sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Falsificados pela tecnologia


Eles caminham olhando para os smartphones. A impressão é que estão vivendo em outro mundo. Vidrados nas mini telas, sorriem, almoçam, namoram. 
Derrotada está a lei da física. Um corpo pode ocupar dois lugares no espaço. Este feitiço de bipolaridade existencial que a tecnologia proporciona é nossa maior virtude, ou talvez seria a nossa mais profunda tragédia. A virtualidade com um poder quase que, divino, permite vidas simultâneas, com realidades diferentes, em mundos distantes.

O homem neste contexto virtualizado não é o reflexo de si mesmo e de suas histórias reais, mas a intersecção da tecnologia, com a mais profunda insatisfação pessoal. A tecnologia promoveu o poder de sermos algo que na verdade nunca sequer fomos, nem jamais seremos. Estes avatares são produções industriais. São todos iguais, com pensamentos prontos, amores semelhantes, ideias pequenas. São apenas bonecos sorridentes, com fotos bonitas, compartilhando frases legais, sem na verdade compreenderem uma vírgula daquilo que copiam e colam.
Enquanto esta pirataria virtual sobreviver, seremos apenas pequenos falsificadores de nós mesmos. Deus nos ajude a sobreviver a esta geração.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O outro evangelho


“admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho”. (Gálatas 1;6)

É realmente admirável o crescimento deste “outro evangelho”. Esta fala do apóstolo Paulo aos Gálatas é contemporânea, real, verdadeira. Ela se refere a um acontecimento rotineiro na vida e no coração daqueles que reconhecem Jesus como Senhor. O primeiro impacto da mensagem do Cristo na vida do homem é relevante, profundo, transformador. Não existe nada mais forte e real do que este encontro do filho com o Pai.

A mensagem de Cristo gera reflexão interior. Entretanto, passado o ápice emocional deste evento sensacional, a vida com Deus é serena e sóbria. Não possui nada de mais extraordinário, nem mares se abrindo a todo instante. Foi desta inércia sóbria que surgiram tantos outros evangelhos. Assim como alguém escravizado pelo vinho encontra no álcool sua solução, os religiosos se embriagam em suas práticas espirituais estranhas, no desejo de eclipsar suas mágoas, tristezas e rancores. O homem inventou o evangelho segundo suas próprias demandas para tentar resolver seus problemas a partir de si mesmo. São destas realidades individuais que a cada século, momento, época, surgem novas práticas, ideias e pensamentos, que ao longo da história se agregaram a fé, como se fizessem parte das palavras de Jesus e do evangelho do Reino.

O outro evangelho trocou a reflexão pela diversão. Minimizou Cristo, engradeceu o homem. Tornou Deus um meio para um fim material, totalmente carnal. Esta nova mensagem, deste novo evangelho é cativante porque preenche o orgulho ferido, ao mesmo tempo em que enaltece a vaidade do ter, possuir, conseguir.

Este evangelho cheio de antropocentrismo busca os braços de Deus, assim como um empregado puxa o saco do seu chefe. Este evangelho sucumbiria se o único triunfo de Cristo fosse a cruz do calvário e seu sangue que lava todas as feridas. Não restariam dez pessoas para contar os dissidentes.

Alguns chamam de teologias, ministérios, chamados, mas na verdade seu nome é “outro evangelho”, que sobrevive anunciando uma mensagem segundo a necessidade humana.  

A mensagem de Cristo estava totalmente alienada ao arrependimento e ao reino de Deus.

“Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer; Arrependei-vos, porque está próximo o reino de Deus”. (Mateus 4;17)

As boas notícias anunciadas por Jesus estavam relacionadas a chegada do Reino de Deus. Suas palavras eram introdutórias ao reino, suas parábolas eram direcionadas ao reino, seu entendimento era cativo do reino.

“Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino”. (Mateus 4;23)

Em sua vida o mestre preparou o homem através da mensagem do arrependimento. Em sua morte proclamou a vinda do reino, indo preparar lugar para um grupo de pessoas ansiosas em viver ao lado de um REI.

