O carnaval me faz lembrar alguns rituais da antiguidade. Ele traz bastante dança, bebidas, acasalamentos e sacrifício. Todos nós sabemos que o carnaval será no ritmo do axé até terça e no ritmo fúnebre nas quartas feiras em que os corpos se transformam em cinzas para sempre. Entretanto, ainda enxergamos lucro mesmo em meio a morte, porque nos acostumamos a entender que vale a pena morrer para que outros possam viver. Não estou sendo espiritual a ponto de ser contra festividades e danças. Sou contra tudo que tira o homem da sobriedade, porque é desta forma que o pai de família, responsável e honesto, se transforma em um assassino e prostituto. Essa metamorfose humana que se revela nestes quatro dias podem ter desdobramentos eternos, e isso nem todos descobriram.
O mundo da fantasia termina, e com ela milhares de homens percebem que não somente a quarta feira, mas a quinta, a sexta, o sábado, a semana que vem e o resto dos seus dias serão cinzas.
Neste período de festa brasileiro existem mais mortes do que na Líbia que está em uma revolta popular, no Afeganistão, no Egito, e certamente se o Iraque estivesse em Guerra superaríamos também.
Mas descartando os sacrifícios humanos que todos nós achamos válidos para que o Brasil possa festejar, ainda existem as doenças sexualmente transmissíveis, as crianças que irão nascer em dezembro sem lenço, sem pai e documento.
Mas vale a pena! É festa não é mesmo?
Os 189 sacrificados foram por uma boa causa. Isto contando somente as mortes no trânsito, esquecendo-me das overdoses, dos afogamentos, das confusões e dos assassinatos. Neste tacho de canibalismo onde o que importa é beber e se “divertir” a água está esquentando, e esse ano foi o vizinho, mas o ano que vem pode ser você.
Quem pode restituir as vidas que se perderam? Nem beijando a flor o homem irá conseguir compreender que existe vida após o carnaval.
Vai vai fazer o brasileiro entender isso...
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