A segunda guerra mundial foi
terrível. Se a Bíblia fosse escrita neste período, os autores iriam chamar o inferno
de campo de concentração e consolo de trincheira. Não existiu um vencedor, nem
tampouco um perdedor. O mundo foi terrivelmente devastado por uma onda de
racismo, separatismo e ideologias que infelizmente o homem ainda não conseguiu
se libertar.
Muito embora a guerra tenha
acabado, o mundo ainda está em chamas. A ideia hitlerista de poder e
separatismo ainda reina, muito embora esteja oculta no coração.
Este mundo cheio de tecnologias e
belezas, não parece, mas é o retrato dos escombros daquele homem que vivia nas
trincheiras carregando rifles e dirigindo tanques de guerra. É o reflexo em
terno e gravata do racismo e de muitos outros ismos que é a sociedade moderna.
Ainda existem muitas espécies de “judeus” sendo mortos simplesmente por sua
existência. Ainda triunfa o espírito separatista que concentra ideias e
pessoas, achismos e pensamentos. Somos “paneleiros” por excelência,
separatistas por afinidade, torturadores por natureza. O ser humano é uma
metralhadora infernal com material bélico o suficiente para destruir qualquer
coisa, inclusive seus amores. Basta um motivo que inocente a culpa para que o
disparo do ódio alcance o alvo da raiva.
No espirito hitlerista, o outro,
não é apenas um simples semelhante, mas um severo concorrente. Nesta guerra
emocional financeira do século XXI, até mesmo o motorista do carro ao lado é um
potencial destrutivo. A guerra interior que vivemos não é somente fruto de um
ódio internalizado, mas da incapacidade humana em lidar com a discordância, ou
simplesmente com a barbeiragem de alguém.
Muito embora as cidades não estejam
sendo bombardeadas, o homem jamais viveu em toda a sua história momento mais
trágico e complicado. A sociedade moderna está vivendo severos danos
psicológicos e mentais irreversíveis, característico de soldados das frentes de
batalha.
A enormidade de pessoas que
prendemos nos campos de concentração das nossas ideologias morais superam
Hitler, Mussolini e Stalin. Entre os arames farpados dos nossos ódios
separatistas, existem guetos, campos, infernos,
grupos. Para lá do muro os homossexuais, os mendigos, os pobres, os doentes, os
filipinos (povo extremamente rejeitado pelos chineses), os deficientes. Para lá
os concorrentes, os corintianos, os diferentes, os “judeus”.
Alguns homens disseram que o
holocausto não existiu. Esta parece ser a mais vil ou quem sabe, insana maneira
de lidar com nossos problemas existenciais. Melhor é dar sumiço a essas
verdades, do que se render a convicção da nossa condição pobre e desgraçada de
viver a vida.
Não separe. Não julgue. Não
mediocrize. Não mate. Não guerreie. Não discrimine. Retire o arame farpado do
pensamento, porque nem a beleza, nem a cor da pele, a altura ou a escolaridade.
O sobrenome, a marca da roupa, o modelo do carro ou a religião. Nem o penteado,
o piercing, o sexo, ou a profissão é relevante para definir alguém.
Hitler ainda estará vivo enquanto o
homem viver a competição pelo poder e pelo dinheiro. Ele será uma religião, um
cristo, um espirito. O vislumbre mais perfeito daquele, cujo coração foi
pacificado pela graça do amor de Cristo é viver segundo o Espírito de Deus, no
qual a alma repousa na sossegada mansidão do amor que perdoa e no bom humor que
sequer buzina.
O fim de uma guerra não se sela com
uma bomba atômica, mas com um aperto de mão.
Hong Kong, 16/12/12. Domingo,
Causewaybay
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