“Na casa do meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vos teria dito. Pois vou preparar-vos lugar”. (João 14;2)

O “outro evangelho” está se desenvolvendo falando sobre o reino dos homens. Pregando práticas humanas para obter ajudas divinas. O “outro evangelho” fala deste reino e das suas belezas. Este “outro evangelho” se gloria nas coisas, no poder deste mundo, nas promoções, nos carros importados, nos sorrisos.

O Evangelho de Deus fala sobre o Reino de Deus. Este evangelho não se preocupa demasiadamente com a condição humano-financeira, mas se deleita na profundidade espirito-racional. Este Evangelho se demora nas coisas eternas, por isso não se preocupa nas coisas temporárias. O “outro evangelho” traz fardos, pois concentra as pessoas a viverem suas vidas para si mesmas. Concentra a força da fé na fé, sem compreender que a fé deve residir em Cristo, e isto para a salvação, não para a promoção profissional.

O “outro evangelho” é humano, é carnal, é profissional. O “outro evangelho” é paixão, é motivação, é suor. O “outro evangelho” é sacrifício, é holocausto, é recompensa. Escraviza o homem neste reino finito de hipocrisias e competições. O “outro” inferniza o homem de tudo aquilo que ele precisa se libertar, empobrece-o de todas as coisas que precisa se enriquecer.

O Evangelho é simples, é divino, é amor. É graça, é favor imerecido. É libertador, é poderoso, é eterno. É espiritual, é livre, é grátis. Ricos estão aqueles que vivem na simplicidade do Evangelho que fala sobre o Reino e que busca o reino acima de tudo. Se existe um outro evangelho, também existe um outro mensageiro. O mesmo que anunciou a vinda do Reino, não é o mesmo que anuncia o carro importado.

Qual é o seu evangelho?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O mensageiro de Satanás


“Foi me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte”. (II Coríntios 12;7)

Estou demasiadamente cansado. Não consigo mais aguentar determinadas falas da religião cristã. Seus líderes estão contaminados pela vaidade do ter, embebidos do desejo ambicioso em multiplicar e arraigados na prática de um marketing pessoal nojento e hipócrita. É insuportável sentar numa cadeira e ouvir este culto a si mesmo sob o contexto de Jesus Cristo como Senhor. É insuportável ver a foto de homens sobre a ótica de deuses na entrada de templos.
Minha indignação ganha nomes e sobrenomes. Prefiro não cita-los. Por ter abandonado o mensageiro de Deus, a saber, Jesus Cristo, a igreja necessita urgentemente receber o mensageiro das trevas. Precisa de um espinho que os machuque significativamente, para que não se exaltem mediante a adoração pública dos ignorantes. Estes líderes necessitam ser esbofeteados, humilhados e, serão.
Estou cansado das apologias e fórmulas da fé a fé. Esta religião cristã que até hoje, pouco viveu pela fé em Cristo, mas pela fé em si mesma, até se baseia em versículos bíblicos, e de alguma forma adora a Jesus, mas no fim, aponta para o próprio umbigo dizendo: Você pode todas as coisas! Tome posse! Ordene a vitória! Estes conseguiram a façanha de transformar Deus em servo no coração dos pequeninos. Que grande tragédia, que enorme responsabilidade.
Estou cansado. Alguém precisa esbofetear esta corja de pseudoprofetas que vivem sob a máscara de santos. Vejo-me clamando a Satanás pedindo que envie seu mensageiro sem demora. Eles renegaram a mensagem da cruz. O meu alento é que, terão que lidar com os espinhos de Satanás. Estão adulterando a mensagem de Cristo, todavia, terão que enfrentar o mensageiro das trevas. Hipócritas e enganadores. Se não houver um arrependimento genuíno diante de Deus, serão esbofeteados para sempre na presença de Satanás.
Vocês fazem um favor a religião, mas lutam severamente contra o reino de Deus. Edificam templos, mas destroem a verdade. Deus envia teu Espírito para nos agraciar com sua presença, com seu amor, com sua graça. Satanás envia teu mensageiro para esbofetear esta igreja, seus profetas, seus artistas.  

