lembrei da tão conhecida parábola do semeador.
Minha memória refrescou porque as duas realidades, tanto a literal, quanto a metafórica, eram verdadeiras. 
Aprendi que um solo rochoso até é fértil o suficiente para fazer uma árvore crescer, mas não é bom o bastante para segurá-la de pé. 
Desconfio que vivemos esta realidade em nossas vidas. São tantas pedras no coração humano que aquilo que consegue brotar, não consegue suportar os ventos mais leves. Os relacionamentos estão superficiais não porque as pessoas queiram, mas porque não conseguem ultrapassar a grossa camada de pedras que existe em seu subsolo.
Superficialmente todos nós temos uma terra preta e aparentemente fértil, entretanto, o homem que possui um solo rochoso em suas profundezas jamais poderá ter uma árvore em seu jardim, terá que se contentar com as plantinhas pequenas. Na vida, os grandes relacionamentos e os grandes desafios requerem de nós um solo fértil, para que as raízes do nosso ser estejam na profundidade do amor e do conhecimento, e não na superficialidade perigosa da empolgação e do momento.
Nossa juventude se apaixonou por esta condição hipócrita de viver. Ela se entrega a superficialidade de uma transa, do sexo sem compromisso, de fumar um baseado, porque estas condições não os remetem a precisar cavar. Mais tarde encontram problemas em seus casamentos, porque o amor requer a profundidade da compreensão e da paciência. O amor precisa das profundezas do entendimento para sobreviver, e por isso, é mais confortável trocar de parceiro.
A relação do homem com Deus também foi contaminada pelas facilidades da modernidade, trazendo à superfície do nosso ser, aquilo que deveria estar nas profundezas da nossa alma. Estamos atravessando um momento que a fé se confunde com superstição, ritual e emoção, e isso não tem nada a ver com sobriedade, razão e entendimento. Esta fé religiosa e interesseira tomba a qualquer sinal de ventania. Esta fé é a fézinha da loto mania, e não é a força capaz de transformar a vida do homem e das pessoas que estão a sua volta.
Esta realidade que não requer do homem profundidade de conhecimento e sabedoria e não o coloca nas profundezas das práticas do perdão e do amor ao próximo, é apenas um amuleto, nada mais nada menos do que algo que possa dar sorte. Esta fé é um terreno perfeito para plantar grama, mas não é o lugar ideal para brotar o grão de mostarda. Esta semente que deveria nascer em nosso coração é de uma árvore grande, porque se o reino dos céus está dentro de nós, então certamente esta sementinha deveria não somente brotar em nosso coração, mas se desenvolver a ponto de muitos pássaros se aninharem em nossos galhos. 


Enfim, todos nós queremos edificar coisas grandes em nossas vidas. Mas a pergunta não é essa. A pergunta seria se estamos dispostos a preparar o solo e remover as pedras que existem em nosso terreno. 

O Agricultor plantou a semente do reino em todos os corações, se o seu jardim não possui uma grande árvore de mostarda algo estava errado com a sua terra.



Pense nisso!




segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma explosão está acontecendo!

