segunda-feira, 6 de agosto de 2012

China: reflexões de um viajante

As mudanças são provocantes. Todos querem sair da rotina, mas ao mesmo tempo, amam a repetição diária de momentos e das mais simples atividades. Os nenéns que o digam. Eles dependem da rotina, do mamá, do soninho. Talvez cresçamos acostumados com isso. Nós somos rotineiros e repetitivos, e na verdade, esse é o habitat mais confortável que podemos construir.
A minha vida nunca possuiu muitas rotinas. Sempre foi envolta de mudanças repentinas que destroem todo e qualquer mecanismo diário. Elas sempre aconteceram da noite para o dia, ou da manhã para a tarde. Assim foi para Grécia, para Fortaleza, para Pelotas, para Itu. Quando mudamos para Hong Kong no extremo sul da China, há exatamente um mês atrás, eu estava no fisioterapeuta, em Curitiba, às nove da manhã de uma terça feira. Uma simples ligação e, nove horas da noite eu e a Márcia já estávamos em São Paulo embarcando para o Oriente. Arrumamos as malas, nos despedimos de quem foi possível, nos abraçamos e, com uma simples oração, fechamos a porta do apartamento.
Ficaram amigos, família, momentos e o meu obediente e fiel cãozinho, o Leopoldo. Dentro do avião, ainda pairava sobre nossos pensamentos uma centena de dúvidas. Em dois dias deixamos as certezas, as facilidades, os confortos e mergulhamos num mundo novo, sem saber onde fica, como faz, aonde vai, como resolve. Entretanto, nestes novos mundos que descortinam a vista, tudo ganha mais valor, mais grandiosidade, mais verdade. As amizades são profundamente importantes. Tudo parece receber a importância que verdadeiramente possui, mas que deixamos se perder dentro de nosso tão distraído coração.
Muito embora, todas estas mudanças apresentem inúmeras dificuldades, são nas mesmices que os maiores imprevistos acontecem. As rotinas que facilitam e acomodam, são as mesmas que destroem e entristecem.
Se não houver inteligência, a vida se transforma num chiclete que perde o gosto e cor na medida em que se masca. O desafio é não permitir que a vida confortável, se transforme em desinteressante. Que as coisas boas, ao serem repetidas, não fiquem monótonas. O desgaste somente acontece para aqueles que mascam a vida, sem entender que a vida é saboreada com amor e paixão.
As mudanças e as descobertas diárias permitem o entendimento que, grande não são aqueles que se adaptam a viver coisas e mundos novos, mas aqueles que sabem conviver com alegria as mesmices rotineiros do dia a dia.  

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