”Não tivestes visões falsas e não falaste adivinhação mentirosa, quando disseste: O Senhor diz, sendo que eu tal não falei? Portanto assim diz o Senhor Deus: Como falais falsidade e tendes visões mentirosas, por isso, eu sou contra vós outros, diz o Senhor Deus” (Ezequiel 13;7)

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Espelho, espelho meu...


E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. (II Coríntios 3;18)
A fala de Paulo se refere aos homens de olhos desvendados. Daqueles que possuem o Espírito da Liberdade, que conseguem fazer suas próprias escolhas, enxergar verdades, lidar com contradições. É aquele que possui olhos e enxerga e, principalmente, discerne a palavra de Deus através de Cristo. O véu religioso está removido dos seus olhos, do seu coração, da sua personalidade. Esta fala revela que este homem contempla a glória do Senhor no espelho, ou seja, a sua própria imagem é a imagem de Deus. A vida deste homem é o reflexo da imagem do Criador. Qualquer de suas palavras são imagens divinas, sua alegria reflete na eternidade de Deus, não na contemporaneidade do hoje. Nele está um reflexo da glória de Jesus Cristo e esta imagem perfeita de Deus molda suas imperfeições. Ele não enxerga mais suas rugas, muito embora sejam visíveis, mas contempla a beleza de Cristo revelada através daquilo que vive em seu interior.  

Aqueles, nos entanto, que mesmo com os olhos desvendados tentam se embelezar a frente do espelho, ainda não compreenderam qual é a sua imagem. Aqueles que sofrem ao olhar o reflexo do espelho certamente não estão diante da imagem do Criador, que tudo pacifica, enche de graça, de paz. Se a imagem que reflete do espelho não é a glória divina, mas um lamento humano, algo precisa ser repensado.
 
O espelho revela identidade. Proporciona um olhar paralelo para si próprio, assim como o temos, quando olhamos para o outro. Nele encolhemos a barriga e estufamos o peito. As mulheres colocam saltos e querem ser desejadas. Os homens malham para ver no espelho o reflexo do seu corpo, da sua própria glória, do seu próprio desejo. Quanto mais o homem se concentra em si mesmo, mais o espelho reflete imperfeiçoes. Quanto mais belo fica em seus achismos, mais feiuras se revelam. Esta preocupação feminina, e cada vez mais masculina, pela sensualidade, deformou a imagem de Deus, que em Cristo foi sem formosura. Esta beleza sintética, corporal, física e carnal apenas envaidece o espelho a refletir a imagem que queremos ter de nós mesmos. Isto acontece fora de nós. Imagino que dentro, seja um pouco pior.
A imagem do seu espelho é a imagem de Deus?
Olhar no espelho e ver a eternidade de Deus refletida revela importância. Observar os defeitos serem absorvidos por aquele que não possui defeitos é o amor de Deus revelado em nós. Ser totalmente esvaziado, mas ao mesmo tempo cheio. Ao passo que enxergo a minha mais esdrúxula e total miséria de um lado, enxergo a riqueza deslumbrante Dele. Este espelho revela a glória de Deus, porque reluz vida e entendimento. Deus não está preocupado, como alguns acham, em evidenciar os defeitos e deformidades humanas, apenas em revelar o que é a perfeição na mais profunda realidade desta palavra. Ele é o perfeito que contrasta com aquilo que é informe.
Olhando profundamente no espelho nesta manhã vejo a glória de Deus. Vejo o cheiro da vida e das oportunidades. Percebo a perfeição de Deus revelada nas minhas mais profundas misérias. Vejo-o obscuramente, mas meu desejo é o ver face a face. Conheço sua beleza em parte, mas o conhecerei por completo. Enxergo seu rosto em meu espelho porque minha vida não tem sentido sem esta imagem que transforma todos meus defeitos em virtudes. Não quero ser feio, mas não desejo ser bonito. Esta vida de "espelho, espelho meu, existe alguém mais bonito do que eu?" é a busca desenfreada em distorcer minha imagem pela vaidade egoística em ser mais do que os outros!