quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Quebra-cabeça

Ontem dormi mais tarde. Passei algumas boas horas tentando montar uma mesinha. Aquelas três madeirinhas simples me fizeram desprezar a leitura do manual de montagem. No fim, foram quase duas horas colocando parafusos nos lugares errados, forçando os encaixes e perdendo a paciência. Perder para aquela mesinha inofensiva me deixou extremamente nervoso, mas pensativo. Talvez a vida tenha alguma semelhança com isto. Todos nós nascemos com a matéria prima da felicidade ainda bruta e desmontada dentro do nosso ser. Assim como Deus criou o trigo e nós o transformamos em deliciosas massas, em maravilhosos bolos, e no pão nosso de cada dia, nós devemos fazer o mesmo com a felicidade. Deus entregou para cada homem uma criação, que é fruto do entendimento, da reflexão, e da inteligência. Construir uma família, até mesmo os menos letrados conseguem, difícil é encaixá-la sobre os fundamentos da felicidade e da plenitude.

O casamento é na verdade uma mesinha a ser montada. Não existe nada de muito complicado em amar outra pessoa, mas porque é tão difícil “encaixar” um relacionamento? Pode ser que passamos horas forçando os encaixes e colocando parafusos nos lugares errados. Na minha primeira montagem, usando a força e o nervosismo como ferramentas, minha mesinha até ficou de pé, mas não suportou sequer o peso das minhas mãos. Quais são as ferramentas que usamos para construir? Talvez o sentimento do “está faltando alguma coisa!” esteja levando milhares de pessoas a procurar no outro, no mundo ou nas coisas, os parafusos e peças que possam dar o encaixe e a firmeza para a mesinha, mas isso é pura ilusão. Todas as peças do quebra-cabeça estão dentro do homem. Procurar no outro ou em qualquer lugar os encaixes é apenas uma frágil demonstração que algo se perdeu dentro de nós.

Depois de algum tempo, larguei tudo que estava fazendo. Parei de falar um tom mais alto de indignação, arranquei os parafusos, tirei os encaixes. Peguei o manual de montagem e passei a observá-lo com mais cuidado. Pouco tempo depois eu havia descoberto onde estava o problema. O problema não estava com a mesa, mas estava em eu não compreende-la. O problema não estava com os parafusos que eu tanto me indignei, mas estava em não saber coloca-los no lugar certo. Eu tenho uma leve desconfiança que a vida necessita de um olhar um pouco mais profundo, mais calmo, mais reflexivo. Quem sabe, não seja este o momento de olharmos para dentro de nós, e repensarmos, se a vida é injusta, se a felicidade é ilusória, ou não seriam apenas os parafusos que estão no lugar errado...

As peças que faltam para montar a felicidade estão dentro de você. Encontre-as!
Pense nisso!

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