Nós nascemos sob a perspectiva da felicidade. O termo “dar a luz” é algo bem verdadeiro neste contexto. Nós nascemos dando luz e trazendo alegria para um bando de adultos e velhos ranzinzas, cheios de cicatrizes e mágoas. Essa luz que fluiu de nosso ser ao nosso nascimento era algo natural como o curso de um rio. Crescemos nesta perspectiva de que a nossa própria natureza seja capaz de trazer alegria para as pessoas que amamos.
Entretanto, não é esta a realidade pela qual estamos vivendo.
Quando eu era criança, eu e meu irmão nos empurrávamos numa corrida desenfreada para ganhar o primeiro abraço do meu pai quando ele chegava do trabalho. Nós não olhávamos em suas mãos se haviam pacotes de supostos presentes. Meu pai não precisava produzir uma energia pobre comprando coisas para subornar nosso amor e nossa atenção. Os dias passaram e hoje somos adultos. Continuo não precisando de presente para amar meu pai, mas isso meu ensinou muitas coisas.
Quando em todas as esferas da vida realizamos esta matemática do dar para receber, do amar para ser amado, do elogiar para ser elogiado, e do doar para alcançar alguma retribuição espiritual ou material que seja, estamos produzindo “luz” enriquecendo Urânio. Estamos produzindo energia e lixo tóxico ao mesmo tempo, e isso é uma desgraça com data e hora para acontecer.
Estamos de alguma forma parando de ser a luz que nasce, mas requerendo a luz dos outros para nós. Isso é uma atitude egoísta que remete ao homem ao centro do universo e o faz viver um estrelato sem platéia.
Esta geração está produzindo relacionamentos que ao mesmo tempo que se amam, se intoxicam e isso é um problema gravíssimo que está acontecendo nas entrelinhas da nossa modernidade.
Nunca vi tantos relacionamentos que começaram com promessas de amor eterno, terminarem ou na justiça, no cemitério ou na penitenciaria.
Nossa geração está intoxicada pela reciprocidade e pela busca da felicidade, e isto foge o contexto pelo qual nascemos. Nascemos dando nossa luz, e crescemos sugando a luz dos outros para que os holofotes do mundo se voltem para nós!
Nascemos irradiando alegria e tornando o mundo mais feliz para aqueles mesmo velhos ranzinzas e cheios de vaidade do começo do texto, mas crescemos e quando os primeiros cabelos brancos começam a povoar nossas cabeças ficamos esperando nascer um novo neném para iluminar nossa vida e dar sentido a nossa velhice.
Em dias em que a radiação é o assunto, não podemos deixar de investigar o nosso coração. Existe uma multidão de pessoas precisando de um carro bom, ou vestir roupas de marca para ser feliz. Uma outra grande parcela tem a necessidade de mostrar que tem dinheiro ou é espiritual. Isto é um sintoma que o homem está queimando lenha e poluindo o céu para produzir sua luz. Essa luz barata que precisa das coisas materiais para brilhar é uma energia pobre e miserável.
Embora a luz seja algo visível, são os atributos invisíveis da graça, do perdão, da sinceridade, da verdade, da compreensão, que ela se manifesta.
Muitos casamentos estão ruindo porque ninguém está disposto a dar a luz, mas a recebe-la. O amor enriquecido com Urânio deste século casa para ser feliz. O amor verdadeiro casa para fazer o outro feliz.
Nada é prefeito, é verdade, e todas as relações desde o nosso nascimento passam por crises. As explosões são inevitáveis. Essa condição é real até mesmo para os mais sábios, e para as usinas mais seguras como a de Fukushima, entretanto, não é a explosão em si que destrói muitas coisas, mas o material radioativo que existe dentro de nós.
E aqui uma verdade importante. São as explosões que revelam que tipo de luz estamos produzindo. São elas que desnudam o interior trazendo a tona nosso material tóxico e contaminado que existe dentro de nós.
Se as pessoas que convivem conosco estão precisando de remédios, de psicólogos, de psiquiatras, de terapias, é porque aquilo que irradia do nosso interior, ou não é bom o suficiente para cura-las, ou é ruim o bastante para contamina-las.
Se a minha esposa necessita de presentes e declarações diárias. Se por algum acaso estarmos juntos não for bom o bastante para sermos felizes, é porque fomos contaminados pela radiação do egoísmo e deixamos de iluminar a vida um do outro, mas roubar o que resta de luz em cada um de nós.
Se você precisa enriquecer Urânio para chamar a atenção do seu filho, ou para conseguir educa-lo, alguma coisa aconteceu com a sua luz.
Se a sua simples presença perdeu a força de trazer alegria e paz para as pessoas que te rodeiam alguma coisa está errada, e pasmem, o problema está com você.
Já que você conseguiu perder todo este seu tempo lendo um texto como esse, talvez seja bom você perder mais um pouquinho olhando para seu interior.
Você não precisa ser magro, forte, famoso e bonito para ser iluminado, isso é uma mentira daqueles que são pobres na hora de brilhar.
Preto, branco ou amarelo. Gordo, magro, alto ou baixinho. Feio, bonito, horroroso ou feio que dói. Qualquer homem independente da sua situação financeira nasceu para brilhar e fazer este mundo um lugar melhor. Se o seu mundo está em trevas, a culpa não é do outro, mas certamente é porque a sua luz deixou de brilhar!

Dia da mentira.

