Diante de todo este caos que se instalou no Japão e de certa forma no mundo por causa do iminente alerta nuclear minha mente andou vagando desesperada por este mundo afora.
A queda de um avião, o descarrilamento de um trem, uma explosão nuclear, uma tsunami, um terremoto, são tragédias que chamam a atenção do mundo. Esses grandes eventos catastróficos são tristes, entretanto existem outras milhares de tragédias pelas quais estão acontecendo neste momento que não dão muito ibope nem vendem muitos jornais.
Ao final de cada dia ocorrem dois terremotos de fome semelhantes ao que vimos no Japão e acompanhados de ondas gigantes que matam cerca de 24.000 pessoas por dia.
Todos os dias vários aviões da AIDS caem simultaneamente matando cerca de 6.000 pessoas, e deixando cerca de 8.200 feridos ou melhor, infectados.
Cerca de 33,9 milhões de pessoas no Brasil estão sem teto, porque suas casas foram levadas pela tsunami da desigualdade, da corrupção, do analfabetismo, da má distribuição de renda e da falta de oportunidades, mas sequer estamos comovidos com isso.
Cerca de 6 milhões, isso mesmo, 6 milhões de crianças no mundo morrem antes de completar cinco anos pela explosão nuclear da inanição, entretanto, não há nenhuma força mundial atuando e discutindo severamente este caos.
O mundo está mobilizado com o Japão, e digo isso com lágrimas, então porque o mundo não se comove com a fome da África e com a Miséria Latina?
Nunca ter vivido a experiência das ondas da fome e dos tremores da pobreza, deveriam produzir em nós o desejo ardente de realizar algo a respeito dessas questões, entretanto, esta nossa inexperiência causa em nós apatia e descaso.
A grande verdade é que existe uma parcela de pessoas que não serão atingidas pelas catástrofes que a “natureza” desta vida proporciona, por isso não precisam desprender suas vidas e seu intelecto nesta causa. A nossa individualidade busca soluções para as demandas pelas quais estamos inclusos, e a pobreza, a miséria, e a fome não são assuntos muito importantes para mim e para você, porque não trarão benefícios diretos para nós.
Foi uma grande tragédia o que aconteceu e está acontecendo no Japão, e muitos ousam dizer balançando as cabeças, “O mundo está acabando!” O mundo está tremendo faz tempo, entretanto, estamos vivendo muito longe do litoral desgraçado da pobreza, onde todos os dias existe um tsunami matando pessoas como eu e você.
Realmente a natureza causou uma grande desgraça no Japão, mas ainda acredito que as ondas e os terremotos que os homens causam são muito piores do que quando a natureza decide acordar.
A corrupção, a fome, o comercio de armas, a pobreza, a AIDS, o tráfico, as cartas marcadas, as drogas, por acaso não acontecem todos os dias?
Este terremoto manipulado pelo homem está nos levando para uma morte anunciada, porque está provocando uma tsunami que engolirá até aqueles que acham que estão a salvos em seus condomínios fechados.
Não tenho o desejo de subestimar a tragédia japonesa de forma alguma, mas de trazer novamente ao homem a realidade pela qual ele mesmo criou. As vezes ainda acreditamos que o acaso, Deus, ou a natureza sejam os causadores de toda a desgraça do mundo. Quero lembrar ao homem que eu e você somos agentes causadores de desgraças todas as vezes que depositamos no governo a responsabilidade que todo homem deveria assumir. Quando a graça do amor invade o coração humano, vemos cenas impressionantes de pessoas que desprenderam suas vidas em prol do próximo, e isso nos emociona, porque na verdade, em nosso ser há uma voz que clama pela justiça, e justiça feita pelas nossas próprias mãos.
Enquanto você lia este texto mais de 20 crianças morreram de fome no mundo. A terra está sob a sombra de uma iminente desgraça. Embora não tão comovente quanto uma queda de avião cheio de empresários franceses e ingleses estamos vivendo esta realidade.
Todas as vezes que o homem se predispõe a sentir a dor do próximo, as ondas cessam, os ventos param, os tremores terminam, e essa atitude desencadeia um mundo melhor!
O seu próximo talvez seja a sua esposa e você jamais tenha pensado nisso. O seu próximo quem sabe não seja um mendigo, mas o seu próprio filho que clama por graça em meio às desgraças que vivem nossos jovens nestes dias. Alguns encontraram seus próximos nas favelas, outros na África, e alguns nas esquinas. Uma coisa é certa, cada homem possui um alguém para chamar de próximo, e quando isso não acontece, a vida perde o sentido.
Quando a graça que existe em nós não age sobre a desgraça que existe no mundo, continuaremos a ver o chão tremer e as ondas matarem milhares de pessoas a cada dia.
Encontre o seu próximo. Ele está na esquina fumando maconha, ou assistindo TV do seu lado neste momento.
Será que podemos fazer algo para ter um mundo melhor?
E se todos pensassem assim?
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