Estou impactado pelas luzes, pelo
resplendor, pela glória da cidade de Macau. Neste último final de semana
conhecemos aquela antiga colônia Portuguesa. Jesus deve ter visto estas luzes, quando no
alto do Pináculo do templo, Satanás mostrou toda a glória dos reinos. Os muitos
cassinos construídos recentemente alavancaram o poder econômico da cidade, que
se transformou no jardim do Éden dos jogos de azar.
Ao entrar num destes luxuosos
cassinos, uma multidão de pessoas descortinou em nossa frente. Aquele cenário
cercado por robôs de carne e osso impactou meu coração. Embriagadas por um
desejo totalmente irrefletido de ter, possuir, vencer, ganhar, pareciam
desconhecer qualquer tipo de lucidez ou serenidade. Diante desta fotografia
humana imaginei que se Jesus tivesse entrado num cassino, teria contado uma
parábola sobre a igreja moderna.
Como todo jogo, a religião é
viciante, e algo que é muito semelhante entre um jogador e um cristão
contemporâneo é que, os dois possuem a convicção que estão ganhando, no entanto, acumulam enormes
derrotas.
Entre o que aposta sua
“fidelidade” (dinheiro) em Deus para obter lucros, e aquele que compra fichas
para aplacar seu desejo incontrolável de jogar, a diferença é apenas o cenário,
porque o contexto é o mesmo.
Este deus venerado pelos pelos jogadores da fé é
miserável, porque somente se comove com apostas altas. Ele mora em Las Vegas e
passa férias em Macau, porque vive da fé que transforma “fidelidade” em dinheiro.
Este amor ao bolso não é divino, mas é humano, interesseiro, leviano. A
religião cristã não possui mesas nem cartas, mas está cheia de fichas
na fé, nos propósitos, correntes, novenas, romarias e campanhas. Aprendeu a movimentar a adrenalina
e a emoção do povo, gerando a mesma irreflexão de quem está sentado numa mesa
de pôquer por horas. Ainda existem aqueles que buscam a Deus com sinceridade de coração. Estes não são uma religião, mas a verdadeira igreja de Cristo, que, pequenina, ainda sobrevive por causa da verdade que habita no coração de quem ama a Deus com sinceridade.
A fé não deveria ser trocada por
dinheiro. Jesus não ensinou isso, pelo contrário, recusou a proposta de Satanás
das pedras se tornarem pão. A alquimia de transformar a fé em ouro é a
demonstração da pobreza das nossas perspectivas de quem seja Deus de fato. A fé não é
aposta, não é um jogo. A fé não é adrenalina, não é emoção. Ela é convicção,
certeza, salvação, plenitude.
Quem joga cartas com Deus não
o tem como Pai, mas como cafetão. Sua fé são fichas, seu amor é emotivo, sua
vida é miserável. Nada diferente do que vi nos cassinos neste fim de semana!
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