No governo não há corrupção. Nas empresas não existem cartas marcadas. A televisão é educativa. Os casamentos são felizes. As crianças são educadas. Os homens são verdadeiros. No Brasil não há violência. As drogas não existem. Os hospitais estão em perfeito estado, e os médicos estão comprometidos com a saúde. Existe esgoto e água tratada para todos os brasileiros. O imposto diminui 50%. O Tiririca não foi eleito. A ficha limpa foi aprovada. Os bandidos não são soltos no natal e na páscoa. O Brasil é um país do futuro. O holocausto foi criação da mente humana. Elvis não morreu.
Tudo isso pode ser comemorado hoje. Alias não existe um país mais adequado para se comemorar o dia da mentira. Não existe outro lugar do mundo pela qual se aceita com tanta tranqüilidade a mentira como o brasileiro. 
É dinheiro na cueca, na meia, no sapato, nas nádegas, no ânus e se duvidar a vagina vai virar cofre nestes próximos dias. 
A mentira realmente precisava de um dia especial para ser comemorado no Brasil, e sugiro um minuto de silêncio no senado e na câmara em respeito a esta artimanha pela qual deixamos de ser um povo respeitado e trabalhador, para nos tornamos um bando de idiotas e omissos.
Vou me arriscar e mesmo sendo o dia da mentira vou contar uma verdade. A mentira não existe por si só, ela ganha vida quando alguém caiu na tentação de se aliar a ela. Então, clap, clap, clap! Parabéns para a mentira e quem faz dela um aliado. Para você que consegue suportar o seu casamento somente com as peripécias desta que esta sendo comemorada hoje. Parabéns para aqueles que se abraçaram com ela para que possam prosperar financeiramente! Parabéns para aqueles que não são, mas através dela se tornam alguma coisa. Parabéns para os fracos, que podem usar toda a força dela e se transformarem em fortes. Parabéns para os pobres de espírito, que através dela se transformam em “sacerdotes” do divino. Parabéns para os lobos em pele de mentira, ops, em pele de cordeiro. 
Eu continuei minha busca e encontrei um outro dia especial!
O dia 3 abril que vem logo em seguida, é o dia da verdade!!!
Por isso talvez a mentira tenha perna curta! 
Você não sabia disso né!?
Existem milhares de pessoas vivendo no dia primeiro de abril, sem nem mesmo imaginarem que o 3 de abril está bem próximo.
Então pronto, lanço o desafio de comemorarmos o dia três de abril com o mesmo principio do dia primeiro. Contando uma verdade!
Você pode fazer isso?!

Os pais, os filhos, as drogas e as gaiolas

Esta reflexão Não quer de forma alguma romper com a educação e a experiência paterna, mas refletir sobre esta opressão pela quais os pais exercem nos filhos com a melhor das intenções é claro.

Estava passeando nesta tarde com a minha esposa quando passamos por uma rua que tinha alguns canários nas janelas. Eram belos e coloridos, entretanto, nasceram dentro da gaiola e ali irão morrer. Eles jamais irão voar soltos e livres. Jamais irão usufruir daquilo que é o seu maior dom, voar. Não podem mais viver soltos, porque estão domesticados. Nasceram presos e a única forma de se manterem vivos é permanecerem como estão.
Esta é uma metáfora bem usual para aquilo que é a realidade humana em muitas questões.
A gaiola da hereditariedade não corta nossas asas, mas ao mesmo tempo não nos deixa espaço para voar.
“Esse é igual ao pai!” Esse orgulho encravado na alma humana em que os filhos sejam suas reproduções fiéis é um sintoma de que nascemos gerando uma perspectiva: vai se parecer com quem?
O desafio de ser melhor do que os pais é tão difícil quanto uma fruta cair longe do pé, e essa realidade é tão rara quanto a de um canário criado no cativeiro conseguir sobreviver na liberdade de seus próprios vôos.
Essa visão de recriar nos filhos as suas próprias imagens e sonhos, às vezes não realizados, é uma forma pobre e desfocalizada de criar um ser humano e isso gera tristezas e incompreensões. Existem inúmeros artistas, cineastas, escritores, esportistas, cantores, que hoje estão engravatados sentados atrás de alguma mesa, realizando o sonho de seus pais.
Não podem mais sair da onde estão porque se acostumaram a viver desta forma. Poderiam ter voado, e quem sabe ganhado menos dinheiro também, mas certamente estariam mais contentes e felizes. Essa é a realidade desta geração que vivemos.
Uma realidade que precisa ser alimentada com adrenalina, porque suas vidas diárias não tem graça nem emoção.
Diante deste cenário verdadeiro, muitos jovens querem mostrar seus vôos fumando maconha e tomando cerveja. Outros se vestem de preto e enchem seus corpos de tatuagens e brincos, na ânsia de romper com as gaiolas criadas pelas suas famílias. Eles apenas estão numa tentativa desesperada de provar que sabem voar, mas somente estão trocando de gaiolas. Saem das correntes hereditárias e penetram nas algemas das drogas, das bebidas, do sexo.
Quão difícil é conhecer alguém que crie seus filhos para voar. Reconhecer que o filho pode ser sua imagem, mas não é a sua semelhança, pode parecer fácil aqui neste textinho de meia tigela, mas na prática é muito difícil. Perceber que um filho possui asas e quer voar, pode ser algo desesperador para um pai e uma mãe, mas é a mais pura realidade dos pássaros.
Compreender que os empresários podem gerar artistas, e que os bailarinos nem sempre irão parir dançarinos é algo que todo ser humano precisa refletir. Entender isto afastará seus filhos das drogas, porque ele não sentirá a necessidade de voar para longe, porque na verdade está solto, e quem está solto não precisa se sentir liberto.
Somente quem se sente preso é que tem o desejo de partir, e quando criamos os filhos sob a perspectiva da liberdade, eles crescem desenvolvendo suas asas, e vivendo seus próprios vôos. Essa relação de liberdade transforma a relação de paternidade em amizade, e quando isso acontece uma aliança eterna é selada.
Esta é a relação que o Pai escolheu para ter com seus filhos. Uma relação de livre arbítrio, de liberdade de escolhas, e de vôos altos.
Enfim, uma criança que não foi domesticada pelas vontades e sonhos paternos, cresce livre, e certamente jamais confundirá a palavra liberdade com libertinagem, e isso é um vôo alto e sublime de encontro ao divino, a felicidade e a plenitude.

