O ódio é impermeável. Nada penetra
nas profundezas de quem está tomado pelas agruras deste mal. De certa forma, o
ódio torna o ofendido escravo do agressor, posto que, o ódio centraliza o
pensamento, a energia, a consciência, a mente, o coração, o espirito e a alma
da vitima em redor da ofensa.
Uma vez que a raiva não é degenerada
através do perdão, ela se torna o altar que todo homem precisa para poder
justificar sua própria maldade. Os agredidos, então cultuam o agressor para continuar
vivendo odiosos com a justificativa melancólica que outrora foram ofendidos. Os
feridos e machucados encontram no agressor o motivo de todas as suas angustias,
tristezas, ruinas, depressões, e de certa forma, centralizam no mal uma forma
de se sentirem melhor.
Qualquer ofensa não sobrevive no
coração humano se somente acontecer no externo mundo das palavras. Ela somente
irá existir de fato, se alcançar o interno universo do coração.
As vítimas não suportam a ideia de
não penalizar o mal com o mal, até porque, escravizados no desejo de vingança, jamais
poderiam justificar o mal que neles está, sem o mal que um dia lhes foi feito.
A prova disso é que milhares de
pessoas continuam odiando outras pessoas, mesmo depois que elas morrem. Eles se
libertam do ser, do agressor, da objetividade, mas não conseguem ser livres dos
seus próprios males subjetivos, geridos e gerados por si mesmos, através do
culto e do cultivo de um culpado para todos os seus problemas existenciais.
Aquele que permite o ódio habitar
dentro de si com justificativas é mais mal do que o próprio mal. Quem encontrou
justiça em odiar não sabe tamanha injustiça que promove.
Injustiça esta que vem de berço,
pois não existem maiores males do que aqueles que se alimentam entre irmãos,
pais com filhos e mães. Infectados pela maldade de um pai violento, de uma mãe
omissa, os filhos se perdem entre as drogas, abandonam os estudos, se entregam
ao crime, tornando a vingança um mal em si mesmo.
De certa forma, o ódio é um suicídio,
porque na angústia de atingir o outro, o homem mata a si mesmo. Na ânsia de
agredir o agressor, acaba por ferir sua própria consciência.
Bom é o conselho divino em
retribuir ao mal com o bem, visto que, o bem é o antibiótico para qualquer
sentimento humano. Sem reciprocidade, tudo que é ruim desaparece, e tudo que é
bom prolifera, pois, não é a recompensa o foco de quem ama, mas a natureza do
seu próprio ser.
Jesus tinha motivos para condenar,
mas escolheu absolver. Se aquele que tinha
justiça suficiente para odiar amou, devo rever meus conceitos. Não cultue o chefe
opressor, não endeuse a dificuldade financeira, não se vitimize ante a um pai injusto.
Estes podem ser no máximo obstáculos da vida. Não os transforme em desculpas
esfarrapadas do seu fracasso moral, mental e psicológico.
Cristo libertou o homem das gaiolas
do medo e da injustiça, mas nem todos podem viver a liberdade e a variedade de sentimentos
e aventuras de uma floresta. Grande parte destes libertos retorna para gaiola um
tempo depois, visto que, para viver em liberdade, é necessário coragem. Quem
ama bate as asas e voa alto, quem odeia vive num puleiro comendo alpiste.
Voe no amor. Do contrário estará para
sempre preso no ódio.
Causeway Bay 10/04/2013
Carlos Augusto Bertoldi 21;34 Hong Kong
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