sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Pequenas perdas, grandes prejuízos


Um caminhão carregado de grãos estava na minha frente. Enquanto eu não conseguia ultrapassa-lo, inúmeros grãozinhos caiam da carroceria e batiam no meu para-brisa. Para quem está carregando 30 toneladas de soja, alguns grãozinhos parece não fazer muita diferença. Mas se formos pensar que todos os caminhões sofrem estas perdas, teremos números incrivelmente assustadores. Segundo o IBGE, o Brasil desperdiça anualmente cerca 7,6 milhões de toneladas de soja, milho, arroz, trigo e feijão. O equivalente a 8,7% da produção nacional de grãos escapa pelas frestas das carrocerias dos nossos caminhões. Estima-se que o Brasil perca R$ 2,7 bilhões de reais a cada safra com o derrame de grãos durante o transporte rodoviário. Ou seja, aqueles grãozinhos que os passarinhos comem no acostamento de nossas rodovias poderiam resolver a fome em grande parte deste Brasil.

A vida possui algumas semelhanças a este cenário. Em nossas viagens, ideias, casamentos, amizades, lutas, sonhos e profissões. Ao passar dos anos algumas coisas se perdem. Nós sabemos disso, mas não lutamos contra. Parece que alguns poucos grãos não nos fazem falta. Então viajamos despreocupados sabendo que as pequenas perdas não causam grandes prejuízos. A nossa matemática nos permite conviver com este déficit. Penso que este seja o nosso problema. Não choramos as pequenas perdas, por isso não conseguimos lidar com as grandes tragédias. Não nasce um alcóolatra do dia para a noite, nem um obeso numa taça de sorvete. São as perdas diárias que nos levam as grandes derrotas.

É deste acontecimento visível aos nossos olhos, mas invisível ao nosso coração que os casamentos terminam, que os sonhos se frustram, que as amizades esfriam, que o caráter enferruja, que Deus desaparece das nossas ideias. Algo está se perdendo pela estrada da vida. Nós estamos cada dia piores. Mais mesquinhos, mais ignorantes, mais estressados. Menos amáveis, menos pacientes, menos confiáveis. Sim, estamos esvaziando de braços cruzados. Neste ano, amores irão fracassar pelo descaso ignorante. Teremos enormes prejuízos, porque aquilo que deveria estar guardado em nosso coração se transformará em comida de passarinho na beira de uma estrada qualquer.

O meu desafio é encontrar as frestas que existem em meu coração. Lutar contra esta realidade que pode acabar com meu casamento, denigrir minha moral, roubar a minha alegria e ferir meu caráter. Eu preciso tapar estas rachaduras ainda presentes em meu viver.
Aquilo que se perde ao longo de uma viagem pode não fazer muita diferença. Mas se todos estiverem perdendo os valores e seus amores, como poderemos calcular estes prejuízos? Que Deus nos ajude a guardar as sementes e os atributos que um dia Ele confiou a cada um de nós.  

E a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus. (Filipenses 4;7)

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