A maior chacina da história

A paternidade é a maior demonstração de fé que possa existir em um brasileiro. Gerar vida diante da morte iminente é ser corajoso. 
No Paraná as chuvas levaram embora uma vida inteira de dignidade e trabalho, e com elas trazem os entulhos da dependência do estado e do município. Não sei o que é pior. Se é perder tudo, ou se é necessitar do governo para viver.
Hoje crianças foram mortas neste país de contradição. Deveriam estar sonhando com um futuro melhor, mas foram vítimas de um país que está preocupado em construir estádios para a Copa. 
O auge da nossa decadência urbana, moral e social é que as emissoras de TV, hoje possuem o comentarista de arbitragem, de futebol, e de violência. É brincadeira!
Muitos pessoas estão isoladas no Paraná por causa das chuvas, mas somente são a representação física do que é a realidade do povo brasileiro. Um povo que está ilhado na pobreza e não há como romper com esta realidade. Um povo que está completamente desabrigado quando o assunto é a saúde e a violência. 
Somos um país dependente do voluntariado e da misericórdia do próximo, embora sejamos um país cheio de riquezas. 
Temos que pedir a Deus para sermos eternos contribuintes, porque se esperarmos que a recíproca seja verdadeira morreremos de fome ou em cima de alguma maca no corredor de algum hospital sem médico.
Enfim, crianças morreram assassinadas por um louco e talvez o governo não tenha muita culpa por isso.
Mas quando a merenda que deveria alimentar a fome das crianças se transforma em uma casa na praia de um deputado? E quando morrem pessoas na fila dos hospitais porque o vereador estava precisando comprar uma caminhonete 4X4? Será que existe diferença entre um homem que entra atirando numa escola e mata criancinhas indefesas, para estes outros assassinos engravatados?
Quando acontece uma tragédia sem precedentes como essa neste colégio carioca, os políticos fazem cara de piedosos e decretam luto, numa tentativa de expressar condolências e pesares. Mas será que eles não sentem nenhuma dor em ver seus “tiros” matando uma geração inteira de crianças que irão crescer sem comida, sem estudo, sem oportunidade, sem esperança, e sem nada...
Este país está metralhando nossa juventude e nossas crianças desviando dinheiro de merenda e colocando o dinheiro do bolsa escola no bolso deputado.
Isso não é uma chacina? Isso também merecia um minuto de silencio na câmara dos deputados e no senado. Isso merecia arrancar lágrimas de sua Excelência Dilma Roussef, porque, embora não tenha sangue no chão de outras escolas, as crianças que lá estão, também estão morrendo.
Quantos dias de luto serão decretados para todas as mortes por esta chuva de bandidagem que arrasta o futuro de milhares de pessoas deixando apenas os destroços da miséria, da dor e da falta de oportunidade. 
Os 3,5 bilhoes de reais da corrupção que são destinados ao bolsa Dolce Gabbana da primeira dama e para o bolso vereador. O auxilio churrascaria “merenda” da câmara, e a bolsa de estudos paras os filhos dos prefeitos no exterior certamente tornariam este Brasil em um lugar melhor, mas os psicopatas e desavergonhados estão mais preocupados com suas próprias vaidades do que com as necessidades deste Brasil.
Políticos brasileiros, só não me venham com esta cara de piedade querendo demonstrar sentimentos com a morte dessas criancinhas, porque se isso fosse verdadeiro certamente a merenda, o leite, o dinheiro do bolsa escola, chegariam até as criancinhas, e não parariam nas âncoras de seus iates em Angra dos Reis.
Essas catástrofes reais e sanguinárias causam-me dor e indignação. Estou de luto por estas crianças que morreram, e continuo de luto por aquelas que sobreviveram e certamente irão sofrer nas mãos destes pedófilos que estupram nossas crianças e lhes roubam a dignidade de um futuro melhor. 
Não consigo encontrar palavras que possam relatar o que sinto quando um homem consegue desviar a merenda escolar para comprar um carro importado, assim como não consigo encontra explicação para essa chacina em Realengo. Para mim são dois crimes parecidos, com personalidades muito semelhantes.
Enfim, não são as obras de estádios que desviam minha atenção a realidade brasileira, nem mesmo a comemoração emocionada do Rio de Janeiro como sede Olímpica.
Infelizmente a tragédia é a única forma de enxergarmos com clareza a realidade daquilo que é feito nas entrelinhas deste Brasil.
Minhas sinceras e reais condolências para as famílias das vitimas deste massacre pelo qual vivemos neste dia 7 de abril de 2011.

