As crianças sabem desenhar a
feliz-cidade. Com algumas retas, uma casinha com chaminé. Uma arvore ao lado, uma
família de mãos dadas e pronto. Nada mais é preciso.
A essência da felicidade infantil é
a união. Talvez, umas das primeiras convicções humanas que permeiam nosso
intelecto seja o senso da necessidade da família. As crianças nascem sabendo
aquilo que os adultos precisam estudar para entender.
As mãos dadas é que geram sentido
para o sol atrás das montanhas, para as cores das pétalas das flores. Mande uma criança desenhar sua felicidade e lá
estará sua família. A feliz-cidade é um lugar onde as montanhas são apenas
cenários, não enormes obstáculos. A feliz-cidade é dar a mão, é dar vida, é dar
amor, é dar atenção.
As crianças são professores. Nós
seus aprendizes. Em seus desenhos tão rabiscados revelam toda nossa estupidez. Se
os adultos desenhassem a alegria, faltariam pessoas, sobrariam coisas. Tudo seria
abstrato, impossível de descrever. Tudo seria egoísmo, difícil de explicar.
A feliz-cidade é ter mãos dadas com
alguém. A triste-cidade é ter mãos, mas não ter o alguém. Os desenhos infantis
rabiscam nossa insensatez, desdenham da nossa ignorância, porque largamos as
mãos para ter as coisas, e no fim, tentamos usar as coisas para reatar as mãos.
Deus nos ajude!
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