Nestes últimos dias estive entretido em meio a um texto bíblico. No meio daquelas letras meio criptografadas, Jesus dizia ser uma porta. A função exclusiva de uma porta é restringir a entrada, assim como identificar quem entra. Assim as empresas fazem com seus funcionários, os colégios com os estudantes. Para entrar por ela é necessário uma chave, um crachá, um cartão magnético, ou ser reconhecido pelo porteiro. Embora nem todas as pessoas possuam as credenciais da fé, o desejo das pessoas é entrar em lugar de paz e descanso. O anseio humano moderno cheio de demandas e tristezas é entrar num ambiente divino espiritual, verdadeiro e profundo. O próprio Jesus havia pedido aos homens que se esforçassem para entrar pela porta, porque muitos até procurariam, mas poucos entrariam. (Lucas 13;24)
É inevitável que isso aconteça. Num vestibular concorrido, muitos estudam, mas poucos passam. Na busca por um bom emprego, muitos mandam seus currículos, mas poucos são contratados. Nenhuma porta deste mundo se abre sem esforço e dedicação. Todas elas nos tiram o sono e nos roubam a atenção. Jesus Cristo é a única entrada que achamos que se abrirá fruto da inércia. Esta Porta estreita permite a uma parcela de pessoas desfrutarem de um recinto profundamente divino e verdadeiramente espiritual. Embora todos nós estejamos diante de portas, nem todas as maçanetas irão se abrir. Por isso pulam-se janelas, esgueira-se frestas ou penetra-se pelos porões. De alguma maneira buscamos soluções caseiras para nosso infortúnio espiritual. É verdade que todos os caminhos nos levam para dentro de um lugar espiritualizado, entretanto, o grande problema não propriamente entrar, mas sair e encontrar.
Na continuidade, Jesus fala que entrando por sua Porta, nós iriamos entrar, sair e achar. Estes três verbos demonstram a liberdade de quem conhece e vive a realidade de ser uma ovelha. O homem que vive através de Jesus, não vive em mosteiros religiosos, trancafiado no “pode” e “não pode”, mas é chamado a sair e a encontrar. Parece-me que o desejo de Cristo é ser desvendado, é ser aberto, é ser encontrado. Nenhum Rei trouxe tamanha liberdade ao seu povo. Nenhum Rei largaria a maioria das suas noventa e nove ovelhas para buscar uma desgarrada e desobediente. Jamais um Rei permitiria seus súditos saírem dos palácios e viverem livres.
Ser um lobo, não significa propriamente ser mau, basta ter pulado a janela. Basta não ter as chaves e o reconhecimento do porteiro. Quem usa o místico mundo das espiritualidades e religiões adentra na fortaleza e nos muros do pensamento. Vivem como se estivessem livres, mas na verdade estão presos. As ovelhas, no entanto, são chamadas a procurarem pastagens, e vivem como se estivessem presas, mas na realidade estão livres.
Quem vive a realidade divina sem Jesus, está procurando algo. Entrou e saiu de vários lugares, mas ainda não encontrou um gramado verdinho. Neste mundo existem mercenários fazendo negócios. Traficantes da fé e do coração estão espalhados. Quando o lobo da morte se aproximar, estes mercenários irão fugir. Se o Senhor é Pastor, logo, nada faltará, e, isso quer dizer que entrar pela porta estreita retira do homem as angústias, os anseios, as faltas. Muito embora alguns pensem em riqueza, o nada faltará, se reflete de dentro para fora. É um contentar divino que toma o coração daqueles que penetram na mente de Cristo e entram neste recinto estreito e selecionado de pessoas que compreenderam que Deus é tudo.
Se você é espiritual, místico e religioso, mas ainda perde o sono tentando destrancar as portas da felicidade e da riqueza, algo está errado. Nada faltará nas pastagens divinas. Ali está a plenitude deste mundo. Ser uma ovelha é ter um Bom Pastor, porque na vida todos até entram e saem, mas nem todos encontram.
Jesus é a porta, o resto é parede. (Anônimo)
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