quinta-feira, 24 de março de 2011

O poder do sal grosso

Há pouco tempo recebi um e-mail relatando as inúmeras forças eletromagnéticas do sal, e seus poderes de agir sobre as energias negativas, entre elas a inveja o mau olhado, e aquela centena de coisas ruins que todas as pessoas pensam uma das outras. Como ainda prefiro estar sóbrio e possuir um conhecimento puro, sem intervenções místicas, humanas e religiosas, decidi estudar a fundo o que realmente existe de verdade neste condimento tão presente em todo o mundo.
Há cerca de 5.000 anos as civilizações babilônicas, egípcias, pré-colombianas e chinesas possuíam o conhecimento do sal. Escasso, ele era vendido a preço de ouro, e o que poucos sabem é que a origem da palavra salário, veio do costume romano de pagar seus soldados com sal. A origem da palavra “salgado” quando os preços estão altos, está explicado, depois de muito tempo!
Além da economia, o sal também tem uma importância cultural e religiosa. Ele é usado há muito tempo no xintoísmo para purificar coisas, e os budistas usam sal para afastar o mal. Em tradições judaico-cristãs, o sal era usado para purificar pessoas e objetos, como oferenda e para assinar declarações. Em várias culturas, acredita-se que o sal tem o poder de afastar espíritos densos e as energias negativas. Por essa razão, era oferecido aos deuses para afastar os demônios e muitos sacerdotes utilizavam-no nos rituais e nas cerimônias mágicas.
Os árabes citam recomendações de Maomé para: "começar pelo sal e terminar com o sal; porque o sal cura numerosos males". Também é considerado símbolo da incorruptibilidade - pois é a marca da eternidade e da pureza, porque jamais apodrece ou se corrompe; e da lealdade - como pode ser visto na Bíblia. Largamente utilizado pelos esotéricos, o sal é recomendado para a limpeza da aura, ou seja, o campo de luz que envolve o corpo humano. Quando a aura está saturada, o sal é o único composto que a recompõe rapidamente. Segundo o esoterismo, o banho de água e sal é excelente para expandir a aura.
No candomblé, religião trazida para o Brasil pelos escravos africanos, o sal tem importância fundamental. Na tradição africana, quando uma pessoa muda, deve entrar na nova casa levando primeiramente um copo de água e outro de sal.
Então além de temperar nossas comidas e por muito tempo ter servido de um poderoso conservador de alimentos, o sal está envolvido em um misticismo que se conservou durante todos estes milênios e chegou até os nossos dias temperado com a modernidade e as demandas da contemporaneidade.
Nas tão famosas parábolas de Jesus, o sal também esteve presente e tirando toda névoa da cultura, da religião e do místico podemos fazer algumas perguntas sóbrias, com respostas simples.
Foram muitas receitas que descobri como conseguir deixar os ambientes mais “leves” com o sal. Descobri que o homem acreditou que o que realiza a cordialidade e a harmonia em um ambiente, não são as atitudes e a forma dele viver, mas a quantidade de energia e sal que estão no canto da sala.  
Não, não e não!!! Também não há a necessidade de refletir o viver percebendo que o  individualismo e arrogância são pesados, e tiram as forças de qualquer lutador de sumô.
Certa vez, quando escrevi um texto sobre as nossas maldades, alguém me interpelou dizendo: isso tudo é verdade, mas não podemos dar bola para isso!
É por este pensamento frágil e tolo, que somos promovidos na profissão, mas quando o assunto são os relacionamentos, as emoções e a espiritualidade, continuamos no jardim de infância.
Esta mística que envolve o sal é muito cômoda para todo ser humano, porque deposita no sal, aquilo que deveríamos fazer na prática. Esta espiritualidade que inocenta nossas mais variadas práticas ilegais, antiéticas e imorais, para delegar nas energias do além as nossas angustias é papo para boi dormir.
Nós fomos chamados para temperar este mundo, e o tornar um lugar mais saboroso e alegre. O homem que possui este tempero divino conserva o amor, a alegria, a paz e a paixão, porque são estas atitudes que tornam nosso viver mais alegre e mais “leve”.
Os empacotadores de sal jamais teriam problemas e “pesos”, mas certamente eles possuem uma imensidão deles como eu e você.
Não acredito em nada que roube aquilo que o ser humano foi chamado a fazer. Não acredito nestas manifestações cômodas para nossos egos, que nos fazem fugir das atitudes que precisamos tomar.
É fácil espalhar sal para afastar os maus presságios, mas como fazemos para acabarmos com a nossa inveja e com os nossos maus olhares? Certamente isso, os místicos jamais pensaram, porque sempre viram maldade nos olhos dos outros, sem nunca perceberem que o principal problema que precisa ser banido de suas vidas, é a sua própria forma de enxergar e lidar com o mundo e com as pessoas.
A inveja que precisa ser combatida é aquela que existe escondida dentro de nós. Jesus não encontrou problemas, muito menos deu soluções contra os maus olhados e os invejosos, mas mostrou ao homem que o que realmente poderia tornar seu mundo tenebroso e escuro era a forma como enxergamos, e não como somos enxergados. Por isso Deus não ofereceu ao homem um banho salgado, mas o chamou de sal da terra e luz do mundo. Quando somos temperados pelo entendimento e sabedoria divina não precisamos nos submeter as estas práticas milenares e pouco inteligentes.
Para os místicos eu faço um desafio. Você está se sentindo pesado? Aqui vai uma receita! Coloque uma caixa cheia de perdão no canto da sua sala. No outro encha suas vasilhas de amor e sorrisos. Tome um banho demorado de entendimento e sabedoria.
Não buzine quando abrir o sinal, aprenda a conjugar os verbos desculpar, convidar, retribuir e agradecer.
Faça uma carreira de boa fama e consciência tranqüila. Respeite a pessoa que dorme junto com você, e você irá perceber que seu coração jamais ficará pesado!

Um comentário:

  1. Que é isssssooo rapaiz??
    Muito bom e verdadeiro este teu comentário!!!
    Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
    Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
    Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
    Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus!!
    Mat 5: 13-16
    Graça e paz e Deus Abençoe ricamente!!

    ResponderExcluir