terça-feira, 23 de abril de 2013

Quem sou eu?


Descobri que na vida tudo brota de dentro para fora. Desde a raiva ou o desgosto por alguém, até o amor e a admiração. Muito embora, as pessoas pareçam ser boas ou más, é o ponto de vista, o ângulo, o entendimento e a interpretação que nos leva a admirar ou a simplesmente ignorar.

Isto é fato, pois a beleza é ponto de vista, até porque os feios encontram aqueles que os achem lindos.  Neste mundo existe espaço para os chatos, inconvenientes, para os infelizes, para os amargurados, para os homossexuais, para os bissexuais, e até para os trissexuais. (já vi de tudo nesse planeta)

Sábio foi Jesus quando disse que o que está fora do homem não o influencia a ser melhor ou pior, mas aquilo que habita em seu próprio coração. Nós, digo todos, sem exceção, sofremos terrivelmente de um problema interpretativo, visto que grande parte das nossas conclusões e achismos estão errados.

Logo, pode ser que a grande parte da feiura que enxergamos neste mundo não seja de fato uma reprodução exterior, mas apenas uma imagem interior que se desloca para fora. Talvez a maldade não esteja antes nos lábios de quem fala, mas nos ouvidos de quem ouve. Somos pessimistas do ponto de vista intimo, por isso é certo relembrar o antigo provérbio, “a maldade está nos olhos de quem vê”.

Enfim, vendo este embaralho humano em discernir aquilo que é humano e racional, entende-se este emaranhado espiritual religioso que vivemos. Se nas relações humanas somos um fracasso, seria hipocrisia afirmar que temos um elo mais profundo com o sagrado.

De fato, entre todos os achismos que o homem tentou desvendar, muitos não passam de pequenas perspectivas humanas. A interpretação bíblica por exemplo sempre foi um fiasco, visto que nela já se matou, torturou, enricou, lucrou, abandonou. O cristianismo fez surgir a cada século um deus, um cristo, um nazareno do ponto de vista adequado para o momento. Ontem um Jesus branco para os Senhores de Engenho. Antes de ontem um cristo institucionalizado, impensante, ditador, inquisitor e dono de um planeta quadrado. Hoje um deus empresário, empreendedor, facilitador, rico e capitalista.

O tempo e as épocas construíram seus deuses, suas fórmulas, suas ideias. De acordo com a interpretação humana do que seja o certo, estamos caminhando para um buraco existencial de querências, angústias, tristezas e demandas de um mundo moderno voraz, sensual e caótico. Precisamos desesperadamente de um RESET.

De certa forma, os problemas estão dentro, e as soluções fora. Deveria ser o contrário.

Estou tentando nadar contra minha própria maré existencial religiosa para criar em minha mente e no meu coração um mundo melhor. Olhar as pessoas sem a maldade que me cabe, nem a vida com a dificuldade que tento lhe incutir. Guardo meus ódios para odiar a minha própria maldade.

Aviso aos meus amigos, que dependendo do ponto de vista, todos encontrarão motivos justos para não me amar. Tenho defeitos e muitos.

Não peço nada, a não ser que eu não seja a imagem refletida da sua maldade, nem mesmo a rasura das suas próprias imperfeições. De fato, seremos melhores quando pararmos de editar as pessoas como se elas fossem filmes. Essa é a nossa ficção que cria as pessoas de acordo com o ângulo que as percebemos. Esta é a nossa arte que cria álibis para aquilo que sentimos.

O mundo será mais mundo quando a imagem que existe dentro de cada um for transformada em verdade, de modo que tudo que exista fora seja apenas o reflexo daquilo que está do lado de dentro.

Se você me odeia, talvez o pior mal não esteja em mim.
Se você me ama, o maior beneficiado não sou eu.
Eu escolhi amar...

Com amor,

Causeway Bay 21;36 Hong Kong 23/04/2013

Carlos Bertoldi  

Nenhum comentário:

Postar um comentário