domingo, 23 de novembro de 2014

Empurrando os portões

Semana passada o João Pedro queria muito abrir um portão pesado. Ele fazia toda força com seus bracinhos, mas na verdade quem empurrava o portão era eu. Ele estava todo empolgado olhando para mim como que se estivesse dizendo: “você está vendo papai, eu estou empurrando este portão pesado!” Eu todo orgulhoso respondi com um olhar de entusiasmo dizendo: “Isso mesmo filhão, você consegue!”.

Foi maravilhoso sentir aquilo. Em nenhum momento desejei que ele soubesse que por trás da sua aparente força estavam meus braços. Não revelei a ele que minhas mãos estavam movendo aquele portão. Fiquei feliz somente em saber que ele estava empenhado em fazer e feliz em conseguir.
Eu senti Deus naquele instante em minha vida.

Percebi então que, Deus está para mim em minha vida, como eu estou para meu filho naquele portão. São as suas mãos que desemperram, movem, realizam, empurram. Quando então, olho para o alto e desejo mostrar para Deus algo que acredito ser um grande feito, ele apenas sorri dizendo: “viu só, você consegue meu filho!”
Eu poderia empurrar aquele portão sozinho. Deus poderia fazer o mesmo com o Universo. A ajuda do meu filho era desnecessária. A minha participação no infinito de Deus é ridícula. No entanto, a maior alegria de um pai é ter o filho próximo, participante, alegre.

Eu abro portões a minha vida inteira. Poderia continuar abrindo sem a ajuda de ninguém. Mas ver a alegria do meu filho em participar comigo tornou aquele momento especial e digno de ser fotografado em minha memória.
Estou emocionado em escrever estas palavras. Meus olhos se enchem de lágrimas em saber que Deus é Pai, e me faz participante dele neste Planeta que, para Ele pode ser apenas um portãozinho insignificante, mas para mim é um mundo extraordinário, cheio de portas e portões, pelos quais sem Ele nada é possível acontecer.

Um dia, meu filho pode acreditar ter “forças” para empurrar os portões de sua vida. Anseio que isto nunca aconteça. Desejo que ele se enxergue fraco e pequeno para sempre, pois assim, será grande e forte de fato. Ele compreenderá, na medida em que caminhar, que nada nesta vida é realizada pela força do braço de um homem, mas pelo poder de Deus manifestado pelo amor.
Em um mundo onde somente os forte sobrevivem, reconhecer fraqueza é a mais profunda manifestação de fé, devoção e convicção no Deus que não somente abre as portas, mas é A PORTA.  

Com amor,
Carlos Bertoldi
Curitiba – água verde 14:43

23/11/2014