Se fôssemos tentar lembrar do nome dos doze apóstolos, certamente Tomé estaria entre eles, entretanto, diferentemente de Pedro, ou de João, ele ganhou fama por causa de um “defeito” e não de uma virtude.
Jesus havia ressuscitado e os apóstolos estavam trancafiados em casa com medo dos judeus, e então o Cristo apareceu entre eles. Entretanto Tomé não estava ali naquele momento, e quando chegou em casa, presenciou um fusuê apostólico.
Os discípulos estavam de pé comentando sobre o acontecimento quando Tomé abriu a porta. Então se dirigiram a ele dizendo todas as coisas concernentes ao Filho de Deus, mas ele simplesmente queria ver e tocar em Jesus para crer.
Diante desta passagem histórica e muito conhecida Tomé ficou conhecido pela sua falta de fé, e isso o tornou um exemplo a não ser seguido.
Mas encontrei neste homem algo muito maior do que somente um incrédulo qualquer, encontrei nele verdade e coragem.
Tomé poderia ter exultado juntamente com todos os discípulos, mas na verdade em seu coração não acreditado em nada, no entanto ele se expôs naquele dia. Ele falou a verdade sobre sua fé, e sobre o seu interior. Não quis bancar o espiritual, mas revelou sua deficiência na hora de crer naquilo que seus olhos não podiam ver.
Acredito que poucos de nós temos esta fé verdadeira.
Romper com a tentação de bancar o Pedro corajoso, quando na verdade, não passamos de um Tomé cheio de dúvidas, é um desafio para todo homem.
Este homem revelou sua fragilidade espiritual diante de todos os seus amigos, isso realmente foi uma falta de fé, mas também foi uma demonstração de coragem, e de sobriedade.
Esta atitude nos faz descobrir que Tomé não queria aliar sua fé nas experiências dos outros, e isso é um ensinamento maravilhoso.
Será que em meio a uma reunião sacerdotal algum homem teria a coragem de Tomé e se expor desta forma?
Acredito mais na falta de fé verdadeira, do que na fé mentirosa e fingida, porque Jesus apareceu para Tomé oito dias depois. Se Jesus não tivesse compromisso com a verdade Tomé teria ficado na dúvida para sempre, entretanto, quando o homem tem a coragem de expor sua fragilidade por uma verdade, Deus tem interesse em se revelar para ele.
Logicamente que devemos desenvolver uma fé não por vista, até porque a fé está relacionada ao que não vemos, entretanto, em dias em que o sagrado é negociável, acredito que Tomé não seja mais um exemplo tão negativo assim.
Tomé ensinou ao homem o poder da falta de fé aliada a verdade. Todos os céticos e ateus tem o direito de serem incrédulos, e diante deste cenário, pasmem, Deus tem mais compromisso com eles, do que com as centenas de falsos espirituais que nos rodeiam.
Este apóstolo foi corajoso e intrépido. Poderia ter tido fé e acreditado em seus amigos, mas jamais quis camuflar uma verdade apenas para agradar ao publico que o cercava.
Para viver em um mundo cheio de “apóstolos”, “milagreiros” e “profetas”, é necessário ter a virtude de Tomé, sob pena de desenvolver uma fé baseada nas experiências místicas de outras pessoas. A fé precisa de uma experiência individual e profunda. Quando o homem não tem esse encontro com o Sagrado, ele passa uma vida crendo, mas na verdade duvidando, e isso torna o ser humano frágil as tragédias da vida.
Tomé viu e tocou em Jesus. Ele poderia ter se contentado com a experiência que seus amigos viveram, mas sua verdade permitiu que vivesse um dos encontros mais impressionantes de toda a história deste mundo.
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