quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

parte 2 - O lobo que existe em mim

Mais uma vez algo comum no dia a dia humano é usado por Jesus. A arvore e seus frutos. Jesus estava dizendo a cerca da esperança que Deus tem com cada ser humano, porque toda arvore gera uma expectativa. Todas as vezes que plantei uma árvore acompanhei seu crescimento, sua luta contra os insetos, contra o clima, contra a aridez da terra, e todos os outros fatores que podem influenciar o desenvolvimento de uma planta.
Entretanto, não há esperança maior do que o dia que ela floresce. Um homem gera essa expectativa no coração de Deus. Ele é plantado, direcionado, regado, enxertado, adubado, para que dê fruto. Não há outro propósito em uma arvore a não ser o fruto.
Recém cheguei em uma cidade repleta de pés de laranja. Muitas laranjas amarelinhas enfeitam a minha cidade, e aquilo gerou em mim uma expectativa. Como será a fruta? Será que é boa? E não temos nós esta expectativa sobre os homens? Não perguntamos, se o fulano é gente boa? Todos nós estamos buscando frutos bons, pessoas boas, coisas boas. E Deus estaria procurando algo diferente? Depois de alguns dias me arrisquei um pouco ainda tímido em experimentar aquele fruto. Não me lembro de ter comido uma laranja mais azeda em toda a minha vida. Em suma, descobri porque os pés estavam carregados: certamente porque ninguém comia.
Por fim cheguei a conclusão que aquelas arvores eram apenas um enfeite para embelezar as ruas da cidade. Para algumas pessoas, é verdade, isto é o fim dos seus meios, mas certamente para Deus absolutamente não. Enquanto existe uma centena de pessoas embelezando este mundo, Deus está procurando aqueles que possam alimentar esta terra.
Não podemos então fugir desta pergunta difícil novamente. Que arvores somos nós?
Novamente teremos que desconfiar do nosso censo de justiça, e adentrar no mais profundo do nosso ser, sob pena de superficialmente termos a certeza da doçura dos nossos frutos. Certamente a primeira coisa que o nosso ego nos faz enxergar é uma laranjeira com laranjas estupidamente doces, não é mesmo? Mas será que somos esta arvore mesmo? Será que se olharmos para dentro de nós desnudados de nossas hipocrisias podemos realmente encontrar tanta doçura?
Se os nossos uivos e mordidas revelam o lobo que existe em nós, o azedo e o amargo dos frutos revelam a árvore que somos.
Os falsos profetas são homens que certamente vivem de aparências. São homens que estão fardados de atributos visíveis belos e importantes para a sociedade, entretanto são amargos e traiçoeiros.
Jesus atacou a hipocrisia religiosa porque na religião os lobos encontram suas mascaras. Eles fazem orações publicas, fazem generosidades em cima de altares e púlpitos, realizam obras, vestem roupas sacras, vivem com rostos contritos, com adereços santos e bentos, entretanto, quanto mais atributos religiosos o homem possui, mais disfarces ele consegue.
Quem poderia imaginar que um sacerdote estupraria uma criancinha? Quem poderia desconfiar do caráter de um homem que carrega um livro sagrado de baixo do braço? Quem pode questionar a fidelidade destes homens? Quando o homem se envolve dos adereços religiosos ele protege toda a sua malicia, toda a sua miséria, todas as coisas mais escondidos no interior do seu coração. Jamais poderemos imaginar que um homem religioso tenha pensamentos descabidos e impuros, entretanto, eles o têm, porque se o Apóstolo Paulo os teve quando disse “aquilo que quero isso não faço, mas aquilo que odeio isso realizo... miserável homem que sou, quem me livrará do corpo desta morte”, é porque certamente todos os homens inclusive os mais aparentemente beatos também possuem. O amargo dos seus frutos e a sua pele de cordeiro estão ocultas em meio a sua aparente santidade, devoção e cuidado. A religião se transformaria ao passar dos anos, na lã em que os lobos iriam se esconder, nos frutos belos que os hipócritas iriam se aproveitar.
Os homens se aproveitaram da inocência das ovelhas para lhe arrancarem a lã, lhe quebrarem as pernas, lhe queimarem a gordura.
Ou a religião cristã não se aproveita da fragilidade das ovelhas? Ou vai dizer que a história dela não nega suas mordidas, seus amargos, seus latidos e suas podridões?
Ou estou vendo algo irreal e criado por minha mente, quando vejo altares de ouro, cetros de ouro, palácios, templos enormes, homens ricos “com votos de pobreza”, a custa de quem? Das ovelhas. Foi assando a carne e vendendo a lã que a igreja cristã construiu seu império, seu país, seus dogmas e seu poder. É assim que os evangélicos por trás de Cristo constroem também um neo-império sacro nesses dias.
Acautelai-vos dos religiosos. O que Jesus estava informando ao homem é que não podemos alienar santidade e verdade aos homens sem antes provarmos de seus frutos. Por isso as mulheres e os homens estão vivendo dias tão ruins também em seus casamentos. Vivemos um momento critico na família por falta de cautela. As pessoas se unem conhecendo a cama, o sexo, os desejos, mas não experimentam o fruto. Centenas e centenas de separações estão acontecendo, porque os homens e mulheres casaram com frutos bonitos, mas somente experimentaram o azedo e o amargo um do outro depois que estavam juntos em definitivo.
Acautelai-vos dos falsos profetas que se apresentam em pele de cordeiro do amor, em frutos belos de fidelidade, mas são apenas falsos profetas querendo morder a parte que lhe cabe da felicidade. Olha como Jesus é profundo na hora de cuidar do nosso hoje!
Muitos casamentos terminam com esta fala: “Depois que me casei ele mudou da água para o vinho”! Essa fala revela quantos disfarces o homem se utiliza para ser alguém que nunca foi. O casamento é a transformação da água em vinho. É o colher das uvas doces da vida de duas pessoas, e fermenta-las com o amor de Deus. Esse casamento é maduro e seguro nas tempestades e crises que certamente irão ocorrer.
O casamento é a concretização do que duas pessoas experimentaram uma da outra. Conhecer antes de se entregar a alguém seja quem for, é agir com cautela, e quem é cauteloso está protegido de ser enganado pelos falsos profetas espalhados por todas as áreas deste mundo.

Acautelai-vos...

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