Acho que fui claro.

Para quem quer recomeçar...

A humanidade possui alguns dilemas que perduram por toda a nossa existência. Entre as inúmeras perguntas que soltamos ao vento ou ao divino, a vida parece nos dar poucas respostas concretas e isso nos torna curiosos em busca de que o futuro, ou quem sabe o passado nos explique aquilo que o hoje não é capaz de fazer.

A religião tentou resolver estas álgebras oferecendo uma matemática do saber, e nas reticências de dogmas e doutrinas humanas instituiu regras, a fim de que o homem não necessitasse pensar sob pena de não ter fé. Os sábios escreveram livros formulando a felicidade em 100 maneiras, como se a vida fosse robotizada, e nossos instintos totalmente inexistentes. Alguns tentaram revelar que a vida tinha um “segredo” e milhares de pessoas tentaram desvendar este mistério.

Algumas pessoas buscam ferramentas espirituais para “regressar” ao passado, enquanto outros tentam desvendar o que ainda está por vir, numa ânsia de trazer conforto para o hoje.

Diante desta procura desenfreada no ontem, e esta ansiedade pelo amanhã, acredito que dentre todos os anseios e angústias humanas, o presente é o maior desafio da humanidade. O dia que se chama hoje é um dilema até porque não há como negar que o agora está sob forte influência de algo que ainda não aconteceu e de coisas que já foram vivenciadas.

As minhas escolhas e a minha própria história de vida revelam muito mais de mim do que qualquer espiritualista, bola de cristal ou até mesmo os meus próprios achismos e argumentos.

Descobri que as coisas ruins do meu passado tornavam meu presente angustiante por causa das lembranças. No entanto, consegui perceber nesta mesma ótica que meu ontem de alegria tornava o meu hoje pior ainda, porque tinha o desejo de reviver o passado em meu presente, e isso é impossível. De um lado havia algo que eu queria apagar, enquanto do outro haviam lembranças que eu jamais gostaria de esquecer.

Quem está congelado no passado se torna alguém chato e repetitivo porque ou está lamentando pelos fracassos, ou então está sempre relembrando as suas glórias.

Quem de nós não conhece alguém assim?

Portanto, bom ou ruim, o passado não é favorável ao presente.

Por isso o homem que não se liberta do passado tem sérios problemas, e isso não está somente relacionado a um passado triste, mas aos momentos de glória também.

Existe uma centena de pessoas querendo se desvencilhar do ontem que lhe causou tristeza e amargura, mas de forma alguma estão dispostas a deixar para trás as glórias e o sucesso. Esquecer o que aconteceu de ruim em 1988, se remete a sepultar o que de bom aconteceu em 1999.

O hoje só pode ser plantado com maturidade, quando o auge ou a crise do ontem foram sepultadas em nosso coração. Se o pretérito angustiante impede que o homem continue a caminhar, o passado de glória não nos permite recomeçar.

Enfim, bom ou ruim, o passado virou história, e para quem anseia um futuro melhor, o que importa é o agora. Por isso, mãos a obra!