segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Meu ateísmo cristão

Ao observar os melindres religiosos na personalidade humana, alguns homens lúcidos começaram a questionar esta violência a inteligência humana. Passaram a defender os valores humanos, racionais e relacionais e, de alguma forma, promoveram um novo olhar ao pensamento místico. 

O intuito dos ateus sempre foi devolver ao homem a serenidade que a religião roubara. 

O cenário de corrupção social, política e religiosa fundamenta que o homem não tenha sido evolução de larvas, mas de algumas bactérias que habitam no intestino. 

Algo está errado, e diferente do que se pensa, o maior problema da razão humana não é discutir a origem do homem, mas no que ele se transformou. Este é um ponto que deveria se refletir.  

O culpado seria Deus, mas na verdade, são seus supostos filhos, discípulos, mestres e apóstolos. São eles que geram indagações. Esta suposta "imagem" de Deus que deveria reluzir graça e luz, entendimento e paz, é na verdade a sombra de um vale que lembra vergonha e medo, raiva e dor. 

A imagem e a semelhança daqueles que estão aos "pés da cruz" não refletem o sorriso e a humildade descritas na Cruz dos quatro evangelhos. Estão, no entanto, atolados em dívidas e suas vidas se resumem em cumprir interesses comerciais e políticos. A dúvida a respeito da existência de Deus não se iniciou por causa da invisibilidade do Criador, mas por causa da perversidade dos "filhos".

Aliás, a maioria dos céticos, na verdade, não descreem em Deus totalmente, apenas não acreditam nestas manifestações divinas que as pessoas possuem. O ateísmo é como que um mecanismo de defesa desenvolvido pelo homem, para se proteger da irracionalidade emotiva da religião.

De fato, sou um ateu fervoroso diante deste deus que precisa ser carregado pelos ombros. Não acredito que Deus pode ser exemplificado, lapidado ou desenhado pela imaginação humana ou pela habilidade de um artesão. 

Este diminutivo divino revela o deus cultural segundo nossa própria imagem, ideia e pensamento. Esta divindade proveniente dos nossos costumes é apenas um simples intelectualismo místico realizado a partir do homem, e não de Deus. 

Ele não existe, mas vive através da força do pensamento tradicional.  

O homem descobrirá daqui mais alguns anos ou séculos, que os ateus eram mais espirituais do que os religiosos. Enfim, Deus não é o reflexo da imagem do homem. Foi a falta da imagem Dele cravada em nosso coração e de seus reflexos benignos em nosso ser, que nos levou a tentar desenhá-lo em pedaços de madeira ou gesso.

Se Deus decidiu ser invisível, porque tentar materializá-lo?

Ele vive na invisibilidade sutil daqueles que caminham na verdade e no amor. O resto é crendice ou loucura, mercado sagrado ou pura invenção religiosa.
 
 
 

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