Ainda neste paralelo de lobos e ovelhas, de figos e abrolhos, e uvas e espinheiros, Jesus caminha pela eternidade e chega “naquele dia”. Este dia será a maior contradição de toda a história. Este dia os lobos serão desmascarados. Neste dia os frutos serão colhidos. Fico imaginando Jesus experimentando os frutos e fazendo cara de azedo, aquela que fazemos quando chupamos um limão.
“Naquele dia” estará uma turma na entrada da porta larga com cartazes e microfones. Uma verdadeira passeata, com panelaço e indignação. Uma infinidade de lideres, de cantores, de artistas, de religiosos, milagreiros, benzedeiros, estarão em cima dos palcos que tanto pisaram em suas vidas. Estarão liderando uma revolta contra a justiça de Deus. Uma centena de pastores, padres, mestres, doutores, diáconos, presbíteros, papas, bispos e os mais variados gurus, estarão se perguntando: o que está acontecendo?
Alguma coisa está errada? Porque a porta se fechou e nós ficamos de fora?
Ouvirão uma voz que lhes dirá: Olha, eu não conheço nenhum de vocês.
Uma fala forte não é mesmo? Ela foi direcionada para aqueles que estão vestidos, mascarados, disfarçados, que estão na festa a fantasia da religião. Uma festa que retira a identidade pecadora do homem, e lhe entrega uma imagem santa e imaculada.
Este disfarce os apóstolos rejeitaram. Paulo e Silas rejeitaram quando foram chamados de deuses. Pedro rejeitou quando Cornélio se ajoelhou diante dele.
Jesus ensinou ao homem uma verdade muito profunda. Embora nossa geração encontre no milagre a representação da presença de Deus na vida de um homem, Jesus nem sequer conhece a maioria deles. Enquanto nós reconhecemos Deus nas manifestações sobrenaturais, Jesus se manifesta nas coisas mais naturais. É no amor, na alegria, no perdão, no carinho, na paciência, na paz, na fidelidade, na bondade, que Jesus se revela.
O que Jesus estava dizendo é que uma centena de homens estão envolvidos com Jesus, mas Jesus não está envolvido com eles. Jesus não conhece os lobos, ele somente sabe os nomes das ovelhas. Por isso naquele dia, mesmo ao som de vaias e protestos, Jesus irá olhar para esta alcatéia de lobos devoradores que operam milagres e prodígios e irá dizer: Não vos conheço!
O homem pode falar eloquentemente de Jesus para os outros, operar curas fenomenais, realizar milagres fantásticos, expelir demônios com genialidade, mas se não tiver amor, nenhuma dessas nobres obras tem valor algum. Se o profeta não falou por amor a vida de quem escutou, tudo foi reduzido a uma palestra. Se o milagre aconteceu por amor, aquele evento se transformou em uma cirurgia. Se alguém expeliu um demônio, mas não foi por amor ao endemoninhado, aquilo foi somente uma sessão psiquiátrica.
O amor é que introduz o homem no caminho estreito, não o milagre.
Jesus está se despedindo do Sermão avisando. Não é o que Deus realiza através do homem que o leva para eternidade, mas aquilo que o homem realiza através de Deus. As curas, os milagres, e tudo que é sobrenatural, é poder de Deus, realizado por Deus através do homem. Entretanto realizar a vontade de Deus é uma ação e uma escolha humana. Amar a Deus e ao próximo como a ti mesmo. Perdoar e ainda oferecer a outra face. Cuidar do que é sagrado e do que é santo. Ter uma vida de intimidade com Deus com sinceridade. Não julgar o próximo. Buscar realizar estas atitudes que são desconfortáveis para nós mas trazem conforto para os outros. Para Jesus este é o maior milagre que possa existir. Esta é a maior cura que possa ser realizada. Isto é compreender Jesus e isto é que leva o homem para perto do Cristo ressuscitado. Não é o que Deus faz por mim que muda meu caráter e minha história, mas aquilo que eu posso fazer por Deus, que me leva para a eternidade e para a plenitude da alegria e da sabedoria
O homem pode realizar milagres, mas mesmo assim pode estar fora de compasso com a vontade de Deus. Alguém já pensou nisso?
Alguém já pensou que uma grande maioria dos homens que a igreja católica escolheu como santos por causa dos milagres podem estar do lado de fora da porta naquele dia?
E depois disso tudo, Jesus fala uma frase em que eu regozijo o meu espírito! Estarei liberto desta corja que cura em nome do Senhor, esta corja que profetiza em nome do Cristo, este bando que expele demônios em nome de Jesus, esta matilha que opera milagres no nome do divino.
Não encontrarei lá no céu estes homens que monopolizaram o caminho a verdade e a vida. Em meio a caminhada se apoderaram de verdades, e estipularam pedágios para que o homem alcançasse a salvação e a graça de Deus.
Jesus estava dizendo que os lobos davam as mordidas e ofereciam o curativo. Quebravam as pernas das ovelhas e depois eles mesmo engessavam a coitadinha. Esses homens criam os monstros e então aparecem como os caça fantasmas. Essa raça de víboras, estes lobos, estas arvores ruins estarão do lado de fora!!!
Graças a Deus.
Lá de fora tentarão espiar o que está acontecendo lá dentro, e verão os mais humildes, os mais rejeitados, os que tinham fome, os que tinham sede, os mansos, os coitados, os entristecidos, alguns chorões, pulando de alegria na presença de Jesus.
Infelizmente os homens esqueceram que quem é capaz de santificar o homem é Jesus e não algum concilio como alguns pensam. Naquele dia, todos os homens sentados nos tronos deste mundo irão se surpreender ao saber que passaram uma vida dizendo: Senhor, Senhor, e jamais foram conhecidos por Ele.
O desafio do homem é mais do que conhecer a Deus, mas sim ser conhecido por Ele.
O homem que e conhecido por Deus é porque satisfez a expectativa e a esperança que sobre ele Deus colocou.
Por fim é isso.
Acho que esta viagem dentro dos falsos profetas pode render algum entendimento sobre a realidade que vivemos.
Espero que tenha surtido algum efeito prático na vida de quem se aventurou a perder 8 minutos do seu disputado tempo.
Até mais!
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