sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Enfrentando as crises...

Assim como em todas as savanas tropicais, o fogo tem sido um importante fator ambiental em nas florestas desde há muitos milênios e tem, portanto, atuado na evolução dos seres vivos desses ecossistemas, selecionando plantas e animais. Entretanto, um observador mais atento irá notar diversas outras respostas da vegetação ao fogo, como a rápida rebrota das plantas, dias após a queima, a abertura sincronizada de frutos e intensa dispersão de suas sementes. Existe ainda uma grande parte de espécies de sementes que são estimuladas pelo fogo. O fogo ainda promove todo um processo de reciclagem da matéria orgânica que, ao ser queimada, transforma-se em cinzas, que se depositam sobre o solo e, com as chuvas, têm seus elementos químicos transformados em nutrientes às raízes das plantas.
Sendo assim, ao contrário do que muitos pensam, o fogo de intensidade baixa ou moderada não mata a grande maioria das plantas que são adaptadas a esse fator ecológico. Pelo contrário, para muitas espécies, principalmente as herbáceas, o fogo é benéfico e estimula ou facilita diversas etapas do ciclo de vida natural deste planeta.
O fogo não passa de uma crise que algumas florestas precisam enfrentar. As crises, embora tão temidas e um tanto quanto destrutivas, possuem um poder terapêutico e renovador. Elas destroem as velharias frágeis e possibilitam a dispersão de novas sementes e novas perspectivas. O fogo, desde que controlado, é um aliado da natureza em selecionar o que existe de melhor e mais forte. As crises fazem o mesmo conosco. Alguns homens se orgulham de não as terem enfrentado, isso pode ser confortável, entretanto, de forma alguma nos leva a compreender melhor as coisas desta vida. Desde que a crise não tome as rédeas da vida, ela é fundamental. Ela faz com que concentremos uma maior parte dos nossos pensamentos, das nossas forças, da nossa inteligência. Ela queima nossas fragilidades, destrói nossos orgulhos e revela boa parte das nossas ignorâncias. Ela mortifica nossa natureza fraca e debilitada, ao mesmo tempo em que estimula novos pensamentos e possibilidades. O solo de quem venceu crises é mais fértil. A natureza de quem enfrentou o calor do fogo é mais variada, mais densa, mais florida e muito mais bonita.
Infelizmente esta geração não pode ser apurada pelo fogo. Ela não está preparada para crescer e germinar novas perspectivas e ideias. Ela está acomodada com uma forma de viver, e não está nem um pouco interessada em lidar com situações que fujam da rotina do seu dia a dia.
Se o fogo tomou proporções maiores e destruiu a sua natureza, a culpa não foi da faísca, mas do combustível que ele encontrou no seu coração. Se as lágrimas do perdão e do entendimento fazem cessar as fagulhas, o orgulho e a vaidade são a palha seca. 
O fogo que parece destruidor é apenas um instrumento divino reciclando nossas velharias e as transformando em adubo. A verdade é que algo precisa ser queimado na personalidade e na essência do EU. Basta apenas coragem para admitirmos isso. O que parece ser ruim, na verdade é bom. O que muitas vezes parece ser bom, no fim acaba sendo ruim. O fogo e as crises são assim.
Pense nisso!

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