sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O outro evangelho


“admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho”. (Gálatas 1;6)

É realmente admirável o crescimento deste “outro evangelho”. Esta fala do apóstolo Paulo aos Gálatas é contemporânea, real, verdadeira. Ela se refere a um acontecimento rotineiro na vida e no coração daqueles que reconhecem Jesus como Senhor. O primeiro impacto da mensagem do Cristo na vida do homem é relevante, profundo, transformador. Não existe nada mais forte e real do que este encontro do filho com o Pai.

A mensagem de Cristo gera reflexão interior. Entretanto, passado o ápice emocional deste evento sensacional, a vida com Deus é serena e sóbria. Não possui nada de mais extraordinário, nem mares se abrindo a todo instante. Foi desta inércia sóbria que surgiram tantos outros evangelhos. Assim como alguém escravizado pelo vinho encontra no álcool sua solução, os religiosos se embriagam em suas práticas espirituais estranhas, no desejo de eclipsar suas mágoas, tristezas e rancores. O homem inventou o evangelho segundo suas próprias demandas para tentar resolver seus problemas a partir de si mesmo. São destas realidades individuais que a cada século, momento, época, surgem novas práticas, ideias e pensamentos, que ao longo da história se agregaram a fé, como se fizessem parte das palavras de Jesus e do evangelho do Reino.

O outro evangelho trocou a reflexão pela diversão. Minimizou Cristo, engradeceu o homem. Tornou Deus um meio para um fim material, totalmente carnal. Esta nova mensagem, deste novo evangelho é cativante porque preenche o orgulho ferido, ao mesmo tempo em que enaltece a vaidade do ter, possuir, conseguir.

Este evangelho cheio de antropocentrismo busca os braços de Deus, assim como um empregado puxa o saco do seu chefe. Este evangelho sucumbiria se o único triunfo de Cristo fosse a cruz do calvário e seu sangue que lava todas as feridas. Não restariam dez pessoas para contar os dissidentes.

Alguns chamam de teologias, ministérios, chamados, mas na verdade seu nome é “outro evangelho”, que sobrevive anunciando uma mensagem segundo a necessidade humana.  

A mensagem de Cristo estava totalmente alienada ao arrependimento e ao reino de Deus.

“Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer; Arrependei-vos, porque está próximo o reino de Deus”. (Mateus 4;17)

As boas notícias anunciadas por Jesus estavam relacionadas a chegada do Reino de Deus. Suas palavras eram introdutórias ao reino, suas parábolas eram direcionadas ao reino, seu entendimento era cativo do reino.

“Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino”. (Mateus 4;23)

Em sua vida o mestre preparou o homem através da mensagem do arrependimento. Em sua morte proclamou a vinda do reino, indo preparar lugar para um grupo de pessoas ansiosas em viver ao lado de um REI.

“Na casa do meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vos teria dito. Pois vou preparar-vos lugar”. (João 14;2)

O “outro evangelho” está se desenvolvendo falando sobre o reino dos homens. Pregando práticas humanas para obter ajudas divinas. O “outro evangelho” fala deste reino e das suas belezas. Este “outro evangelho” se gloria nas coisas, no poder deste mundo, nas promoções, nos carros importados, nos sorrisos.

O Evangelho de Deus fala sobre o Reino de Deus. Este evangelho não se preocupa demasiadamente com a condição humano-financeira, mas se deleita na profundidade espirito-racional. Este Evangelho se demora nas coisas eternas, por isso não se preocupa nas coisas temporárias. O “outro evangelho” traz fardos, pois concentra as pessoas a viverem suas vidas para si mesmas. Concentra a força da fé na fé, sem compreender que a fé deve residir em Cristo, e isto para a salvação, não para a promoção profissional.

O “outro evangelho” é humano, é carnal, é profissional. O “outro evangelho” é paixão, é motivação, é suor. O “outro evangelho” é sacrifício, é holocausto, é recompensa. Escraviza o homem neste reino finito de hipocrisias e competições. O “outro” inferniza o homem de tudo aquilo que ele precisa se libertar, empobrece-o de todas as coisas que precisa se enriquecer.

O Evangelho é simples, é divino, é amor. É graça, é favor imerecido. É libertador, é poderoso, é eterno. É espiritual, é livre, é grátis. Ricos estão aqueles que vivem na simplicidade do Evangelho que fala sobre o Reino e que busca o reino acima de tudo. Se existe um outro evangelho, também existe um outro mensageiro. O mesmo que anunciou a vinda do Reino, não é o mesmo que anuncia o carro importado.

Qual é o seu evangelho?

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