segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Espelho, espelho meu...


E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. (II Coríntios 3;18)
A fala de Paulo se refere aos homens de olhos desvendados. Daqueles que possuem o Espírito da Liberdade, que conseguem fazer suas próprias escolhas, enxergar verdades, lidar com contradições. É aquele que possui olhos e enxerga e, principalmente, discerne a palavra de Deus através de Cristo. O véu religioso está removido dos seus olhos, do seu coração, da sua personalidade. Esta fala revela que este homem contempla a glória do Senhor no espelho, ou seja, a sua própria imagem é a imagem de Deus. A vida deste homem é o reflexo da imagem do Criador. Qualquer de suas palavras são imagens divinas, sua alegria reflete na eternidade de Deus, não na contemporaneidade do hoje. Nele está um reflexo da glória de Jesus Cristo e esta imagem perfeita de Deus molda suas imperfeições. Ele não enxerga mais suas rugas, muito embora sejam visíveis, mas contempla a beleza de Cristo revelada através daquilo que vive em seu interior.  

Aqueles, nos entanto, que mesmo com os olhos desvendados tentam se embelezar a frente do espelho, ainda não compreenderam qual é a sua imagem. Aqueles que sofrem ao olhar o reflexo do espelho certamente não estão diante da imagem do Criador, que tudo pacifica, enche de graça, de paz. Se a imagem que reflete do espelho não é a glória divina, mas um lamento humano, algo precisa ser repensado.
 
O espelho revela identidade. Proporciona um olhar paralelo para si próprio, assim como o temos, quando olhamos para o outro. Nele encolhemos a barriga e estufamos o peito. As mulheres colocam saltos e querem ser desejadas. Os homens malham para ver no espelho o reflexo do seu corpo, da sua própria glória, do seu próprio desejo. Quanto mais o homem se concentra em si mesmo, mais o espelho reflete imperfeiçoes. Quanto mais belo fica em seus achismos, mais feiuras se revelam. Esta preocupação feminina, e cada vez mais masculina, pela sensualidade, deformou a imagem de Deus, que em Cristo foi sem formosura. Esta beleza sintética, corporal, física e carnal apenas envaidece o espelho a refletir a imagem que queremos ter de nós mesmos. Isto acontece fora de nós. Imagino que dentro, seja um pouco pior.
A imagem do seu espelho é a imagem de Deus?
Olhar no espelho e ver a eternidade de Deus refletida revela importância. Observar os defeitos serem absorvidos por aquele que não possui defeitos é o amor de Deus revelado em nós. Ser totalmente esvaziado, mas ao mesmo tempo cheio. Ao passo que enxergo a minha mais esdrúxula e total miséria de um lado, enxergo a riqueza deslumbrante Dele. Este espelho revela a glória de Deus, porque reluz vida e entendimento. Deus não está preocupado, como alguns acham, em evidenciar os defeitos e deformidades humanas, apenas em revelar o que é a perfeição na mais profunda realidade desta palavra. Ele é o perfeito que contrasta com aquilo que é informe.
Olhando profundamente no espelho nesta manhã vejo a glória de Deus. Vejo o cheiro da vida e das oportunidades. Percebo a perfeição de Deus revelada nas minhas mais profundas misérias. Vejo-o obscuramente, mas meu desejo é o ver face a face. Conheço sua beleza em parte, mas o conhecerei por completo. Enxergo seu rosto em meu espelho porque minha vida não tem sentido sem esta imagem que transforma todos meus defeitos em virtudes. Não quero ser feio, mas não desejo ser bonito. Esta vida de "espelho, espelho meu, existe alguém mais bonito do que eu?" é a busca desenfreada em distorcer minha imagem pela vaidade egoística em ser mais do que os outros!

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