A paternidade é a maior demonstração de fé que possa existir em um brasileiro. Gerar vida diante da morte iminente é ser corajoso.
No Paraná as chuvas levaram embora uma vida inteira de dignidade e trabalho, e com elas trazem os entulhos da dependência do estado e do município. Não sei o que é pior. Se é perder tudo, ou se é necessitar do governo para viver.
Hoje crianças foram mortas neste país de contradição. Deveriam estar sonhando com um futuro melhor, mas foram vítimas de um país que está preocupado em construir estádios para a Copa.
O auge da nossa decadência urbana, moral e social é que as emissoras de TV, hoje possuem o comentarista de arbitragem, de futebol, e de violência. É brincadeira!
Muitos pessoas estão isoladas no Paraná por causa das chuvas, mas somente são a representação física do que é a realidade do povo brasileiro. Um povo que está ilhado na pobreza e não há como romper com esta realidade. Um povo que está completamente desabrigado quando o assunto é a saúde e a violência.
Somos um país dependente do voluntariado e da misericórdia do próximo, embora sejamos um país cheio de riquezas.
Temos que pedir a Deus para sermos eternos contribuintes, porque se esperarmos que a recíproca seja verdadeira morreremos de fome ou em cima de alguma maca no corredor de algum hospital sem médico.
Enfim, crianças morreram assassinadas por um louco e talvez o governo não tenha muita culpa por isso.
Mas quando a merenda que deveria alimentar a fome das crianças se transforma em uma casa na praia de um deputado? E quando morrem pessoas na fila dos hospitais porque o vereador estava precisando comprar uma caminhonete 4X4? Será que existe diferença entre um homem que entra atirando numa escola e mata criancinhas indefesas, para estes outros assassinos engravatados?
Quando acontece uma tragédia sem precedentes como essa neste colégio carioca, os políticos fazem cara de piedosos e decretam luto, numa tentativa de expressar condolências e pesares. Mas será que eles não sentem nenhuma dor em ver seus “tiros” matando uma geração inteira de crianças que irão crescer sem comida, sem estudo, sem oportunidade, sem esperança, e sem nada...
Este país está metralhando nossa juventude e nossas crianças desviando dinheiro de merenda e colocando o dinheiro do bolsa escola no bolso deputado.
Isso não é uma chacina? Isso também merecia um minuto de silencio na câmara dos deputados e no senado. Isso merecia arrancar lágrimas de sua Excelência Dilma Roussef, porque, embora não tenha sangue no chão de outras escolas, as crianças que lá estão, também estão morrendo.
Quantos dias de luto serão decretados para todas as mortes por esta chuva de bandidagem que arrasta o futuro de milhares de pessoas deixando apenas os destroços da miséria, da dor e da falta de oportunidade.
Os 3,5 bilhoes de reais da corrupção que são destinados ao bolsa Dolce Gabbana da primeira dama e para o bolso vereador. O auxilio churrascaria “merenda” da câmara, e a bolsa de estudos paras os filhos dos prefeitos no exterior certamente tornariam este Brasil em um lugar melhor, mas os psicopatas e desavergonhados estão mais preocupados com suas próprias vaidades do que com as necessidades deste Brasil.
Políticos brasileiros, só não me venham com esta cara de piedade querendo demonstrar sentimentos com a morte dessas criancinhas, porque se isso fosse verdadeiro certamente a merenda, o leite, o dinheiro do bolsa escola, chegariam até as criancinhas, e não parariam nas âncoras de seus iates em Angra dos Reis.
Essas catástrofes reais e sanguinárias causam-me dor e indignação. Estou de luto por estas crianças que morreram, e continuo de luto por aquelas que sobreviveram e certamente irão sofrer nas mãos destes pedófilos que estupram nossas crianças e lhes roubam a dignidade de um futuro melhor.
Não consigo encontrar palavras que possam relatar o que sinto quando um homem consegue desviar a merenda escolar para comprar um carro importado, assim como não consigo encontra explicação para essa chacina em Realengo. Para mim são dois crimes parecidos, com personalidades muito semelhantes.
Enfim, não são as obras de estádios que desviam minha atenção a realidade brasileira, nem mesmo a comemoração emocionada do Rio de Janeiro como sede Olímpica.
Infelizmente a tragédia é a única forma de enxergarmos com clareza a realidade daquilo que é feito nas entrelinhas deste Brasil.
Minhas sinceras e reais condolências para as famílias das vitimas deste massacre pelo qual vivemos neste dia 7 de abril de 2011.
Acho que fui claro.
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