terça-feira, 5 de junho de 2012

O casamento em guerra


Este momento urbano cheio de negócios e interesses contemporâneos não estancou nossa mais básica necessidade. Queremos uma noite tranquila de sono e um amor para debruçar nossos sentimentos. Numa dessas conversar informais, um amigo dizia que a causa da separação de seu amor tinha muito a ver com o fim da paz. O casamento havia se transformado numa guerra.

As relações estão nessa variável que vivencia algumas guerras. O amor não é capaz de impedir as diferenças e até mesmo as discussões, mas é suficientemente grande para soluciona-las. A maior parte dos conflitos é uma consequência ardente e direta do desejo de conquistar o território do outro. As maiores guerras mundiais surgiram na cabeça de alguns líderes que desejaram dominar o mundo. Talvez isto seja abstrato, mas a vaidade a concretiza. Ao amor existem muitos concorrentes. O orgulho, o pior deles, estabelece estes conflitos diários que tornam concreto nossas idiotices não reveladas. A ansiedade de domínio absoluto é o que leva os amantes para dentro do ringue. Geralmente as pessoas lutam tanto por um amor, que o imobilizam como se os sentimentos estivessem em cima de tatames. Ninguém que vive esta realidade é feliz. Sente-se alegre somente quando soa o gongo dos intervalos.  Melhor é o alivio da distância do que as fagulhas do aconchego. O silêncio e a tranquilidade dos casamentos modernos, em sua grande maioria, não significam o fim da guerra. São apenas raros momentos de trégua.  

Para quem deseja ardentemente dormir um sono leve sem medo de ser atingido por um tiro amigo, precisa levantar a bandeira branca. O amor não domina, mas se entrega voluntariamente. O amor não toma os espaços e territórios do outro, mas é invadido totalmente por quem se ama. Ele decreta paz, porque não se importa por vitórias. Jesus, quando decidiu enviar sua maior mensagem de amor, se entregou totalmente. Seus braços abertos na cruz, revelou seu mais profundo sentimento. Ele abriu mão da influência popular suficiente que tinha para realizar um grande motim. Morrendo naquela cruz parecia o mais vil dos derrotados, mas na verdade foi o mais heróico dos vencedores. A paz é fruto deste amor que perde, mas que na verdade vence. O verdadeiro amor está sempre de braços abertos, nunca de punhos em riste.  

Quando a vida se torna em uma guerra, tudo fica desconfortável. Quem vive nas trincheiras, troca a cama quentinha pelo sofá duro. No desejo bruto e irrefletido de alcançar paz, a solução vai para os tribunais. Crianças e revólveres para um lado, talheres e munições para o outro. Eis a melhor forma de não haver vencedor, nem perdedor. Para quem não sabe perder, melhor empatar. Para quem não consegue a harmonia, resta despedidas.

O amor? Seu maior legado é a paz. Seu maior fruto é o sono acalentado pelas boas lembranças. Quem ama não precisa de mais nada para ser feliz, pois o amor proporciona gratuitamente, o que o mundo tenta desesperadamente comprar com dinheiro.

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