domingo, 2 de dezembro de 2012

Um escândalo chamado Jesus


Jesus é um escândalo. (Lucas 2;34) Para os religiosos foi o maioral dos demônios, o Belzebu, (Mateus 12;24) para os discípulos um fantasma (Mateus 14;26) que caminhava por sobre as aguas. A nossa religião supostamente cristã não suportaria nem um dia da vida de Jesus. Sua conduta nos casamentos traria indignação. O clero pastoral evangélico iria oficializar uma carta de repúdio pela transformação de água em cerveja. A CNBB iria condenar um Jesus que não fosse submisso ao Papa, nem fosse natural de outra região, a não ser Roma. A sociedade até então, maravilhada com os milagres, iria pegar em pedras, quando este Jesus fosse visto na companhia dos mendigos e conversando com os homens mais corruptos. Desconfio que aquele que convidou Zaqueu para almoçar, hoje, chamaria Renan Calheiros para jantar e depois faria uma visita a José Dirceu.

 Os religiosos estariam dentro das igrejas repudiando este falso Cristo criando campanhas de santidade e moral religiosa. Que grande escândalo seria caminhar entre nós a personalidade e a inteligência de Deus. Que grande contradição viveria o cristianismo se ficasse ante a insondável graça e o amor de Cristo.

O Cristo não seria cristão. Ele olharia com curiosidade para as imagens e as esculturas de um homem louro de olhos azuis. Ele sequer iria perder tempo escutando o monótono e chato culto religioso decoreba de credos, canções e orações. Ele estaria mais preocupado com a verdade presente em um único homem, do que na hipocrisia interesseira de milhares.

Os corruptos, acalentados pelo seu amor, se tornariam seus seguidores. Os religiosos, zelosos pelos bons costumes das leis cristãs, seus perseguidores. Aqueles se reuniriam aos pés do mestre para aprender, enquanto estes tramariam uma forma de elimina-lo.

Ele seria assassinado se tivesse nascido na pré-história ou na antiguidade. Ele seria morto no período medieval ou em nossos dias num atentando religioso terrorista em nome de Deus.

A mente religiosa, mesmo que cristã, não suporta a contradição do verdadeiro Cristo.  Nós, certamente libertaríamos algum Barrabás em seu lugar. É isso que fazemos grande parte da vida. Libertamos tudo que existe de mais vil e perverso para aprisionar todos os sentimentos mais nobres e maravilhosos. Vivo está aquilo que mais nos amedronta. Morto está aquilo que mais nos preenche. Que grande contradição é ser cristão, mas não precisar do Cristo. Isto é o cristianismo!  

“Eis que este menino está destinado tanto para a ruína como para o levantamento de muitos e para ser alvo de contradição”. (Lucas 2;34)